Cabos não halogenados: o que você precisa saber?
Embora possam fazer parte de um mesmo perfil de instalação (baixa tensão, por exemplo), cabos elétricos não são todos iguais, assim como um mesmo tipo de cabo poderá não atender completamente os requisitos de segurança e performance de todo um projeto.
Locais de afluência de público são ainda mais desafiadores para projetistas e instaladores, pois requerem um cuidado ainda maior na especificação e dimensionamento dos componentes, sobretudo em termos de cabos elétricos por conta da sua abrangência na área da instalação.
Uma das maiores ameaças ao patrimônio e à vida das pessoas em locais de concentração de público é o risco de incêndios. Além do evidente dano que as queimaduras podem causar, há um elemento tão letal quanto as chamas: a fumaça tóxica.
Em situações de queima, componentes inadequados na instalação elétrica (e da infraestrutura predial como um todo) podem liberar gases tóxicos com base de cloro altamente nocivos aos seres humanos em termos de toxidez e corrosividade, além de gerarem fumaça densa que bloqueia a visão.
“Inalar essa fumaça tóxica pode ser até mesmo mais perigosa do que as queimaduras. Vale lembrar também que, além das pessoas, estes gases são tão corrosivos que podem danificar outros materiais da instalação, principalmente equipamentos eletrônicos dos circuitos de operação, sinalização, alarme e segurança”, alerta Marcondes Silvestre Takeda, gerente da engenharia de aplicação do Grupo Prysmian, empresa líder mundial na fabricação de cabos de energia e de telecomunicações.
Reforçando a prevenção a essa grave ameaça, as normas ABNT NBR 5410 (Instalações Elétricas de Baixa Tensão), ABNT NBR 13570 (Instalações Elétricas em Locais de Afluência de Público – Requisitos Específicos) e ABNT NBR 13248 (Cabos de Potência e Condutores Isolados Sem Cobertura, Não Halogenados e Com Baixa Emissão de Fumaça, para Tensões até 1 kV – Requisitos de Desempenho), entre outras, obrigam a especificação de uma categoria especial de cabos de acordo com a dificuldade da condição de fuga e da densidade de ocupação destes locais.
Essa categoria especial se refere aos cabos não halogenados, ou seja, condutores que não levam na composição de sua camada de cobertura e isolamento nenhum composto que seja oriundo ou derivado dos elementos químicos ametais conhecidos como Halogênios, que compõem o Grupo 17 ou a Família 7A da Tabela Periódica: Flúor (F), Cloro (Cl), Bromo (Br), Iodo (I), Astato (At) e Ununséptio (Uus).
“Diferente daqueles com isolação e/ou capa em PVC (policloreto de vinila), os cabos livres de halogênios possuem baixa emissão de fumaça e de gases tóxicos ou corrosivos. Além disso, com a inclusão de aditivos especiais, também fornecem efeitos retardantes à chama”, explica Takeda. “Por conta destes benefícios, a utilização de cabos não halogenados se torna interessante mesmo em situações onde eles não são obrigatórios”, completa o gerente.
As normas estabelecem a obrigatoriedade ou não da especificação destes cabos especiais em áreas comuns, em áreas de circulação ou em áreas de concentração de público de acordo com a dificuldade da condição de fuga e da densidade de ocupação destes locais.
As classificações são detalhadas pelas normas técnicas, mas basicamente estão distribuídas em quatro classificações (BD1, BD2, BD3 e BD4) que variam conforme a densidade de ocupação e o percurso de fuga do projeto.
Mesmo não sendo obrigatória na condição classificada como BD1 pela NBR 5410, ou seja, em locais baixa densidade de ocupação e percurso de fuga breve (edificações residenciais com altura inferior a 50m e edificações não residenciais com baixa densidade de ocupação e altura inferior a 28 m), pode ser interessante a instalação de cabos não halogenados.
“As condições de ocupação podem mudar ao longo do tempo, desvios de finalidade e intervenções na estrutura podem ocorrer, modificando a condição de fuga do projeto original. De uma maneira mais simples, é interessante a aplicação desta categoria de cabos em todos os locais fechados, pois segurança nunca é demais”, completa Takeda.
O cabo Afumex Green, do Grupo Prysmian, é uma das principais referências em termos de desenvolvimento tecnológico na categoria de cabos não halogenados nos últimos anos.
Desenvolvido para circuitos de tensão entre 450 e 750 V, este cabo inova por não só estar livre de compostos halogenados como também trazer uma abordagem sustentável para as instalações elétricas.
Trata-se do primeiro cabo no mundo a utilizar biopolietileno – plástico vegetal proveniente da cana-de-açúcar – na composição da camada de isolação, fazendo jus ao green que carrega em seu nome.