Automação residencial se torna mais acessível e prática no Brasil
Imagine acender as luzes de casa enquanto ainda está no trânsito ou receber uma notificação no celular caso haja algum problema elétrico. A automação residencial, antes restrita a residências de alto padrão, está se tornando mais acessível e prática, ganhando espaço no cotidiano de muitos brasileiros.
Dados da consultoria Fortune Business Insights indicam que o mercado global de casas inteligentes pode chegar a US$ 380 bilhões até 2030, com crescimento anual de mais de 25%. No Brasil, a popularização de dispositivos como assistentes de voz e câmeras inteligentes reflete um movimento global. Segundo o portal Statista, o setor apresentou alta de 35% em buscas por produtos em 2023, mostrando que a tecnologia começa a conquistar espaço em diferentes camadas da sociedade.
Para Diogo Zambetta (foto), engenheiro civil e co-fundador da Zambetta Empreendimentos, a automação residencial já vai além do luxo. “A tecnologia está sendo incorporada em projetos que focam não apenas no conforto, mas na eficiência e praticidade. Um exemplo simples é a adoção de sensores de presença, que ajudam a reduzir o consumo de energia elétrica, algo relevante em tempos de tarifas altas e sustentabilidade”, explica.
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Engenheiro civil e co-fundador da Zambetta Empreendimentos
Soluções que impactam o dia a dia
Entre as funcionalidades que vêm sendo implementadas, as lâmpadas controladas por aplicativos estão entre as mais procuradas, ideais para quem esquece luzes acesas ao sair de casa, e os sistemas de ar-condicionado que podem ser ligados ou desligados remotamente. Essa última solução tem atraído interesse principalmente em regiões mais quentes, onde a temperatura é um fator que interfere diretamente no conforto e até na saúde.
Outra aplicação prática é o uso de câmeras conectadas ao celular. Elas permitem que moradores monitorem suas casas em tempo real, uma funcionalidade especialmente útil para quem viaja ou trabalha fora durante todo o dia. Há ainda sensores de portas e janelas que enviam alertas em caso de movimentações incomuns.
Zambetta reforça que muitas dessas soluções podem ser implementadas aos poucos, adaptando-se ao orçamento e às necessidades de cada pessoa. “Não é necessário transformar sua casa inteira de uma vez. Começar com algo simples, como uma fechadura digital ou um sensor de luz, já é um grande avanço e traz benefícios imediatos ao dia a dia”, afirma.
Sustentabilidade e economia
A busca por mais eficiência no uso dos recursos é outro ponto que ajuda a explicar o crescimento desse mercado. Sistemas de irrigação automática, que funcionam apenas em horários definidos ou em períodos de baixa umidade, têm atraído quem busca economizar água sem abrir mão do cuidado com o jardim. Da mesma forma, termostatos inteligentes ajustam o consumo de energia de acordo com a temperatura externa, o que pode representar uma economia considerável ao final do mês.
Zambetta destaca que a automação vai muito além de uma questão de comodidade. “Com o aumento dos custos de energia, dispositivos que desligam aparelhos automaticamente ou ajudam a controlar o consumo estão ganhando relevância. Isso não resolve o problema das contas altas, mas pode ajudar as famílias a otimizar seus gastos. Além disso, são indispensáveis para pessoas com deficiência ou idosos, por exemplo, tornando-se ainda aliados da acessibilidade”, avalia.
A preocupação com o meio ambiente também está por trás dessa evolução. Sensores de presença evitam o desperdício de energia em cômodos vazios, enquanto sistemas de monitoramento do consumo permitem identificar aparelhos que gastam mais do que o esperado, ajudando a planejar substituições futuras.
O que esperar nos próximos anos
Nos próximos anos, a automação residencial deve se tornar ainda mais integrada à rotina. A tendência é que novos dispositivos permitam interações mais intuitivas, como comandos por voz que não apenas ligam aparelhos, mas ajustam automaticamente configurações como iluminação e temperatura de acordo com o horário do dia. Muitas dessas facilidades já estão sendo integradas em projetos residenciais Brasil afora.
Porém, um dos desafios está em tornar essa tecnologia ainda mais acessível. Para Zambetta, o crescimento do setor deve se concentrar na combinação de simplicidade e custo-benefício. “A grande oportunidade está em criar soluções que sejam fáceis de instalar e usar, mesmo para quem não tem conhecimento técnico. Isso vai ampliar o alcance e permitir que a automação chegue a mais lares”, avalia.
Com a promessa de facilitar tarefas do cotidiano, reduzir gastos e aumentar a segurança, as casas inteligentes começam a se tornar mais comuns nas cidades brasileiras. A tecnologia ainda tem desafios pela frente, mas já está mudando a forma como muitas pessoas pensam sobre suas rotinas e o espaço onde vivem.