O negócio é proteção

Dispositivos de proteção apresentam boas perspectivas de mercado, mas ainda é necessária uma mudança cultural no país no sentido de valorizar a segurança.

Destinados à aplicação nas instalações elétricas de baixa tensão, o disjuntor, o DR (dispositivo diferencial-residual) e o DPS (dispositivo de proteção contra surtos) apresentam índices satisfatórios de vendas no momento e perspectivas positivas de negócios para os próximos anos.

Sob o aspecto das normas técnicas que envolvem os produtos, esse mercado está relativamente bem organizado. Existem regulamentos que definem as características construtivas e os procedimentos de testes para os dispositivos, garantindo assim a confiabilidade dos mesmos para os clientes. Há também a norma ABNT NBR 5410 – Instalações elétricas de baixa tensão, que define os métodos de instalação.

O que falta, segundo os agentes do mercado, é maior conscientização em relação ao uso e também uma fiscalização mais presente para que haja o efetivo cumprimento das normas. Ou seja, é preciso haver uma grande mudança cultural no País envolvendo a área elétrica.

Antes de qualquer outra análise, convém apresentar o conceito desses produtos. O disjuntor é um dispositivo que atua na proteção dos condutores elétricos contra sobrecargas e curtos-circuitos, evitando incêndios, queimaduras e outros danos devidos ao aumento excessivo da temperatura na instalação elétrica. O DR realiza a abertura automática dos circuitos visando a proteção das pessoas contra os choques elétricos. Já o DPS protege os componentes da instalação elétrica e os equipamentos por ela alimentados contra danos (queimas) decorrentes de sobretensões causadas, principalmente, por descargas atmosféricas (raios).

Conforme explica o engenheiro eletricista e professor Hilton Moreno (foto), a NBR 5410 obriga a instalação de dispositivos de proteção contra sobrecargas e curtos-circuitos praticamente sem nenhuma exceção, sendo que o disjuntor é um dos tipos permitidos de dispositivos para cumprir essa função – ao lado dos fusíveis.

No caso da proteção contra os choques elétricos, segundo a NBR 5410, há algumas possibilidades de realizar uma instalação elétrica sem precisar dos dispositivos DR, como é o caso da execução de circuitos alimentados em extrabaixa tensão (12 V, 25 V, 50 V). “No entanto, nos casos mais usuais, quando se faz a opção de proteger as pessoas contra os choques elétricos pelo modo mais tradicional, que é por isolação básica e suplementar, aí o uso do DR é obrigatório praticamente em todas as situações”, complementa Hilton.

Ainda de acordo com a NBR 5410, o uso do DPS é obrigatório em todos os locais classificados como AQ2 (mais de 25 dias de trovoadas por ano) ou AQ3 (quando a instalação elétrica pode sofrer o impacto direto de raios). “Consultando o mapa de descargas atmosféricas do Brasil, a situação AQ2 é encontrada em quase todo o território brasileiro, enquanto que todas as edificações que contam com sistemas de proteção contra descargas atmosféricas são consideradas AQ3. Somando-se as duas situações, praticamente todas as edificações no Brasil são obrigadas a ter pelo menos um conjunto de DPS na entrada da instalação”, analisa Hilton.

Sobre a relação entre a utilização ou não desses produtos e a segurança de uma edificação, Hilton reforça que cada um dos produtos tem funções muito claras em relação à proteção das pessoas e/ou do patrimônio, e isso já implica que o uso desses dispositivos contribui significativamente para a elevação da segurança da edificação a um patamar muito maior do que se eles não fossem empregados. “Pelo raciocínio inverso, a ausência de um ou mais desses dispositivos contribui para o aumento significativo da possibilidade de ocorrência de acidentes e perdas humanas e patrimoniais”, alerta o especialista.

