Casas inteligentes já são uma realidade para milhões de brasileiros. Buscando conforto, eficiência energética e automação, consumidores têm recorrido cada vez mais a dispositivos como lâmpadas inteligentes, câmeras de segurança conectadas e sistemas de automação residencial. Segundo relatório da IMARC, o mercado brasileiro de smart home movimentou USD 2,68 bilhões em 2024 e deve ultrapassar USD 6,68 bilhões até 2033, crescendo a um ritmo anual de cerca de 10-11%.

Esse crescimento, no entanto, vem acompanhado de novos desafios: a privacidade e a segurança digital. Em 2024, diferentes análises globais identificaram vulnerabilidades em câmeras conectadas, alto-falantes inteligentes e até eletrodomésticos smart, que poderiam ser exploradas por cibercriminosos. Casos como gravações de áudio ativadas sem consentimento ou câmeras acessadas remotamente ganharam repercussão internacional, reforçando a importância de configurar corretamente os equipamentos.
Para orientar consumidores na adoção segura dessas tecnologias, Fabio Akira, gerente de Produtos de Eletrificação e Bens de Consumo da Elgin, lista recomendações práticas que ajudam a aproveitar os benefícios da automação sem abrir mão da privacidade.
1. Alterar senhas padrão e adotar credenciais fortes
A maioria dos dispositivos sai de fábrica com senhas genéricas, facilmente encontradas em fóruns de hackers. A primeira medida ao instalar qualquer gadget é trocar imediatamente a senha, usando combinações longas com letras, números e símbolos. Se possível, utilize senhas diferentes para cada dispositivo ou aplique um gerenciador de senhas.
2. Manter firmware e software atualizados
Fabricantes costumam lançar atualizações que corrigem falhas exploradas por atacantes. Em 2023, por exemplo, uma vulnerabilidade em câmeras IP deixou milhares de dispositivos expostos globalmente até que um patch fosse liberado. Ative sempre as atualizações automáticas ou verifique regularmente no aplicativo do fabricante.
3. Usar aplicativos oficiais e revisar permissões
O download de apps não oficiais aumenta o risco de invasões. Prefira sempre aplicativos do fabricante ou de lojas certificadas, verificando quais permissões estão sendo solicitadas. Uma lâmpada inteligente, por exemplo, não deveria precisar de acesso ao microfone do celular. Revise e limite as permissões sempre que possível.
4. Desativar recursos que não são usados
Sensores de voz, câmeras em espera ou notificações automáticas podem coletar dados mesmo quando o usuário não está interagindo com o dispositivo. Desativar essas funções reduz a exposição desnecessária de informações pessoais.
5. Isolar dispositivos smart em redes separadas
Configurar uma rede Wi-Fi exclusiva para dispositivos IoT é uma das práticas mais recomendadas por especialistas em cibersegurança. Isso significa que, se um dispositivo for comprometido, não terá acesso a informações sensíveis armazenadas em computadores pessoais ou de trabalho.
6. Adotar autenticação de dois fatores, quando disponível
Alguns hubs e aplicativos de automação oferecem autenticação em duas etapas. Esse recurso adiciona uma camada extra de segurança e ajuda a evitar acessos não autorizados mesmo que a senha seja comprometida. “A casa inteligente ideal alia autonomia, eficiência e respeito à privacidade. Quem usa dispositivos smart hoje busca controle e segurança, não apenas conectividade. É por isso que insistimos tanto na configuração correta: não basta adquirir a tecnologia, é fundamental garantir que ela seja usada de forma consciente. Privacidade e proteção de dados são pilares tão importantes quanto eficiência energética ou conforto. Essa combinação é o que realmente transforma a experiência em casa e dá confiança para que mais famílias adotem soluções conectadas”, finaliza Fabio.