Indústria brasileira implantará fábrica em Portugal
É oficial: a Standard America, indústria brasileira de placas eletrônicas, com sede em Campinas (São Paulo, Brasil), finalizou todas as etapas classificatórias do projeto Portugal 2020 e receberá o aporte de investimento para implantar sua fábrica na cidade de Soure, em Portugal.
Há um ano, Standard América – que congrega pouco menos de 100 colaboradores no Brasil, sendo 80% deles mulheres acima de 45 anos de idade – iniciou a participação no projeto Portugal 2020. “A ideia da Comissão Europeia, que criou o fundo de investimentos que concederá os créditos, é fomentar os países menos desenvolvidos da Europa, reindustrializando-os e permitindo a criação de emprego e renda. Com a nova fábrica, criaremos entre 80 e 100 empregos diretos no primeiro ano, além de movimentar uma imensa cadeia indireta de fornecedores e prestadores de serviços”, informa Hidalgo Dal Colletto, CEO do Grupo Standard, que congrega as marcas Standard America (Brasil e Estados Unidos) e STD Europe (Europa).
Pelo projeto Portugal 2020, serão repassados à Standard America valores na ordem de 1,7 milhão de euros. Mas, a indústria pretende captar cerca de 10 milhões de euros a partir de fundos privados. “Com o aval do Portugal 2020, fomos procurados por fundos privados, que sinalizam investir também em nosso projeto”, comenta Dal Colletto.
Segundo o CEO, para participar do projeto Portugal 2020 foi necessário cumprir diversas etapas documentais, que incluíram projetos, apresentação de números e comprovação de capacidade técnica, produtora e de distribuição dos produtos. “Como conseguimos mostrar ao fundo que temos condições de honrar o compromisso do investimento realizado e somos uma empresa já consolidada no Brasil, com expertise para alavancar os negócios em solo europeu, as mesmas garantias são importantes para que outros fundos se interessem em investir em nossa marca”, sintetiza o CEO.
O projeto Portugal 2020
Em 2014, a Comissão Europeia reuniu a atuação entre cinco fundos europeus estruturais e de investimento para promover o crescimento de países europeus que mais necessitam de apoio para desenvolvimento: Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, Fundo de Coesão, Fundo Social Europeu, Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural e Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos e Pescas. Até o final do projeto, Portugal receberá 25 bilhões de euros até 2020 (o que, em Portugal, são 25 mil milhões de euros).
Para concorrer à verba, os projetos precisam obedecer determinados critérios, que demonstrem significativa especialização científica, tecnológica e econômica e que possam gerar vantagens competitivas ao país. Sendo avaliada dentro de todos esses critérios, a Standard America recebeu a pontuação 4,55, numa escala de 5.
A fábrica da STD Europe em Portugal
A nova fábrica da STD Europe será instalada em Soure, Portugal. O pavilhão (imóvel) para a construção dela já está sendo adquirido por meio de uma Family Office de Lisboa junto ao Crédito Agrícola, proprietário do imóvel, que será locado à Standard Europe por um determinado período, com preferência de compra. A ideia é que as obras se iniciem em outubro. “A Fuji, indústria que nos fornece maquinário, realizou uma visita técnica conosco em maio, na cidade, para nos ajudar a projetar um parque tecnológico de ponta. Na ocasião, também visitamos potenciais clientes nas cidades de Lisboa, Aveiro, Soure, Figueira da Foz, Porto e Vila Real. E, a partir da instalação da fábrica, a ideia é atender não só Portugal, mas toda a Europa”, prevê o CEO.
A nova fábrica iniciará a operação com duas linhas de produção, que garantirão faturamento de 2 milhões de euros no primeiro ano.
A operação da Standard America no Brasil
A Standard America tem uma operação singular, no Brasil. Em abril de 2020, a Stolden, indústria de placas eletrônicas instalada em Campinas, que operava havia dois anos, decidiu fechar suas portas por medo de endividar-se pela crise advinda por causa da pandemia. Os proprietários colocaram todos os colaboradores em aviso prévio, mas Hidalgo Dal Colletto e um sócio compraram a operação, reempregaram os colaboradores – na época, cerca de 40 pessoas, a maior parte delas mulheres acima dos 45 anos de idade – e iniciaram uma verdadeira operação de ascensão do negócio.
Apenas um ano depois (em abril de 2021), o faturamento da empresa cresceu oito vezes, o número de colaboradores foi ampliado em 155%, os fornecedores saltaram de quatro para 55; a carteira de clientes foi ampliada de dez para 71 empresas e a marca alcançou a Europa e os Estados Unidos. O sócio Hidalgo Dal Colletto acaba de adquirir 100% da operação, passando a controlar a totalidade do Grupo e ficando à frente do negócio.
Ele comenta a nova fase do empreendimento: “Investimos em novo maquinário, que acaba de chegar, com planejamento tecnológico de ponta, fornecido pela Fuji. Temos capacidade tecnológica e mão de obra qualificada para atender empresas dos mais variados portes e previsão de faturamento na ordem de R$ 32 milhões até o final de 2021”.