É possível ainda estabelecer uma análise entre a utilização – ou ausência – desses dispositivos e a prática da construção formal e da informal. Hilton destaca que na construção formal a presença dos três dispositivos é bastante frequente, pois, em geral, existem profissionais responsáveis por essas obras, que entendem a importância de seguir as prescrições da norma. Por outro lado, na construção informal o cenário é o oposto, devido à inexistência de profissionais no comando da realização dos serviços de elétrica. “No informal é frequente o uso de disjuntores, embora nem sempre de modo correto, mas é praticamente inexistente o emprego de DR e DPS”, compara Hilton.

Evolução do mercado

Marcelo Gerhardt (foto), gerente Comercial da Soprano Materiais Elétricos entende que as pessoas, neste novo normal, mudaram suas prioridades e estão mais preocupadas em fazer melhorias em suas residências, já que estão passando muito mais tempo em casa. E, não havendo outras possibilidades de gastar, devido às restrições ao comércio por conta da quarentena, reformar ou ampliar o habitat tornou-se uma atividade importante para as famílias. “Desta forma, os disjuntores, DPS e DRs que fazem parte da Curva A de produtos mais vendidos pela Soprano Materiais elétricos, assim como todo o nosso portfólio, tiveram um incremento de vendas, no comparativo do primeiro semestre de 2020 versus o primeiro semestre de 2019, na ordem de 5%”, conta.

Gerhardt acredita que a demanda desses produtos nos próximos anos se comportará em linha com o mercado da construção civil: “O alto déficit habitacional do País, a manutenção dos juros baixos e a melhoria de acesso ao crédito impulsionarão o setor, e, consequentemente, o consumo desses produtos”.

Segundo o executivo da Soprano, por se tratarem de produtos de baixo índice de falhas e por não serem itens destinados à fase de acabamento, o que impulsionam as vendas são as novas construções e as ampliações. “Nesses casos, geralmente há um aumento na demanda de energia, novos cabeamentos e/ou novos equipamentos e, consequentemente, maior necessidade de uso dessas linhas de produtos”, confirma.

Indagado sobre os fatores que poderiam contribuir para que o mercado se desenvolva ainda mais, Gerhardt lembra que tratam-se de produtos destinados à proteção, portanto, a existência de normas e legislações que indicassem a obrigatoriedade desses produtos seria algo razoável. “Enquanto não temos esse cenário em nível nacional, informar os benefícios desses produtos para as pessoas e profissionais do setor é de grande valia. Hoje temos norma para instalações elétricas que exigem o uso desses dispositivos, mas podemos perceber que a norma não é seguida em grande parte das instalações”, lamenta o gerente Comercial da Soprano.

Tiago Dalzochio, coordenador da Engenharia de Produtos da Soprano Materiais Elétricos informa que os próximos lançamentos da empresa na área serão DPS com tamanhos compatíveis com os tamanhos dos minidisjuntores, a fim de facilitar o processo de instalação, e disjuntores com capacidade de interrupção em 10 kA, pela norma IEC 60898. 

Ricardo da Rocha Brando (foto), gerente de Vendas de Construção Civil da WEG diz que apesar do cenário econômico atípico imposto pela pandemia em 2020, as vendas de disjuntores, DR e DPS seguem em níveis aceitáveis.

As perspectivas para essas soluções são positivas. A WEG acaba de disponibilizar ao mercado uma nova linha de DR, desenvolvida com engenharia própria, e em breve lançará novas linhas de disjuntores. “O déficit habitacional no Brasil ainda é muito grande. Entendemos que a ampliação deste mercado continuará. A velocidade disso dependerá da retomada da economia”, pondera Brando, destacando que as novas construções são o principal fator impulsionador de vendas.

Sobre os fatores que poderiam contribuir para evolução do mercado, Brando diz que mesmo com a obrigatoriedade de utilização imposta pela norma NBR 5410, somada ao Código de Defesa do Consumidor, o DR ainda não é utilizado em grande parte das instalações. “Campanhas de conscientização de segurança e direitos do consumidor certamente poderiam contribuir neste sentido”, destaca.

