Eficiência energética na indústria: união de saberes e digitalização para produzir mais com menos
Por Renato Martins*
Os custos com energia é um dos diversos elementos que travam o crescimento da indústria brasileira. Sondagem da CNI realizada no último trimestre de 2021 mostra que para 24,7% das empresas consultadas pela confederação os elevados custos com energia estão entre as principais dificuldades para retomada da atividade. No primeiro trimestre de 2021, a conta de luz era mencionada por 11,3% das companhias sondadas.
A resposta a esse desafio pode ser integrar conhecimento e prática já tradicionais com a digitalização. Isso quer dizer consolidar práticas antigas de gerar parte da energia que é consumida pelas fábricas ao mesmo tempo em que se investe em modernização, isto é, digitalização para o controle do uso e para a geração do recurso. Para produzir parte do que vai utilizar, a melhor estratégia é adotar tecnologias aplicáveis a fontes renováveis como energia solar, eólica, de biomassa, biogás e hidráulica. O resultado: menor custo no consumo de energia e cumprimento com requisitos de regulações do meio ambiente para um índice da cadeia do carbono.
No campo da digitalização, as oportunidades são tanto em equipamentos modernos que consomem menos energia quanto em tecnologias de monitoramento e gerenciamento do uso por meio de inteligência artificial. É sabido que digitalizar significa aumentar a performance da produção, mas outro aspecto extremamente importante é o ganho que se tem em termos informação para tomar decisões mais adequadas para o negócio. Isso porque os dados são valiosos para buscar eficiência energética e decidir quando produzir mais e a que custo.
Pela análise de dados, o profissional não só identifica pontos de melhorias como também tem condições de medir o quantitativo da eficiência energética. Munido desses indicadores, o profissional compara, analisa e pode prever ganhos financeiros. Trata-se de aumentar significativamente a visão da matriz energética, identificar pontos de ineficiências, viabilizar medidas para maximizar ganhos com a previsibilidade de geração e consumo de energia. Não seria exagero afirmar que, sem dados, não há programa de eficiência energética que atenda os objetivos da organização.
Digitalização: cultura que nasce de cima para baixo
A cultura de digitalização deve começar nos diretores e executivos C-level das empresas. Germinada a semente, começa o processo de transformação digital para concretizar os objetivos que a organização já deve ter definido a essa altura. E não se faz transformação digital somente utilizando ferramentas digitais de última geração. No planejamento não se definem apenas as tecnologias, mas também os processos de produção adequados, os profissionais e o nível de formação que precisam apresentar ou desenvolver para dar conta do trabalho.
Disseminar a cultura de digitalização na indústria, portanto, é mais responsabilidade de grandes executivos que compreendem que para avançar em competitividade e produtividade é necessário incorporar tecnologia de alto nível. Segundo dados da empresa Accenture, inteligência artificial aplicada em processos industriais pode aumentar a produtividade em até 40%. E 84% dos executivos entrevistados afirmaram precisar de digitalização para alcançar seus objetivos de crescimento. A transformação digital é uma questão de mudança cultural que cada empresa vai vivenciar, a questão é quando e com que velocidade.
É impossível, no entanto, pensar em cultivar cultura de transformação digital sem a participação dos governos. No da geração e consumo de energia, agências reguladoras como a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) e o aparato do Estado para o setor energético como um todo têm papel importante e insubstituível para o que a indústria brasileira alcance o lugar merecido em digitalização. O próprio diretor da ANEEL, Sandoval Feitosa, reconhece que “a transição energética só será viabilizada por uma transformação digital”.
Digitalização: trabalho em progresso no Brasil
Enquanto a cultura digital vai sendo fortalecida no meio industrial brasileiro, soluções de mercado com alta tecnologia estão acessíveis no Brasil. A ABB entrega tecnologia base para os diversos processos de digitalização, mas também desenvolve um ecossistema de profissionais com elevado nível prático e de conhecimento nessas tecnologias, e os compartilha com o mercado.
Pelo exemplo de empresas ao redor do mundo que aceleraram em competitividade com a utilização de ferramentas digitais, especialistas da ABB entregam estudo de viabilidade, equipamentos mais eficientes no consumo de energia, tecnologias que identificam gargalos e o pontos de melhoria e consultoria ao longo do projeto de implementação.
Vale destacar o ABB Ability Optimax, que é uma plataforma de gerenciamento de energia que com uma variedade de soluções de controle energético – da administração mais simples até situações mais complexas com diversas fontes de energia e de consumo – em localidades espalhadas pelo país ou em diferentes regiões do mundo, se encaixa perfeitamente na necessidade da indústria.
A realidade de digitalização de todos os setores da indústria no mundo traz mudanças permanentes para a produção, uma delas é a mudança de mentalidade, que começa de cima para baixo, para um pensamento que é ao mesmo tempo modernizado e baseado em aprendizados ao longo da história. Está clara a função da transformação digital para a indústria, mas existe ainda uma grande fatia do capital produtivo, sobretudo no Brasil, ainda intocada pela transformação digital. Quanto mais se adia a digitalização em toda a cadeia produtiva brasileira, em todos os seus aspectos, mais perde em posição no rápido e movediço mercado global. *Renato Martins é Head of Process Automation – Energy Business – ABB