Ecoenergy consolida as renováveis

EVENTO APONTA CAMINHOS E APRESENTA SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS PARA UM FUTURO MAIS PLURAL E SUSTENTÁVEL NO MERCADO DE ENERGIA.

Após sete edições de sucesso, a EnerSolar + Brasil – Feira Internacional de Tecnologias para Energia Solar mudou. Este ano, a feira passou a contar com mais cinco segmentos dentro do universo das energias limpas e a se posicionar com uma marca ainda mais forte: Ecoenergy – Feira e Congresso Internacional de Tecnologias Limpas e Renováveis para Geração de Energia. O evento, organizado e promovido pela Cipa Fiera Milano, aconteceu entre os dias 21 e 23 de maio, no São Paulo Expo Exhibition & Convention Center (SP).

A feira Ecoenergy consolida-se como uma importante plataforma de negócios no Brasil para os segmentos de energia solar, eólica, de biomassa, de combustíveis gasosos, líquidos e sólidos e também geotérmica e hidrelétrica. Numa área de exposição de 7.000 metros quadrados, 125 empresas nacionais e internacionais apresentaram inovações em produtos e serviços para GTDC (Geração, Transmissão, Distribuição e Comercialização de energia) a cerca de 13 mil visitantes, entre engenheiros, instaladores, integradores, distribuidores, diretores e novos interessados.

A edição 2019 do evento abordou temas relacionados às questões regulatórias, tributárias, perspectivas de expansão e novas possibilidades do setor das renováveis. Outra novidade deste ano é que a feira Ecoenergy foi realizada em conjunto com a feira Ecomondo Brasil, focada em soluções ambientais para o mercado industrial.

O Brasil sempre foi referência em geração de energia por meio de uma fonte limpa e renovável – a hidrelétrica responde por quase 64% da atual matriz elétrica nacional –, no entanto, soluções alternativas têm logrado avanços impressionantes. Destaque para a energia solar fotovoltaica, cujos números chamam cada vez mais a atenção.

De 2012 para cá, o total de parques locais de energia solar fotovoltaica saltou de 5.000 para quase 60 mil. Desde 2017, o Brasil está entre os dez países com mais investimentos nesse campo. Nos últimos dois anos, o total de painéis solares em operação no território nacional passou de 7.000 para 49 mil unidades. Em 2019, a geração de energia solar no Brasil deve aumentar 44%. E o potencial para crescimento é enorme: enquanto nossa atual potência instalada é de cerca de 2 GW, a da China supera os 130 GW. Em abril, a energia eólica alcançou o posto de segunda maior fonte da matriz elétrica brasileira (9,2% de participação). Os 601 parques eólicos atualmente em operação no país contam com mais de 7.000 aerogeradores, resultando numa capacidade instalada de 15 GW – patamar superior ao da hidrelétrica de Itaipu.

O Congresso

No Congresso Ecoenergy houve apresentação de estudos de casos e debates sobre os temas mais importantes do momento, como evoluções tecnológicas, oportunidades de mercado e alterações regulatórias. Os três painéis âncoras do congresso foram: “Panorama Regulatório e as Tendências Globais para o Prosumidor – Onde o Setor Espera Chegar?”, “Gestão de Recursos Financeiros e Inovação Tecnológica e Energia Renovável” e “Minimização de Riscos em Empreendimentos de Energia”.

A questão regulatória, em especial, mobilizou atenções. Sucede que o setor vive a expectativa da instituição de um marco tarifário para a geração distribuída (GD). Pelas regras atuais, os chamados “prosumidores” (consumidores que também produzem energia) obtêm abatimentos em suas contas de energia de acordo com o volume de eletricidade que injetam na rede. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) pleiteia uma tarifa pelo uso dos sistemas de transmissão e distribuição. O mercado de energias alternativas discorda.

Avanços na tecnologia, falta de incentivo governamental, tributação, organização e desenvolvimento do mercado foram alguns dos temas levantados pelos participantes dos painéis. Atualmente, o grande destaque das energias renováveis é a energia solar, por conta da disponibilidade que transpõe questões geográficas, como é o caso da energia eólica, que precisa ser implementada em regiões com ventos fortes, e a biomassa, que necessita de aproximação física com a fonte. Mesmo assim, Carlos Evangelista, presidente da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD), destacou a importância do Brasil em aprender a trabalhar com todas as energias disponíveis. “O país tem matriz renovável e energias menos distribuídas. Apesar da energia solar se sobressair, quando o assunto é a abordagem sustentável, social e econômica, precisamos abranger todas as alternativas”, afirmou.