Embora 2020 tenha entrado para a história como um ano totalmente atípico para a população mundial, devido à pandemia do novo coronavírus, a Siemens informa que vem conseguindo manter os mesmos números do ano anterior nas vendas de minidisjuntores, dispositivos DR e DPS. “É nítido que a forma como esses produtos eram comercializados teve que ser reavaliada e em muitos casos alterada, não só pela Siemens, mas por toda a cadeia de comercialização, até chegar ao consumidor final. Não só a venda, mas também todo o suporte às vendas, a partir de agora, certamente será impulsionado pelas plataformas on-line. O que já era uma realidade… apenas houve uma necessidade de acelerar ainda mais esse processo”, analisa Eduardo Mendes de Brito (foto), especialista de Produtos da Siemens.

O executivo diz que a Siemens tem uma expectativa de crescimento muito boa de vendas para os dispositivos de proteção elétrica para os próximos anos. “Recentemente renovamos todas as linhas desses produtos comercializados no mercado brasileiro, igualando com o portfólio internacional que comercializamos nos demais países, oferecendo ao consumidor brasileiro o que há de melhor em termos de tecnologia disponível no mundo para esses produtos”, ilustra Brito. Em um futuro próximo a companhia pretende apresentar novidades principalmente no campo da economia de energia e em soluções para Green Building.

Ainda segundo o especialista, o avanço gradativo da precaução técnica visando a melhor proteção das instalações elétricas, utilizando dispositivos DR e o próprio DPS, é outro fator que auxilia o crescimento desse mercado.

Por último, o crescimento econômico do País é fundamental para consolidar tais expectativas. “No período pré-pandemia acreditava-se que os novos investimentos até então represados começariam a sair do papel e inevitavelmente dariam um novo contexto para a economia brasileira. Com o advento da pandemia, a maior parte desses investimentos permaneceram paralisados. Esperamos que a partir de 2021, com um maior controle epidêmico, a retomada econômica possa vir na sequência”, opina Brito.

O executivo da Siemens diz que a movimentação da construção civil é fundamental para o crescimento do mercado de dispositivos, tanto no segmento residencial, comercial e industrial quanto na área de infraestrutura: “Basta imaginarmos que qualquer reforma, ampliação ou nova construção demandará, na sua grande maioria, se não em 100% dos casos, da disponibilidade de energia elétrica. Inevitavelmente a segurança elétrica está inserida neste contexto, e esses dispositivos proveem a proteção básica das instalações, conforme indicado na norma de instalações elétricas brasileira, a ABNT NBR 5410”.

Quanto aos fatores que poderiam contribuir para que o mercado desses produtos crescesse ainda mais, Brito diz que é essencial a conscientização do consumidor final para com os reais perigos que a eletricidade pode causar. “Mesmo em uma instalação elétrica simples, toda a precaução necessária não significaria luxo, e sim cuidados básicos vitais”, acredita.

Brito defende uma ampla divulgação para conscientização sobre esses perigos – o que poderia levar o consumidor final a passar a exigir a utilização de proteção elétrica adequada nas instalações.

Seria importante também haver maior fiscalização da instalação elétrica como parte da liberação documental do imóvel, principalmente na chamada autoconstrução – aquela que não dispõe de projeto elétrico e na maior parte das vezes não é realizada por um profissional habilitado. “A simples melhoria desses dois aspectos alavancaria o mercado desses dispositivos em questão e certamente diminuiria o número de acidentes relacionados à eletricidade em nosso País”, conclui Brito.

Segundo Roberto Aimi, diretor executivo da Tramontina Eletrik, por conta do momento atual, todos os mercados sofreram redução das vendas. Mas ele acredita que o segundo semestre será melhor para os setores da economia, incluindo a área de material elétrico. “Existe um déficit habitacional no País, além da demanda reprimida daquelas pessoas que tinham planos de comprar, construir ou reformar. Diante deste cenário, e certos de que vamos superar o momento em que estamos vivendo, confiamos na ampliação das vendas nos próximos anos”, completa.

