A destinação correta de resíduos eletroeletrônicos
Em levantamento realizado em 2021 pela Radar Pesquisas para a Green Eletron, o Brasil encontra-se na 5ª posição entre os maiores produtores de lixo eletroeletrônico do mundo. Só em 2019, a indústria nacional gerou mais de 2 milhões de toneladas dessa classe de resíduos. Desse total, apenas 3% foram reciclados. Devido à emergência em alterar esse cenário, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) regulamentou, por meio do Decreto Federal nº 10.240/2020, as normas para a logística reversa dos eletroeletrônicos.
Os resíduos de equipamentos eletroeletrônicos (REE) são produtos que geram eletricidade, ou que são abastecidos por energia, despejados na natureza por não terem mais utilidade. Incluem-se nesse grupo de mercadorias as pilhas, as baterias, os celulares, as torradeiras, as geladeiras, as máquinas de lavar, os aspiradores de pó, os computadores, as televisões, entre outros.
Enquanto os fatores externos não os alteram, eles não apresentam nenhum perigo. Porém, ao serem alterados pelo ser humano ou pela natureza, emitem substâncias tóxicas, como o mercúrio, o chumbo, o berílio, o cádmio e o cromo. A pesquisa aponta que 16% das mais de 2.000 pessoas entrevistadas descartam os eletroeletrônicos em lixos comuns – o que impede o recolhimento dos aparelhos nos pontos de coleta ou nas cooperativas de reciclagem, levando-os diretamente aos lixões e aos aterros sanitários da cidade.
Contudo, a composição deles é majoritariamente tecnológica. Logo, após o reprocessamento, são extraídas matérias-primas, como a platina, o ouro, o cobre, o alumínio, o nióbio, o cobalto, o silício e mais de 20 outros elementos que a indústria poderá reutilizar na fabricação de novos produtos. Acostumou-se a chamar essa ideia de economia circular, ou “do berço ao berço”, que consiste na reutilização contínua dos produtos tóxicos.
Dessa forma, o mercado substitui o tradicional modelo de “consumo linear”, em que a relação entre a indústria e o objeto termina na compra inicial, para um modelo voltado ao reaproveitamento e à criatividade ao pensar novas formas de transformar os resíduos em materiais úteis. Assim, por meio de apenas um processo, resolvem-se duas questões: a segurança e o desperdício.
Na visão da diretora administrativa da Zorzin Logística, Gislaine Zorzin, “antigamente, os debates sobre a conscientização ambiental eram vistos como algo à parte do desenvolvimento da economia. Hoje, percebo um aumento expressivo no interesse sobre esse tema nas empresas com as quais trabalhamos e cujas cargas químicas ou perigosas transportamos. É bom ver que há uma mudança nessa mentalidade, ainda mais com um tipo de mercadoria com tanto potencial para ajudar as empresas, mas que também é capaz de interferir para sempre na saúde dos homens e dos animais”.
A gestora enxerga um interesse por parte das transportadoras em incluir a logística reversa de eletroeletrônicos nos seus serviços, apesar do tempo e dos recursos necessários para implementá-la. “Toda mudança demora a ser internalizada e aperfeiçoada, mas pequenas ações já fazem bastante diferença e dão o empurrão necessário para incentivar o que pode ser um futuro surpreendente. Por isso, fizemos questão de estruturar, junto à nossa área de tecnologia da informação, um sistema de recolhimento e de seleção dos equipamentos eletrônicos não utilizados, mas com peças ainda utilizáveis, e as armazenamos para utilizarmos em outras máquinas”, complementa Gislaine. Em casos de descumprimento das normas instituídas pelo decreto, as empresas serão multadas em valores que podem chegar a R$ 50 milhões.
Dependendo do caso, também existe a possibilidade de as licenças e de as autorizações da empresa serem suspensas, o que evidencia a importância de reforçar a dimensão da situação aos empreendedores, desde os donos de marcas bem-sucedidas até aos iniciantes no mundo dos negócios.
O próprio serviço de coleta urbana podia fazer a coleta seletiva de forma mais acessível.