O crescimento exponencial do mercado solar foi destacado por Ruberval Baldini, presidente da Associação Brasileira de Energias Alternativas e Meio Ambiente (Abeama), tal como a importância da criação de um plano de incentivo por parte do governo. “Eram mil empresas há dois anos e hoje são 10 mil. A energia solar é um negócio representativo e precisa ser analisado dentro do atual cenário energético nacional.”

Para Evangelista, o futuro do setor elétrico é a energia renovável, focada em reduzir custos e viabilizar empreendimentos. “Porém, não há incentivo tributário. Não faz parte da política de governo. Existe aqui um grande entrave. A evolução tecnológica continua e precisamos nos tornar competitivos, mas, para desenvolver o mercado, é preciso desonerar os impostos.”

O ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) é o maior obstáculo encontrado pelo setor de energias renováveis quando o assunto é crescimento de mercado. De acordo com Fernanda Sá Freire Figlioulo, sócia do escritório de advocacia Machado Meyer, são 27 Estados com legislações e tributações diferentes. “Essas divergências de cobrança impactam diretamente na expansão dos negócios. O desafio do setor hoje é comprar máquinas e equipamentos com menor custo tributário, que envolve incentivos fiscais, nos âmbitos federais e estaduais.”

A especialista pontua que já existem benefícios importantes para o setor, mas que o Brasil ainda está muito longe do que seria o ideal. “Vemos que a maioria dos estados ainda não aderiram ao convênio (Confaz) que concede isenção do ICMS incidente sobre a energia elétrica fornecida pela distribuidora aos micros e minigeradores, na quantidade correspondente à soma da energia elétrica injetada na rede pelos mesmos micro e minigeradores”, finaliza.

A questão de eficiência energética também foi um dos temas explorados no Congresso Ecoenergy. Segundo Alexandre Sedlacek Moana, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Conservação de Energia (Abesco), o setor de eficiência energética deve ser olhado e reavaliado de forma constante, como todas as tecnologias existentes, buscando aprimoramento e formas mais otimizadas de viabilização. “No Brasil são executadas diversas iniciativas de eficiência energética, mas acreditamos que o potencial é muito maior. Para haver uma maior compatibilidade entre potencial e execução, é preciso gerar políticas mandatórias de eficiência pelo usuário final, seja indústria, comércio, residência ou poder público”, explica.

Biomassa

Além do Congresso Ecoenergy, o evento abrigou o 3º Biomass Day – Congresso Internacional da Biomassa e a Techshow – Palestra dos Expositores. O Biomass Day ofereceu uma agenda intensa de palestras, debates e cases de sucesso no setor de biomassa. O Techshow, por sua vez, consistiu em um espaço para expositores realizarem palestras gratuitas, fornecendo detalhes de produtos e serviços.

A primeira palestra do Congresso Biomass Day abordou o potencial para geração de bioprodutos com alto valor agregado. O convidado foi Jaime Finguerut, diretor e membro do conselho do Instituto de Tecnologia Canavieira (ITC), que apontou o carbono como o principal produto, no futuro, das biorrefinarias para deixar os solos mais férteis e produtivos para a agricultura.

Como uma forma de tirar o planeta da rota de superaquecimento, Finguerut destacou a importância da busca e implementação de novas formas da sociedade se desenvolver, diminuindo e aproveitando os gases que promovem o efeito estufa, na forma de energia, principalmente o gás carbônico. “O clima afeta a saúde, a água, o suprimento alimentar e até a infraestrutura das cidades. Temos de começar a retirar o CO2 para reduzir os raios infravermelhos e evitar o aquecimento do planeta”, disse.

Uma das formas alternativas de estabilização do clima é entrar num processo de descarbonização da atmosfera, ação que começa a despontar em países desenvolvidos, como a Holanda, por meio da busca por atender as necessidades modernas a partir de produções sustentáveis. “Capturar, armazenar e enterrar o carbono, reflorestar, fertilizar os oceanos para as algas realizarem fotossíntese são alternativas para mudar esse cenário de aquecimento de forma sustentável. Porém, é o carbono que em 20 anos será mais precioso que o etanol, o açúcar e a bioeletricidade juntos”, afirmou Finguerut.

