Valor da energia solar ficou mais barata no terceiro trimestre 2024

Nos últimos anos, o mercado de energia solar no Brasil tem experimentado uma significativa redução nos custos, tornando-se uma opção cada vez mais viável para consumidores e investidores. No terceiro trimestre de 2024, o preço médio da energia solar no país caiu 5% em comparação com período anterior, passando de R$ 2,66/Wp para R$ 2,53/Wp. Essa queda foi impulsionada principalmente pela redução no custo dos equipamentos, entre eles do polissilício no mercado internacional, uma matéria-prima essencial na fabricação de painéis solares.  De acordo com João Sanches, CEO da Trinity Energias Renováveis, empresa geradora de energia renovável, gestora e comercializadora de energia no mercado livre, o Brasil está se destacando como referência mundial no setor de energia solar, impulsionando o crescimento sustentável e a inovação tecnológica. “A energia solar representa mais de  20% de participação na matriz elétrica nacional, com cerca de 48 GW de potência em operação, somando as usinas de grande porte e os sistemas de micro e minigeração distribuída”, explica Sanches.

Divulgação: Trinity

Para Antônio Terra, CEO da ForGreen, a empresa de energia brasileira pioneira no setor de energia solar em geração distribuída, o avanço de novas tecnologias, somado aos preços mais acessíveis e ao surgimento de baterias para armazenamento, deve aquecer o mercado ainda mais em 2025. “As baterias solares ainda são muito caras, no entanto, diversos setores têm demonstrado interesse. O que traz a possibilidade de usarmos a energia estocada nos horários de pico, diminuindo drasticamente o consumo de energia térmica no país”, enfatiza Terra.  

Ainda segundo o executivo, o Brasil realizará um leilão para contratar sistemas de baterias de armazenamento de energia em 2025. O objetivo é estimular a tecnologia de baterias no país, atrair grandes empresas produtoras e melhorar o acondicionamento de fontes intermitentes de energia, como a solar.

A tendência de queda nos preços da energia solar não é exclusiva do Brasil. Conforme a Agência Internacional de Energias Renováveis (IRENA), os custos médios da eletricidade gerada por tecnologias solar e eólica podem diminuir entre 26% e 59% até 2025. Essa previsão é baseada em políticas e quadros regulatórios adequados que incentivem a adoção dessas tecnologias. A IRENA destaca que, desde 2009, os preços dos módulos fotovoltaicos solares caíram cerca de 80%, enquanto as turbinas eólicas tiveram uma redução de 30% a 40%.

Ranking Nacional 

No Brasil, a redução dos preços da energia solar foi observada em quase todos os estados. No ranking estadual, Minas Gerais se destacou com a maior queda de preços, onde foi registrada uma redução de 14%, o que levou o custo para R$ 2,70/Wp. Em Sergipe, também teve uma expressiva redução de 12%, seguido por Goiás (10%, para R$ 2,46/Wp). Em São Paulo, o preço caiu 8%, alcançando R$ 2,43/Wp, e Alagoas acompanhou a mesma tendência, fechando o trimestre a R$ 2,35/Wp. O Rio Grande do Sul foi o único estado que não apresentou queda, mantendo seus preços estáveis após os impactos das enchentes que ocorreram no segundo trimestre. A estabilidade nos custos na região sul, mesmo com uma queda de 3% no trimestre, consolidou a região como uma das mais caras do país para energia solar, superada apenas pelo Norte, que registrou uma tímida redução de 3%.

A expectativa é que essa tendência de queda continue nos próximos anos, com a energia solar se consolidando como uma das fontes mais baratas de geração de eletricidade. A IRENA projeta que, até 2025, o custo médio mundial de eletricidade a partir de energia solar fotovoltaica e eólica terrestre será de cerca de 5 a 6 centavos de dólar por quilowatt-hora. Essa redução de custos é atribuída a fatores como economias de escala, inovações tecnológicas e melhorias na gestão de projetos. Segundo Felipe Vorcaro, presidente do conselho e principal acionista da ForGreen, é muito importante o governo acelerar a adoção de novas medidas como incentivos fiscais, linhas de crédito e desenvolver políticas públicas que fortaleçam o setor. “O grande passo a ser dado para que o custo continue em queda é tornar a energia solar despachável”, destaca Vorcaro.

Para que essa tendência se mantenha, é crucial que os governos implementem políticas que favoreçam a redução de custos em áreas como sistemas de montagem, obras civis e custos operacionais. A narrativa de que o custo é uma barreira para a transição energética está mudando, e o foco agora deve ser em regulamentações que maximizem a oportunidade econômica das energias renováveis.

Para o CEO da Trinity, João Sanches, a baixa nos preços dos equipamentos de energia solar favorece a expansão do setor. “Há uma crescente busca por reduzir custos operacionais entre os consumidores de alta tensão no país, na busca por manter o preço de seus produtos e serviços mais estáveis, garantindo competitividade de mercado. O custo de energia dos maiores consumidores como fábricas e grandes indústrias é altíssimo e eles chegam até o mercado livre de energia buscando um custo abaixo do que o mercado cativo oferece. Além disso, as empresas estão atentas em consumir mais energia limpa”, finaliza Sanches. 

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