De acordo com Aimi, a busca pela segurança nas instalações elétricas, nos setores residencial, comercial e industrial, estimula as vendas dessas soluções, bem como os projetos de manutenção das instalações mais antigas: “Vale ressaltar que o uso de interruptor DR é obrigatório desde 2012 e tem de ser utilizado em circuitos elétricos que ligam chuveiro ou banheira, que alimentam tomadas situadas em áreas externas e que sirvam ambientes internos normalmente molhados ou sujeitos a lavagens. O dispositivo deve ser instalado segundo as determinações da Norma NBR 5410, que estabelece os parâmetros de desempenho de instalações elétricas de baixa tensão, a fim de garantir a segurança de pessoas e animais, o funcionamento adequado das instalações e a conservação dos bens”.

Já o uso do DPS ainda não é obrigatório, porém, algumas concessionárias de energia elétrica recomendam o uso desses dispositivos, conforme observa Aimi. Sobre os fatores que poderiam contribuir com esse mercado, Aimi diz que o segmento de DR vem sendo ampliado gradualmente e a qualidade dos produtos vem aumentando, com investimentos em tecnologias de produção e matérias-primas, garantindo produtos mais seguros e duráveis, a exemplo da Tramontina. “Nosso foco é aumentar a produtividade e a eficiência dos processos para oferecer produtos melhores e mais funcionais. Temos feito divulgações constantes visando aumentar o conhecimento dos profissionais da área de elétrica e consumidores sobre a importância desses dispositivos para a segurança dos usuários”, comenta.

Ricardo Martuchi (foto), especialista em produtos da Steck Indústria Elétrica classifica como boas as vendas de disjuntores, DR e DPS em 2020. “São linhas em que a empresa é líder e muito tradicional no mercado”, declara. Nos últimos anos a Steck ampliou consideravelmente seu portfólio na área e para o futuro pretende lançar modelos para aplicações especiais.

Quanto às perspectivas de mercado o executivo diz que a companhia sempre busca o crescimento e segue otimista com a retomada do segmento de construção civil. Martuchi observa que as vendas desses produtos dependem da realização de novas obras, principalmente no segmento da construção civil, bem como de ampliações ou reformas em instalações já existentes.

Sobre os fatores que poderiam contribuir para o crescimento do mercado Martuchi cita o aumento de conscientização para o uso dessas linhas, já que existe total relação com a segurança das instalações elétricas.

Para Martuchi o mercado está bem organizado sob o aspecto das normas técnicas que envolvem os dispositivos de proteção, mas é possível haver melhorias. “Temos a norma ABNT NBR 5410 que enfatiza muito bem a aplicação desses produtos. O que falta é o aumento da conscientização para o uso e também uma fiscalização mais presente para o cumprimento da norma”, acredita.

Pedro Okuhara (foto), especialista de produtos da Mitsubishi Electric conta que desde o lançamento da linha de baixa tensão no Brasil a companhia vem crescendo em ritmo acelerado em comparação ao mercado. “Apesar da pandemia de Covid-19 ter um impacto muito grande em diversos setores, nossas vendas para essa linha de produtos cresceram, comparado ao ano passado até o final do primeiro semestre”, comemora.

A expectativa da Mitsubishi Electric é de que a retomada da economia após a pandemia da Covid-19 seja acelerada e impulsionada por diversos setores que ficaram congelados durante esse período. “O setor de infraestrutura e indústria, incluindo a manufatura de máquinas e equipamentos, terá forte demanda pela retomada do mercado e a competitividade também será maior devido à redução de empresas no mercado. O desenvolvimento de soluções de Indústria 4.0 trará grandes benefícios para o segmento de proteção, uma vez que teremos soluções digitais integradas que terão capacidade de reduzir custos gerais, além de melhorar a tomada de decisão baseada na ciência de dados, com o advento do Big Data”, analisa Okuhara.

