Inovação na indústria da construção

A indústria da construção civil é um dos segmentos mais relevantes da economia brasileira, respondendo por 7,4% do PIB (Produto Interno Bruto), ou algo em torno de R$ 432 bilhões, empregando perto de 11,4 milhões de pessoas (dados de 2018). Para o presidente executivo da Abramat (Associação Brasileira de Indústria de Materiais de Construção), Rodrigo Navarro, o Brasil viveu anos de crise e agora é esperada uma retomada tanto das obras de infraestrutura quanto do setor imobiliário. “A indústria de materiais de construção brasileira tem demonstrado resiliência nos últimos anos. Após anos de crise que dificultaram o crescimento do setor, em 2018 a retomada ocorreu. Em 2019, a tendência é que o número cresça ainda mais, gerando um cenário positivo para os anos subsequentes”, afirma.

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A Abramat é uma das parceiras da Smart.con, fusão de summit e mostra de produtos e serviços que acontece de 17 a 18 de junho de 2020 no São Paulo Expo. As inovações do mercado da indústria da construção serão um dos temas abordados.

Dionyzio Klavdianos, vice-presidente de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), afirma que as novidades em materiais e equipamentos estão relacionados mais às costumeiras evoluções naturais, relacionadas a melhorias implementadas graças a avaliações da prática ou pesquisas a clientes.

Entretanto, um dos pontos ressaltados pelo executivo são os dispositivos vestíveis, com boas experiências já realizadas em canteiros de obras. Segundo Klavdianos, à medida em que a empresa monitora a rotina do trabalhador no canteiro, mais conhecimento apreende acerca dela, portanto, fica mais fácil implementar políticas mais efetivas e preventivas de segurança e saúde do trabalhador, além de compreender onde ele gasta mais tempo executando determinada tarefa com a finalidade de implementar ações de ganho de produtividade.

“Enfim, uma gama de intervenções mais realistas no que tange ao aumento da qualidade de vida dos colaboradores, e da obra como todo. Obra é um local de risco na qual o trabalhador é constantemente exigido, o descuido é inerente, se um dispositivo de alerta implantado nas vestes da pessoa aciona num momento de iminente perigo, terá valido a pena o investimento”, afirma.

Outros dispositivos já presentes na indústria da construção são o uso dos drones, realidade virtual e impressão em 3D. “A realidade virtual e impressão 3D ainda engatinham. Embora sejam encontrados fornecedores com relativa facilidade, os construtores ainda não têm clara a contribuição efetiva que o BIM pode oferecer para a melhoria de seus processos”, diz o executivo.

Tanto Klavdianos quanto Navarro são unânimes em dizer que o divisor de águas foi a implementação do BIM (Building Information Modeling), algo como Modelagem da Informação da Construção. Em síntese, o conceito deixou o uso do 2D de lado, quando eram feitas plantas da construção, e passou a usar modelos em 3D, similares a maquetes.

O uso foi potencializado a partir de maio de 2018, com a publicação do Decreto 9.377/18, que instituiu a Estratégia Nacional de Disseminação do BIM. Meses depois, em novembro, foi lançada a plataforma BIMBR (www.plataformabimbr.abdi.com.br), onde os objetos genéricos e proprietários podem ser armazenados e acessados, de forma gratuita. “Desde então, o que se observou foi a movimentação do setor para estrategicamente ir implementando novas soluções tecnológicas. A partir da infraestrutura legal que garante segurança jurídica, a tendência é a difusão em larga escala do ‘pacote’ chamado Indústria 4.0”, afirma Navarro.

Na opinião de Klavdianos, no que tange à utilização do BIM, o Brasil tem condições de se igualar aos grandes centros mundiais, todavia, “enquanto disseminação efetiva nos canteiros de obras, ainda estamos aquém dos centros mais desenvolvidos”.

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