Produzir energia limpa custa caro? Confira as principais dúvidas sobre o sistema solar
*Por Vinicius Ferraz
É uma cena cada vez mais comum nas principais cidades brasileiras. Um número crescente de casas e empresas instalam os módulos fotovoltaicos, ou simplesmente placas solares em seus telhados para produzir energia limpa. Ainda que represente uma fração da matriz energética do país, a energia solar deve fechar 2018 com um crescimento de 115% em sua capacidade instalada, de acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). Mesmo assim, muitas pessoas ainda têm dúvidas sobre a eficiência e o consumo da energia elétrica a partir dos raios do Sol. Confira as respostas para os principais questionamentos no setor:
As placas solares geram energia o tempo todo, mesmo em dias nublados?
Os módulos fotovoltaicos só produzem energia por meio da luz visível. O nome desse fenômeno é “efeito fotovoltaico”. Em dias nublados, a produção diminui porque os raios solares chegam com menos intensidade – pode cair para um terço na comparação com um dia normal. Mas isso não é problema. Em um período de 30 dias ou um ano, a previsão é confirmada. Não se deve pensar em dias pontuais, mas sim em meses de produção.
O sistema só é recomendado para regiões com muita exposição ao sol?
Não. Um exemplo disso é a Alemanha, quarto maior país do mundo em energia solar e que possui uma radiação bem abaixo da média brasileira. No país europeu, os painéis solares tomaram conta dos telhados e da paisagem das grandes cidades.
Uma placa solar, com a devida manutenção, dura para sempre?
O fabricante garante uma eficiência maior ou igual a 80% da capacidade até o 25º ano de uso. Os módulos possuem durabilidade acima de 30 anos e, apesar de terem uma lenta queda na eficiência, conseguem produzir energia constante. Entretanto, o equipamento inversor (que transforma a corrente contínua em corrente alternada para ser utilizada pelos eletrodomésticos) possui vida útil de dez anos, que pode ser prolongada com manutenção.
A manutenção do equipamento é cara?
Normalmente o custo é de 1% a 2% ao ano do valor investido na instalação. A manutenção não é obrigatória, mas consegue prolongar a vida útil do sistema e garante uma máxima eficiência. O ideal é realizá-la de duas a três vezes ao ano e que contemple limpeza e verificação de pontos quentes nos painéis, inspeção geral, limpeza do sistema de ventilação do inversor, verificação de medidas elétricas, etc.
Em quanto tempo é possível obter retorno do investimento com a economia de energia?
A média é de quatro a oito anos. Isso depende de dois fatores diretos: radiação solar e valor da energia. Quanto maior a radiação solar e o custo do kWh (quilowatt-hora) da concessionária local, menor o tempo. Quanto maior a potência do sistema, menor o preço do watt e, portanto, mais rápido será o retorno.
O aumento no preço de energia da concessionária vai interferir no valor?
Quando você instala um sistema fotovoltaico, você se torna um autoprodutor de energia e, com isso, os efeitos diretos do aumento de energia se tornam insignificantes. Ou seja, o usuário se protege dos aumentos tarifários e das bandeiras estipuladas pelas concessionárias, pois grande parte da energia consumida virá do telhado. Além disso, a energia solar é uma fonte limpa e contribui para a redução dos gases do efeito estufa.
Se faltar energia na rede, a minha casa continuará produzindo energia?
Ainda que a produção de energia venha do telhado, o sistema não possui bateria para fornecer eletricidade em caso de falta de energia. Ele é instalado com um equipamento chamado Inversor on Grid, que é conectado à rede elétrica. Quando há falta de energia na concessionária, é desligado automaticamente – uma medida de segurança para não colocar em risco a vida de técnicos de manutenção que acessam a rede para realizar reparos.
Como funciona a energia solar à noite e quando não há consumo?
Com o sistema instalado, a casa pode tanto injetar eletricidade em excesso na rede quanto consumi-la. Isso permite que a energia excedente seja acumulada na rede de distribuidora local, funcionando como uma bateria que armazena até o momento que a unidade necessite dessa energia. Durante o dia, os painéis solares geram tanta energia que o excesso não utilizado imediatamente seja colocado na rede elétrica. Esse excesso compensa a energia usada à noite.
*Vinicius Ferraz é Cofundador e CEO da Solar21, startup fundada em Brasília