Segundo o executivo, investimento e regulação são os principais tópicos que impulsionam as vendas desses produtos. “A retomada dos investimentos em infraestrutura e o Novo Marco do Saneamento contribuirão para que essas soluções de proteção estejam nas diversas aplicações relacionadas a essas áreas. A regulação para esses dispositivos impacta ativamente, porque a partir do momento que a fiscalização aumenta, o número de interessados multiplica, gerando uma grande busca por soluções para evitar que empresas sejam autuadas. Um grande exemplo disso foi a NR-12, voltada para aplicações de segurança do operador”, comenta Okuhara.

O especialista da Mitsubishi Electric relata que a aplicação de dispositivos de segurança, como o DR, cresceu bastante após a obrigatoriedade em algumas aplicações, mas além disso seria importante realizar campanhas para conscientizar a população sobre a utilização de equipamento de proteção, a fim de aumentar a segurança dos operadores, pessoas e familiares, evitando acidentes que podem causar além de danos materiais, a perda de vidas de familiares ou colaboradores no dia a dia.

Eduardo Maia (foto), coordenador de Negócios da Clamper, destaca que a empresa, especialista em DPS, vem crescendo a cada ano devido seu planejamento e engajamento do time de colaboradores. Em 2020, mesmo sendo um ano atípico, devido à pandemia da Covid-19, a Clamper registra um crescimento de 14% em relação ao mesmo período do ano anterior (janeiro a julho). A perspectiva da Clamper para os próximos anos é de crescimento médio de 35% ao ano.

Maia explica que os produtos podem ser inseridos em qualquer fase do processo, das reformas às novas construções. “Inclusive, com nossa linha de produtos Plugue e Use não ficamos amarrados a alguma intervenção civil ou elétrica, pois esses protetores são utilizados diretamente no eletroeletrônico do cliente, fazendo a proteção individual do equipamento”, detalha.

Para Maia, uma maior conscientização da população com relação ao benefício trazido pelo DPS é um dos pontos principais para desenvolvimento maior do mercado. “A Clamper já faz esse trabalho de conscientização do público há bastante tempo através de palestras, cursos, workshops e agora através de lives e webinars. Outro ponto importante seriam normas mais rígidas e claras com relação à obrigatoriedade do uso em alguns segmentos”, complementa o executivo.

Para os próximos meses a Clamper tem dezenas de lançamentos em fase final de projeto. Serão contemplados os segmentos de proteção individual (linha Plugue e Use), novos modelos de Clamper Light, modelos de string box e combiner box e será lançado um DPS compacto para quadros elétricos (linha Front), entre outras novidades.

Cuidados ao adquirir produtos

Sobre os cuidados que o comprador deve ter ao adquirir disjuntores, DR e DPS, Ricardo Martuchi, da Steck, observa que são produtos muito parecidos fisicamente, mas com características técnicas diferentes, e, consequentemente, com funções de proteção diferentes também. “A especificação técnica deve estar bem clara para que não haja erros, por isso é sempre recomendado que seja feita por um profissional capacitado”, recomenda.

Eduardo Mendes de Brito, da Siemens, lembra que os minidisjuntores comercializados no varejo são fiscalizados pelo Inmetro, de acordo com a Portaria 348/2007. Esses são frequentemente submetidos a ensaios técnicos através de uma amostragem de produtos e recebem o selo do Inmetro, quando aprovados. “Então, a primeira dica é essa: no caso da necessidade de compra de minidisjuntores, esses devem sempre estar com o selo do Inmetro em seu frame (carcaça), indicando a conformidade do produto de acordo com sua respectiva norma”, alerta.

“Os demais produtos aqui comentados não possuem essa fiscalização, portanto, não apenas para os minidisjuntores, mas também e principalmente para Dispositivos DR, DPS, e o próprio Quadro de distribuição, sempre adquira esses produtos de uma empresa idônea, de preferência comumente conhecida no mercado. Evite apostas em produtos de marcas desconhecidas, principalmente quando o principal atrativo é a questão comercial (preço). Lembre-se que esses produtos são para a sua proteção e de sua família”, finaliza Brito.