A Exposição

A feira Ecoenergy também foi palco para assimilação de conhecimentos e atualização quanto a oportunidades e desafios do mercado de energia limpa. Confira, a seguir, algumas das novidades que as empresas expositoras apresentaram ao público, composto por empreendedores, executivos, engenheiros, instaladores, integradores e distribuidores.

PREMIUM SOLAR

Importadora e distribuidora de kits completos para sistemas de geração solar fotovoltaica, a Premium Solar mostrou os produtos de diversas marcas oferecidos e os vários sistemas montados de acordo com a necessidade de cada consumidor. Znshinesolar, Hoymiles, Growatt e Fronius são algumas de suas empresas parceiras. A Premium Solar comercializa uma linha completa composta de painéis fotovoltaicos, inversores, cabeamento, baterias, string box, DPS, controladores, conectores e demais acessórios para esse tipo de instalação. A distribuidora também promove cursos de formação e atualização na área solar aos instaladores.

ZAGONEL

Um dos destaques da Zagonel na feira foi o refletor LED COB Forza Evo, de alta performance, para iluminar grandes áreas. Disponível nas potências de 100, 150 e 180 W. Características técnicas: eficácia luminosa máxima de 136 lm/W; temperatura de cor disponível 5.000 K; índice de reprodução de cor 70; grau de proteção IP 67; tensão de entrada bivolt; vida útil do LED 70.000 h; distorção harmônica de corrente (ATHD) < 10%; temperatura de operação -30°C a 50°C; fator de potência >0,98; estrutura principal do dissipador em alumínio injetado; peso 4,600 kg; suporte com furo para fixação; e proteção contra impacto IK 08.

INOX-PAR

Conjunto haste roscada para estrutura metálica e de madeira, ganchos para telhas cerâmicas, terminais e abraçadeiras, chumbadores, parafuso martelo, parafuso colorido, arruelas, parafuso autobrocante, porcas, parafuso Allen (sextavado interno), parafuso para concreto, pino stud bolt, parafuso para ferragem de vidro, parafuso auto-atarrachante, rebites. Esses foram alguns dos itens exibidos pela Inox-Par, fabricante de uma extensa linha de fixadores produzidos em aço inoxidável para fachadas com captação de energia solar fotovoltaica. A empresa mantém mais de 18 mil itens em estoque, todos tratados com inox passivado, que forma uma película superficial e impermeável, aumentando a resistência aos ataques do meio ambiente em até 30%.

KOMECO

A empresa trouxe para a feira sua mais nova linha de produtos voltada à geração de energia solar fotovoltaica. A solução compreende o pacote completo: módulos policristalinos (linhas Prisma, Lúmen e Maxwell), inversores digitais on-grid (de 3 a 30 kW) e string box. Além disso, a empresa disponibiliza o app Komeco Connect, que permite o monitoramento da energia gerada pelos painéis fotovoltaicos através do smartphone.

SOPRANO

Durante a feira, a empresa divulgou seu mais novo negócio dentro da Divisão de Materiais Elétricos: Energia Solar Fotovoltaica, responsável pela comercialização da solução completa para esse tipo de geração. A empresa já está apta a fornecer placas ou módulos de 320/330 W e 270 W; inversores de 3 a 7,5 kW monofásico e de 11 a 60 kW trifásico; microinversor de 700 e 1200 W; string box CC e CA; cabos solares com tensões de até 1500 VCC; estrutura de fixação compatível com todos os tipos de telhados; minidisjuntores CC – linha SHB de até 32 A; dispositivo de proteção contra surtos CC (DPS) com corrente máxima de 45 kA. Os produtos podem ser adquiridos em forma de kit ou individualmente, diretamente com a Soprano ou em lojas parceiras. A empresa fornece 25 anos de garantia, para uma eficiência de 80% do sistema, aplicativo de monitoramento e seguro.

