5 pontos para colocar em prática e reduzir os riscos de acidentes elétricos na empresa
Por João Marcio Tosmann*
Os números dos acidentes elétricos no Brasil são impressionantes. No último levantamento realizado pela Abracopel foram 1.387 ocorrências em 2017, com 702 mortes no país. A região Nordeste registrou o maior número de vítimas fatais (42%), seguida pelo Sudeste (20%), Sul (16%), Centro Oeste (10%) e Norte (8%).
Destes, 22 casos ocorreram com profissionais eletricistas que trabalham em empresas ou de forma autônoma. Isso nos mostra que mesmo os profissionais que atuam na área e que possuem conhecimentos inerentes à profissão se acidentam. Este levantamento reforça ainda mais a importância de zelar pela segurança dos trabalhadores que atuam nas atividades que envolvem o uso de energia elétrica.
O dever de zelar pela saúde e segurança dos trabalhadores é da empresa. No entanto, o comprometimento para que isso aconteça deve ser de toda a equipe. O melhor dispositivo de segurança ainda é um empregado bem treinado, atento e cuidadoso.
Se não for devidamente controlado, o uso da energia elétrica pode causar ferimentos graves. Muitos especialistas dizem que os acidentes no trabalho acontecem por desconhecimento, descaso ou descuido. Mas como a sua empresa deve atuar para reduzir os riscos de acidentes elétricos?
Listamos cinco pontos importantes que precisam estar bem resolvidos para evitar acidentes elétricos na rotina da sua empresa. Dá uma olhada e faça uma check-list para garantir que tudo esteja sendo feito!
1 – Engajar a equipe com o tema segurança – Quem tem uma equipe preocupada e engajada com a segurança já sai na frente. Para isso é preciso criar e estabelecer uma cultura da segurança na sua empresa. Essa cultura engloba as crenças, as atitudes, as normas e as práticas de trabalho que devem ser compreendidas e seguidas por toda a equipe. Cada um dentro da empresa representa um papel importante na garantia da segurança todos. A dica é estabelecer um programa que valorize os comportamentos seguros nas atividades elétricas (e outras, é claro!) e as melhores práticas no local de trabalho. Entre os benefícios para a empresa estão a redução do número de acidentes, a maior competitividade no mercado, o aumento de produtividade dos trabalhadores e o comprometimento da equipe.
2 – Reforçar a importância dos equipamentos de proteção – A liberação de energia elétrica inesperada pode ocorrer em diversas situações, como durante a manutenção de máquinas e equipamentos, por exemplo. Para evitar ocorrências a desenergização é fundamental para que o trabalhador possa executar o seu trabalho em segurança.
E daí a importância dos procedimentos de bloqueio e etiquetagem para a proteção dos trabalhadores. É a partir desses dispositivos que são prevenidos os riscos de transmissão ou liberação de energia durante uma atividade, evitando o acionamento acidental de um equipamento ou sistema. Entre os dispositivos utilizados para este fim estão: os cadeados de bloqueio, a caixa de bloqueio, os travamentos de disjuntores, o cabo de bloqueio geral, as garras de bloqueio para travamento de grupos, entre outros.
Os equipamentos de proteção individual devem ser utilizados também, principalmente quando não for possível tomar medidas que permitam eliminar os riscos do ambiente de trabalho. Entre os EPIs mais utilizados nas indústrias estão: capuz ou balaclava para a proteção da cabeça; óculos e viseiras para proteção de olhos e face; luvas e mangotes para proteção de mãos e braços; máscaras e filtros para proteção respiratória; coletes e macacões para proteção do corpo; sapatos, botas e botinas para proteção de pernas e pés.
3 – Manter o foco na atividade, sempre! – O funcionário precisa ter cuidado na realização de suas tarefas. Isso assegura o máximo de segurança para si mesmo, seus colegas de trabalho e todos da empresa. Para isso, existe a técnica de autoverificação, que ajuda a reduzir a ocorrência de erros nas atividades industriais.
Este procedimento é muito importante quando se fala em energia elétrica. Trata-se da verificação executada pelo próprio trabalhador, mesmo que a atividade desempenhada seja parte de sua rotina: como testes para a conexão de uma instalação elétrica, posicionamento de chaves de controle e disjuntores, instalações de fusíveis, entre outras. Deve ser realizada em 4 etapas:
PARAR – faz com que o funcionário pare antes da execução da tarefa e aumente a sua atenção para realizar a tarefa de forma correta.
PENSAR – oportunidade para entender o que deve ser feito, identificar se tudo está de acordo com o previsto para a execução da tarefa.
AGIR – executar efetivamente a tarefa.
REVER – avaliar e assegurar que a atividade foi realizada com sucesso.
4 – Capacitar, treinar e reciclar – Muitas técnicas e medidas existem para que as atividades que envolvem o manuseio da energia elétrica sejam seguras. No entanto, essas ações não são eficazes sem o devido treinamento do trabalhador que irá atuar nesta frente.
É importante reforçar que somente profissionais autorizados e que estiverem treinados poderão realizar trabalhos em instalações elétricas e nas suas proximidades. Por isso, os treinamentos e as melhores práticas devem estar sempre atualizados.
5 – Cobrar atuação efetiva da CIPA – A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) é uma ferramenta de extrema importância. É por meio da atuação de seus membros que é possível estabelecer a cultura de segurança na empresa e obter o engajamento da equipe.
Entre os seus deveres estão: manter atualizado o mapa de riscos das diversas áreas da empresa e a realização da Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho (SIPAT).
Espero que essas dicas possam ser úteis e aplicáveis para você e a sua equipe. Segurança sempre em primeiro lugar!
*João Marcio Tosmann é formado em Engenharia Elétrica, com ênfase em Eletrônica, pela PUC-RS, com pós-graduação em Administração Industrial pela USP e MBA em Marketing pela ESPM. Possui experiência em projetos de manutenção industrial e logística em autopeças. Atuou como membro da diretoria do Complexo Industrial Automotivo General Motors (CIAG) e líder de projetos de novos veículos. Atualmente é diretor da Tagout, indústria de produtos de Bloqueio e Etiquetagem que oferece consultoria, treinamento e elaboração de procedimentos para implantação do Programa de Controle de Energias Perigosas (PCEP).