Financiamento é peça-chave para o crescimento da energia solar no Brasil
Por Luca Milani*
Condição climática favorável, geografia privilegiada e busca na economia na conta mensal são alguns dos fatores que vem contribuindo para que a energia solar esteja em um momento de enorme crescimento no Brasil. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), mais da metade da capacidade elétrica adicionada à matriz do país até agosto veio de fontes solares. Além disso, o país superou a marca de 2 milhões de sistemas fotovoltaicos instalados em telhados, fachadas e pequenos terrenos.
Apesar das diferentes motivações, posso afirmar que existe um fator essencial que contribui para o aumento no número de aparelhos instalados: a possibilidade de financiamento para geração de energia solar.
Mesmo com o recente barateamento das tecnologias e equipamentos, o custo médio de um sistema fotovoltaico ainda é alto para a maioria dos consumidores brasileiros. O financiamento, portanto, surge como uma solução fundamental. Ele amplia o poder de compra do consumidor, permitindo que a aquisição do sistema solar seja acessível, sem comprometer demasiadamente o orçamento familiar ou empresarial.
O impacto do financiamento pode ser medido em números. Em 2022, o volume de financiamentos para geração de energia solar cresceu 79%, alcançando R$ 35,1 bilhões, segundo a Clean Energy Latin America (CELA).
Contudo, além de permitir a aquisição de sistemas fotovoltaicos sem o endividamento, o financiamento solar traz vantagens que vão além. Isso porque, o modelo tende a estruturar as parcelas de forma com que estas sejam equivalentes ao valor economizado mensalmente na fatura. Ou seja, é quase que uma simples substituição da conta de energia elétrica por uma parcela de financiamento. Em outras palavras, o financiamento permite ao consumidor trocar uma despesa fixa e recorrente por um investimento que trará benefícios ao longo dos anos.
Com o tempo médio de pagamento de cinco anos e uma garantia de 25 anos coberta pelas fábricas dos painéis, estamos falando de pelo menos duas décadas de economia direta no bolso do consumidor. Na prática, então, a substituição de um custo infinito (a conta de luz) por um finito e previsível (as parcelas do financiamento) transforma o financiamento em uma ferramenta estratégica tanto para consumidores quanto para o crescimento do setor. É a troca da conta por um investimento.
Há de se destacar ainda que a instalação de sistemas solares agrega valor aos imóveis, uma vez que oferece a redução, ou eliminação, de uma despesa fixa para futuros compradores ou locatários. Além disso, a escolha pelo abastecimento solar tende a transformar um espaço muitas vezes subutilizado, como o telhado de uma casa ou empresa, em uma fonte de retorno financeiro.
Diante de todo o panorama, o financiamento é peça-chave na desburocratização do acesso à energia solar. Em um cenário de crescimento contínuo e com políticas de incentivo cada vez mais fortes, as soluções financeiras nesse sentido desempenham um papel essencial para manter o mercado em expansão. Estamos diante de uma oportunidade única de se consolidar como referência global em energia limpa, e o crédito é o caminho para que mais consumidores possam fazer parte dessa transição.