Digitalização se torna fundamental no gerenciamento de sistemas complexos de energia elétrica

Por Julio Martins*

Como a energia representa um componente significativo para qualquer instalação, encontrar maneiras de reduzir o gasto com eletricidade gera impacto nos resultados corporativos. Porém, gerenciar sistemas de energia elétrica não é uma tarefa fácil. É preciso estar em conformidade com as normas e realizar análises, fiscalizações e manutenções, de maneira regular, para preservar a segurança, melhorar a confiabilidade e aumentar a eficiência dos mecanismos.

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Felizmente, atualmente podemos contar com tecnologias modernas que ajudam na digitalização dos processos. Dessa forma, é possível prevenir riscos e a inatividade do sistema, além de contribuir com monitoramento, agilidade, eficiência e economia dos sistemas. Confira abaixo alguns exemplos:

Proteção contra riscos

As organizações precisam testar regularmente seus sistemas de energia elétrica para identificar possíveis ameaças de segurança. Para tanto, a tecnologia de termografia por infravermelho (IR) era utilizada para detectar pontos quentes em junções de barramento, conexões de transformadores ou contatos do disjuntor, visto que são uma fonte de problemas elétricos. Por ser uma ferramenta muito onerosa, a verificação era realizada, no máximo, duas vezes por ano.

Porém, as empresas ganharam uma solução menos custosa para o monitoramento térmico em equipamentos de média e baixa tensão: os sensores. Eles detectam aumentos anormais de temperatura, bem como a umidade relativa, e transmitem esses dados a um software ou serviço de controle de ativos, permitindo que um alarme toque, em tempo real, caso ocorra algum problema térmico, que pode vir a se tornar um grave acidente.

Além disso, esses mecanismos podem ser conectados à rede de gerenciamento de energia, de modo que eletricistas sejam alertados remotamente sobre uma falha no isolamento e possam fornecer assistência imediata.

Prevenção de inatividade do sistema

O tempo de inatividade pode acontecer por falha nos equipamentos, o que desencadeia problemas no funcionamento do sistema de energia elétrica. Para evitar situações desse tipo, é necessário responder de forma eficaz a uma interrupção, o que pode ser feito com uma rede de energia digitalizada, um relé inteligente ou uma unidade de disparo também inteligente.

Essas soluções fornecem informações diretamente para dispositivos móveis, que também podem ser usados para executar o controle remoto do disjuntor e, assim, restaurar a energia com segurança.
A tecnologia também permite monitorar o estado e as condições da rede em tempo real, facilitando a identificação de desvios das condições normais de operação, harmônicas, sags, swells, flickers, tensões transitórias ou breves interrupções.

Monitoramento do sistema de energia

Para administrar os sistemas de energia elétrica, é necessário saber utilizar suas fontes e estar atento em relação ao consumo e os gastos. Nesse sentido, a digitalização está se tornando uma forte aliada das empresas no gerenciamento de seus equipamentos, por fornecer serviços analíticos e de consultoria, incluindo o monitoramento de um centro de operações.

Um sistema digitalizado de distribuição de energia estimula a produção e o consumo local, para reduzir custos e aumentar o tempo de atividade. Além disso, dá voz a ativos críticos de energia, permitindo que o equipamento forneça as informações relevantes para que as equipes de manutenção identifiquem quais ações serão necessárias.

A digitalização também permite o acesso a serviços de valor agregado na “rede inteligente”, ajudando a equipe da instalação a otimizar quando consumir, armazenar ou vender energia de volta à rede.

Análise da instalação

As plataformas analíticas permitem que as equipes das instalações comparem o consumo de energia e compartilhem o sucesso da redução de utilização com o público. A partir disso, podem ser gerados relatórios combinados que ajudam as equipes da instalação a rastrear tendências de qualidade de energia e a identificar fontes de riscos, incluindo problemas vindos de fora da instalação.

Tais ferramentas também ajudam a rastrear e relatar as emissões de carbono para divulgação e transparência pública. Muitas aplicações também fornecem maneiras simples de mostrar o desempenho energético aos stakeholders, por meio de painéis públicos, o que também pode incentivar a conscientização e os comportamentos de eficiência energética.

Investimento em segurança

Por fim, é preciso aderir às práticas recomendadas de segurança cibernética, como a IEC 62443, pois só assim será possível oferecer uma rede completa de dispositivos inteligentes e várias aplicações analíticas, seja no desktop ou em dispositivos móveis. Uma vez instaladas, essas ferramentas contribuem com o controle, garantindo maior segurança e confiabilidade, economia real de energia e operação, uso otimizado da infraestrutura e fluxos de trabalho mais simples.

*Julio Martins é vice-presidente de Power Products, Power Systems e Digital Energy Brasil da Schneider Electric

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