Categoria Solar ganha cada vez mais espaço
O setor de energia solar térmica vem ganhando cada vez mais espaço entre as fontes de Energia Renováveis no Relatório Síntese do Balanço Energético Nacional (BEN), publicação anual da Empresa de Pesquisa Energética, que tem como finalidade apresentar a contabilização relativa à oferta e ao consumo de energia no Brasil.
Segundo a edição 2023 do BEN (ano base 2022), a oferta interna de energia foi dividida entre fontes Renováveis, com 47,4% de participação, e Não Renováveis, com 52,6%. Diferentemente do ano passado, em que a energia solar térmica entrou na categoria Outras Renováveis, desta vez apareceu como fonte energética em separado.
Ainda segundo o relatório, em 2022, o consumo residencial de energia apresentou um crescimento discreto de 1,4% em relação a 2021. A distribuição do uso continua tendo a eletricidade como força prioritária no setor residencial, sendo usada na iluminação, refrigeração de ambientes e eletrodomésticos em geral. Já a lenha, que vinha decrescendo em participação no país ao longo das décadas, sofreu um aumento no último ano, com 25,9% de participação. A boa notícia é que o uso de energia solar térmica aparece com uma fatia de 2,8%, acima do gás natural, com 1,6%.
O BEN destaca que a fonte solar térmica, “utilizada para aquecedores de água em coletores aberto, fechado plano e tubo a vácuo, atingiu 11.632 GWh equivalente em 2022, resultado de um crescimento ao longo dos anos com maior contribuição do consumo pelo setor residencial”. O consumo de energia solar térmica no setor residencial representou cerca de 80% do total no Brasil, seguido pelo comercial, responsável por cerca de 17% do consumo, e pelo industrial, com menos de 3%.
Apesar do crescimento, o presidente da ABRASOL – Associação Brasileira da Indústria Solar Térmica, Luiz Antonio dos Santos Pinto, destaca que é preciso um maior incentivo por parte de órgãos governamentais a uma tecnologia que propicia grande economia no consumo de energia elétrica e de outras fontes de energia, como os combustíveis fósseis. O aquecimento solar de água precisa estar presente nos projetos habitacionais da União, estados e municípios, nos estabelecimentos comerciais, indústrias e no agronegócio, além das residências de diferentes tamanhos, e constar efetivamente dos planos nacionais do setor de energia.
O potencial brasileiro é imenso, considerando que o País tem a presença da luz solar, com as maiores intensidades do mundo praticamente o ano inteiro, em todo o seu território, tecnologia própria avançada na área e um parque industrial com capacidade imediata para atender a um crescimento expressivo da demanda. Muito embora se trate de uma fonte de energia limpa, e de baixo custo, no acumulado dos últimos 25 anos, foram instalados apenas 22,8 milhões de metros quadrados de aquecedores no país, número bem inferior aos 545 milhões de metros quadrados instalados, por exemplo, pela China em apenas 20 anos.
Vale destacar ainda que a tecnologia fortalece a cultura em favor do meio ambiente. Atualmente, o uso da energia solar térmica evita anualmente a emissão de mais de 4,5 milhões de toneladas de CO₂ no meio ambiente brasileiro. Em resumo, não expele resíduo algum, não tem custo operacional, baixos gastos com manutenção – os aquecedores solares têm vida útil de mais de 30 anos –, não faz barulho e ainda permite um payback rápido, fazendo com que o investimento realizado na compra seja pago entre um e três anos de uso.