FATOR SEGURADORA

A Fator Seguradora atua em diversos segmentos do mercado, oferecendo soluções sob medida para demandas que envolvem garantia de obrigações contratuais, coberturas de responsabilidade civil, riscos de engenharia, riscos patrimoniais e riscos diversos. Um dos produtos, em destaque na Ecoenergy, é o de Riscos de Engenharia e Responsabilidade Civil em Obras. Trata-se de um seguro destinado à proteção contra danos ocorridos nas obras de infraestrutura e nas instalações e montagens de equipamentos nos mais diversos tipos de indústria, entre elas os de geração de energias renováveis. Eventos de origem súbita e imprevista podem acontecer numa obra e na instalação/montagem de equipamentos, causando prejuízos ao proprietário do projeto, ao próprio construtor ou a terceiros. O seguro é voltado para construtoras, investidores, empreendedores, instaladores de máquinas, equipamentos comerciais e industriais.

CISER

A Ciser levou para a feira sua linha de itens disponíveis para fixação de placas fotovoltaicas e a linha inox. Entre os produtos ofertados: conjunto haste energia solar, suporte para haste (tipo reto e tipo L), parafuso cabeça martelo, parafuso francês, parafuso sextavado, parafuso sextavado interno cabeça abaulada e cabeça cilíndrica, barra roscada, parafuso sextavado rosca soberba, parafuso cabeça flangeada fenda Phillips, porca sextavada, arruela (lisa, de pressão, de vedação EPDM), parafuso autoatarraxante, rebite de repuxo, chumbador parabolt, ponteira Philips, soquete sextavado magnético, broca três pontas e Widea. Renato Fiore, gerente nacional de vendas da Ciser, revela que a empresa interpreta o segmento de energia solar como promissor e estratégico, lembrando que essa forma de energia se encontra em expansão, tornando-se cada vez mais eficiente e acessível. “Vislumbramos um expressivo potencial de crescimento no setor já para os próximos anos”, anuncia.

PROLUMEN

A Prolumen apresentou uma série de luminárias fotovoltaicas. Entre elas, a luminária solar Street Light, de 10.000 lumens/90 W, com sensor de presença e controle remoto. O produto elimina cabos, conduítes, interruptores, instalações complexas e é resistente a tempestades. A energia é produzida pelo painel solar e armazenada na bateria solar, de modo que a lâmpada a LED pode ser alimentada durante a noite. O controlador solar inteligente gerencia todo o sistema por meio de um sensor de presença (fotocélula), para ligar e desligar a luminária automaticamente durante o dia e a noite. Com corpo compacto, a luminária é versátil, à prova de tempo e indicada para estradas e caminhos secundários. Também pode ser usada em outras aplicações externas (sobre coberturas ou beirais), como ao redor de casas residenciais, escritórios, pequenas e médias indústrias e condomínios fechados. Deve ser instalada voltada para a face norte, a fim obter maior insolação e oferecer melhor desempenho.

IBRAP

A catarinense IBRAP conta com um conjunto de estruturas de alumínio de alta resistência para a instalação/fixação de painéis solares. Sua oferta abrange as diferentes necessidades de suportes para parques solares de grande, médio e pequeno porte, além das estruturas para fachadas e coberturas residenciais e comerciais. Entre os produtos para o segmento residencial estão as estruturas para telhas em cerâmica e cimento, fibrocimento, metálica, metálica zipada, clamps, laje e superfícies cimentícias, estrutura carport, cobertura estanque, fachada glazing e fachada ventilada.

POWERSAFE

Entre os destaques da empresa estavam as baterias estacionárias reguladas por válvula da série PLH+C (foto 1), com carbono (C) na forma de grafite, indicadas para aplicações em média e longa intensidade de descarga. Apresentam performance estável e longa durabilidade em aplicações para sistemas de alta ciclabilidade, como o solar. Admitem melhor aceitação de carga, dispondo de plena energia armazenada para pronto atendimento. A utilização do carbono (C) na forma de grafite é muito condutivo e, quando utilizado em concentrações adequadas na massa ativa da placa negativa, aumenta consideravelmente sua condutividade em estado parcial de carga (PSOC). Já as baterias estacionárias chumbo ácidas reguladas por válvula da série OPzV–Gel (foto 2) são construídas com placas positivas tubulares e o eletrólito está imobilizado na forma de gel (SiO2). Oferecem longa durabilidade em aplicações cíclicas e em flutuação, e apresentam menor sensibilidade às temperaturas acima da nominal, quando comparadas às baterias standard. Podem ser utilizadas em sistemas fotovoltaicos e eólicos.

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