Para Marcelo Gerhardt, da Soprano, primeiramente é preciso contar com a ajuda de um profissional e ter um projeto elétrico, o qual pode indicar as especificações corretas dos produtos. “Depois, buscar marcas tradicionais, confiáveis, que estejam nesse negócio há bastante tempo, como a Soprano, que está no mercado há mais de 65 anos”, completa.

Ricardo da Rocha Brando, da WEG, diz que é importante adquirir produtos de empresas com total comprometimento com a qualidade. “Especialmente em DR e DPS, é importante observar se o fabricante tem capacidade técnica e conhecimento suficientes para dar o suporte necessário para a correta aplicação e pós-venda. O fabricante deve possuir comprovado conhecimento e tradição na fabricação de materiais elétricos”, orienta.

Para Eduardo Maia, da Clamper, assim como em diversas áreas do mercado, o comprador deve levar em consideração a reputação da marca, sua expertise e buscar sempre por produtos certificados em órgãos nacionais e internacionais de qualidade, pois existem produtos no mercado que prometem uma proteção que seus equipamentos não suportam. Mirela Gontijo, supervisora de Pesquisa e Desenvolvimento da Clamper reforça que é preciso priorizar marcas consolidadas no mercado de DPS e produtos em conformidade com as normas técnicas aplicáveis.

De acordo com Roberto Aimi, da Tramontina Electric, devido às necessidades das capacidades de corrente e detalhes técnicos necessários para suportar os equipamentos em cada projeto elétrico, os disjuntores DR devem ser dimensionados por um engenheiro ou técnico da área elétrica. Ele deve avaliar quais e quantos dispositivos de proteção são necessários e também fazer uma previsão para futuras instalações e circuitos. “Porém, nem sempre o profissional da área elétrica é consultado, por questões financeiras ou por desconhecimento sobre o quão fundamental é a segurança nas instalações elétricas, no setor residencial, comercial e industrial”, lamenta.

Pedro Okuhara, especialista de produtos da Mitsubishi Electric diz que dispositivos de proteção têm que ser escolhidos com critério técnico, e não apenas comercial (menor preço). “Produtos de proteção devem funcionar no momento mais crítico da sua operação, quando acontecer uma falha ou problema, e é justamente por isso que você deve selecionar marcas e produtos com procedência certificada e confiável no mercado. Muitas vezes a redução de custo na compra de um produto de proteção poderá gerar uma perda muito maior no futuro. Sendo assim, sempre faça uma pesquisa detalhada de produtos que existem no mercado e se eles atendem todas as normas técnicas envolvidas – solicite certificados ou relatórios de ensaios aos fabricantes desses materiais”, destaca.

Principais tendências

Sobre as principais tendências, em termos de desenvolvimento tecnológico envolvendo esses produtos, Mirela Gontijo, da Clamper, diz que a empresa procura inovar em todos os segmentos e ressalta o crescimento da demanda da área fotovoltaica e o desenvolvimento de DPS com novas funcionalidades baseadas no uso de tecnologias IoT (Internet das Coisas). 

Ricardo Martuchi, da Steck, destaca que a tendência é que esses produtos possuam módulos de comunicação para se conectarem a um futuro de casas inteligentes. De acordo com Pedro Okuhara, da Mitsubishi Electric, apesar do tópico do momento ser a Indústria 4.0 e a conectividade, já existe no mercado disjuntor de estado sólido, ou seja, um disjuntor com mecanismo eletrônico que irá substituir o convencional disjuntor eletromecânico, com proteção mais eficaz, corrente de ruptura maior, tempo de abertura menor e sem risco de arco elétrico.

