Por Sidney Simonaggio*
Muito se tem falado e escrito sobre a necessidade de adequação da infraestrutura nacional. Há, de fato, muita coisa faltando e muita coisa obsoleta. Além disso, há que serem revistos os critérios construtivos da infraestrutura para se fazer frente às condições mais severas do clima global.
Temos gargalos em portos, aeroportos, rodovias, ferrovias, hidrovias. Temos sistemas de drenagem urbana superados nas grandes cidades e temos redes de eletricidade e de telecomunicações vulneráveis às tempestades. Hospitais e escolas estão desaparelhados e insuficientes em espaço.
Isso tudo representa o Brasil, ou seja, um país com necessidade de melhor infraestrutura.
Mas o que mais temos? Temos muita gente que poderia estar trabalhando para melhorar o país e, no entanto, está parada por não haver demanda. E as pessoas, por estarem paradas, não são capacitadas e, por não serem capacitadas, para nada servem, criando uma realimentação nefasta que deságua na contratação maligna do crime organizado.
Essa situação é paradoxal. Tanta coisa por ser feita e tanta gente sem fazer nada e, por isso, sem ter como se sustentar.
Como cenário tem-se um planeta em transformação política e econômica. A globalização que iria trazer o propalado desenvolvimento econômico ao mundo não foi plenamente eficaz, e agora começa a ser abandonada por países que avaliam internalizar seus esforços para manter seus cidadãos trabalhando.
Realmente abandonamos muitas coisas que fazíamos outrora e passamos a comprá-las de outros que faziam melhor e mais barato. Desaprendemos muitas ciências e ficamos desocupados e agora, como num jogo de futebol, os donos da bola a estão colocando debaixo do braço e ameaçando que não haverá mais jogo.
A meu ver, estamos diante de uma oportunidade imperdível por duas razões: porque ela é desafiadora e compensadora e é a nossa saída contra uma recessão mundial.
Devemos nos esforçar, abandonar as discussões inúteis e focar em descobrir formas de rompermos com o paradoxo que mencionei. De alguma forma, temos que olhar novamente para dentro de nosso país e conseguir aplicar a disponibilidade de tanta gente na realização de trabalho que construa a infraestrutura nacional.
Devemos reaprender as ciências, capacitar nossos cidadãos, reativar nossa indústria, enfim, devemos voltar a produzir.
É uma guinada difícil de ser feita, principalmente num momento em que politicamente discutimos somente tudo o que não gera riqueza, desde o planejamento estratégico para a conquista da próxima eleição até a lista interminável de direitos que cada grupo social demanda do outro grupo social.
Precisamos dar um basta a esse comportamento e colocar na pauta de discussões o crescimento econômico da nação.
Gostaria que o noticiário fosse pleno de reportagens alvissareiras de abertura de novas empresas, de descoberta de novos produtos, de inauguração de novas estradas e, enfim, de tanta coisa positiva que é o sonho contido em cada um de nós.

Especialista em energia com 45 anos de experiência no setor elétrico, incluindo atuação como CEO, COO, CRO, consultor e conselheiro de diversas empresas brasileiras do ramo, e contribuições significativas para o desenvolvimento e regulação da transmissão e geração de energia no Brasil.