O papel dos fios e cabos na transição energética brasileira

Por Sergio Schelp*

A expansão da geração fotovoltaica, impulsionada pelo avanço crescente da geração distribuída (GD), tem contribuído para promover a diversificação e o fortalecimento do mercado de fios e cabos elétricos. Amplamente presente na construção civil, atendendo às necessidades das residências e das indústrias, esse segmento está cada vez mais vinculado à disseminação de placas fotovoltaicas instaladas nos telhados de residências, indústrias e estabelecimentos comerciais, além da implantação de usinas fotovoltaicas de grande porte. Com isso, o segmento de condutores elétricos desempenha papel fundamental na modernização do sistema elétrico brasileiro e para a necessária transição energética do país.

O crescimento da geração solar fotovoltaica vem ocorrendo de forma acelerada, resultado da vocação natural do Brasil para essa fonte renovável e das recentes mudanças na legislação do setor. Em 2015, a capacidade instalada total para geração fotovoltaica no Brasil era de apenas 21 megawatts (MW). Agora, em 2024, o país já superou a marca de 40 gigawatts (GW) de capacidade instalada em geração fotovoltaica, dos quais 27,5 GW foram proporcionados por projetos de geração distribuída.

Atualmente, a geração fotovoltaica é a segunda fonte de energia do Brasil, com uma participação de 17,4% na matriz elétrica nacional. Fica atrás apenas da geração hidráulica, dominante durante o século XX, mas que vem perdendo espaço para outras fontes neste século.

Atender às necessidades intrínsecas desse movimento de expansão requer pleno conhecimento das condições de operação do setor elétrico brasileiro, considerando-se a ampla extensão territorial e as particularidades regionais, que demandam adaptações e inovações constantes.

A expertise dos fabricantes de condutores elétricos vem sendo continuamente colocada à prova a cada novo projeto ou empreendimento, com vistas a garantir as melhores soluções técnicas para os desafios apresentados. Um exemplo dessas peculiaridades é o calor extremo da região Nordeste, uma das regiões mais vocacionadas para a geração fotovoltaica justamente devido ao elevado nível de incidência da radiação solar: são, em média, 2.200 horas de sol por ano. Para que os fios de cobre resistam ao calor extremo, que faz com que a temperatura chegue a 100 graus C embaixo das placas fotovoltaicas, o fabricante precisa desenvolver cabos de cobre com um revestimento especial, de modo a evitar perdas de calor na transmissão da energia.

Outros desafios singulares se apresentam. Em uma região de Pernambuco, por exemplo, a grande presença do cupim tem exigido que os fabricantes aumentem a espessura dos cabos elétricos, dos condutores. Para evitar o ataque dos cupins, dos 8 milímetros exigidos pelas normas para até 20 milímetros, assegurando o bom funcionamento e a durabilidade dos projetos. Há ainda adaptações necessária em regiões ou áreas onde ocorrem alagamentos frequentes ou mesmo a projetos de geração fotovoltaica instalados em rios e lagos, que exigem proteções mais robustas para fios e cabos. Recorrendo à inovação e ao conhecimento acumulado ao longo de décadas, o segmento de fios e cabos elétricos tem superado esses e outros desafios, contribuindo para o setor elétrico se mantenha na rota da evolução.

*Sergio Schelp
Diretor Comercial da IBRAC

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