Para Eduardo Mendes de Brito, da Siemens, certamente a principal tendência desses dispositivos é a comunicação de status ou até a possibilidade de manobra dos mesmos através de um aplicativo com o usuário: “Imagine poder desligar à distância um determinado circuito da sua residência, o qual não tem a necessidade de permanecer ligado naquele momento. Ou ainda, receber a informação de que determinado dispositivo seccionou o circuito de alimentação, por exemplo da geladeira, em razão de uma sobrecarga. Caso estiver ausente de casa, tal informação poderá fazer bastante diferença. Enfim, tais funcionalidades já existem em dispositivos comumente utilizados na indústria, mas no campo residencial ou comercial ainda há muito o que percorrer visando um diagnóstico mais rápido e um gerenciamento de cargas de maneira mais interativa”.

Tiago Dalzochio, da Soprano, entende que as principais tendências desses produtos são o aumento da capacidade de interrupção dos dispositivos, a interação com sistemas conectados a aplicativos e algumas mudanças de conceitos de atuação devido à grande quantidade de equipamentos eletrônicos presentes nas instalações.

A linha de disjuntores da Tramontina inclui os minis disjuntores TR6kA e TR3kA, caixa moldada e acessórios para aplicações residenciais, comerciais e industriais, interruptor DR, DPS e quadro de distribuição. Os minidisjuntores TR6kA e TR3kA são dispositivos eletromecânicos de segurança que desarmam a rede elétrica de determinado circuito em caso de sobrecarga a curto-circuito. Entre os diferenciais do disjuntor da Tramontina Eletrik estão a montagem e desmontagem individual, sem necessidade de desconectar todo o barramento; conexão dos terminais para cabo e barramento em ambos os lados da peça, otimizando o tempo de instalação do dispositivo no quadro; e indicador de posição liga/desliga que informa o real status de funcionamento do disjuntor caso a manopla esteja travada.

Em complemento, os disjuntores em caixa moldada destinam-se à proteção de circuitos de distribuição, geradores e motores contra correntes de sobrecarga a curto-circuito. São fabricados de forma que o consumidor não tenha acesso ao interior do dispositivo de proteção, que desliga o circuito quando há risco de superaquecimento.

Os DRs Tramontina Eletrik possuem indicador de posição de contato, bornes protegidos para maior segurança, fácil fixação e remoção no trilho DIN, montagem e desmontagem do DR individualmente sem desconectar todo o barramento.

3 thoughts on “O negócio é proteção

  • março 1, 2021 em 7:54 am
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    Diz a sabedoria popular que o Brasil não carece de leis e/ou normas, mas sim, de quem as obedeça. Nas áreas técnicas nada poderia ser diferente. Evidente que tudo na vida possui uma dinâmica. A mãe natureza que o diga! Percebemos nos comentários que existe um denominador comum que é a necessidade da conscientização do cidadão, o consumidor final. Além dessa causa protagonista, há tempo os “famigerados custos” que queiramos ou não tem um grande influência a na decisão final de quem adquire os produtos. O trinômio: segurança; qualidade e durabilidade, em grande parte são jogados para “escanteio”. Concordo plenamente que a certificação por órgão de notável conceito é um dado primordial. Não podemos esquecer que, nesse mundo, tudo se falsifica. Vejam o absurdo! Até os fármacos entre “na dança”. Por último! Cabe ao consumidor final dos três segmentos maiores demandadores alijar os reis dos gatilhos elétricos ou montadores de bombas relógios. Ainda bem que a famosa lei de Murphy não existe na prática, caso contrário as cidades seriam uma eterna fogueira. Engenheiro, Professor, mestre engenharia elétrica, projetista e consultor em eficiência energética e geração fotovoltaica.

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  • março 1, 2021 em 7:24 am
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    Ótima material! Em todos meus projetos e obras especifico tanto DR e DPS, nem sempre bem aceito pelos clientes e/ou arquitetos!! Mas, esse material vai servir de muita ajuda para mostrar da eficiência, importância e normalização das diferentes proteção.

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    • março 2, 2021 em 1:14 pm
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      Muito obrigado, Deoclir! Ficamos felizes em saber disso. 👍

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