Iluminação de emergência

O eletricista deve procurar por produtos de fabricantes que prezam pela qualidade, cumpram as normas, ofereçam bons prazos de garantia e tenham respeito pelo consumidor. Cuidados na instalação também requerem habilidade do profissional.

Verão é sinônimo de chuvas fortes, raios, quedas de árvores sobre a rede elétrica e, consequentemente, de interrupções no fornecimento de energia. Para garantir condições mínimas de segurança nas edificações, é essencial contar com sistemas adequados e eficientes de iluminação de emergência. Nesse contexto, o eletricista exerce um papel fundamental, pois, em muitos casos, ele é responsável tanto pela indicação ou aquisição dos produtos, quanto por sua instalação e manutenção.

Sobre este assunto, a Reportagem da Revista Potência entrevistou Wanderley Mario Bolelli, coordenador da Setorial de Iluminação de Emergência da Associação Brasileira da Indústria de Iluminação (Abilux). Confira a seguir.

➤ Qual o tamanho do mercado de iluminação de emergência no Brasil?

Não dispomos de números oficiais. A estimativa é em torno de quatro milhões de unidades/ano.

➤ Quantos fabricantes/marcas atuam hoje nesse segmento no País?

Fabricantes instalados no Brasil são cerca de 20 empresas. Importadores, sobretudo da China, somam algumas dezenas.

➤ Que fatores normalmente impulsionam as vendas nesse mercado (novas construções, ampliações, reformas, modernizações, etc)?

Em primeiro lugar, a obrigatoriedade legal em diversas capitais e alguns Estados, como São Paulo. A conscientização e cultura de segurança complementam os estímulos do mercado.

➤ Em que situações é obrigatório o uso de iluminação de emergência?

Desde a criação, o homem teme a escuridão. O primeiro dispositivo artificial para iluminação foi o fogo. Ao longo dos tempos, a evolução trouxe as lâmpadas elétricas que dependem de uma fonte de alimentação externa sujeita a eventuais falhas. Nesse sentido, buscando preservar a segurança das pessoas em momentos de falta de energia, foram criados os equipamentos de iluminação de emergência com fontes próprias (pilhas ou baterias) e também os geradores autônomos.

APLICAÇÃO
Os sistemas de iluminação de emergência são indicados em todos os locais onde a falta de luz coloca em risco a vida humana como, por exemplo, hospitais.

Quanto às situações de uso, o raciocínio é mais amplo. Os sistemas de iluminação de emergência são indicados em todos os locais onde a falta de luz coloca em risco a vida humana como, por exemplo, hospitais, escadarias prediais ou locais em que possam ocorrer tumultos e graves acidentes, como shoppings, cinemas, escolas, mercados, arenas esportivas, estações metroferroviárias, fábricas, aeroportos, hotéis, restaurantes, escritórios, etc. Porém, a maior importância desses dispositivos é em casos de incêndio, pois a rede elétrica tem de ser desligada ou ela normalmente é o agente causador. Nesses casos, é vital o funcionamento da iluminação de emergência não somente para as pessoas evacuarem o local rapidamente, mas também para propiciar condições para os bombeiros iniciarem as operações de resgates e combate ao fogo.


Buscando preservar a segurança das pessoas em momentos de falta de energia, foram criados os equipamentos de iluminação de emergência com fontes próprias (pilhas ou baterias) e também os geradores autônomos.


➤ Há problema de falta de qualidade nesse setor? Que tipo de riscos a falta de qualidade pode levar aos usuários?

Infelizmente, sim. Principalmente com os produtos de baixa qualidade, importados, sobretudo, da China. O risco é simplesmente não funcionar nas situações necessárias e favorecer condições para eventuais acidentes e tumultos.

➤ Que normas técnicas regem este setor? Elas estão sendo cumpridas? O mercado está bem organizado sob este aspecto?

Basicamente, o setor é regido pela NBR 10898 e IEC 60598-2-22:2014, as quais são cumpridas por pouquíssimos fabricantes, que têm a consciência focada na qualidade e na responsabilidade que a segurança do sistema deve proporcionar. Quanto à organização do mercado, esta é quase nula, pois os interesses econômicos e a falta de comprometimento com as premissas citadas são absolutos, principalmente dos importadores de materiais da China. Existem no mercado Leis Estaduais, Municipais, Código de Obras, Instruções Técnicas do Corpo de Bombeiros e, recentemente, uma Lei Federal (Lei Kiss – nome dado em função da tragédia ocorrida em Santa Maria, RS), que está em fase de regulamentação. Todos eles tratam da matéria, porém, não se aprofundam em características construtivas dos produtos.

OBRIGATORIEDADE
Cinemas, teatros e casas de shows precisam ser equipados com equipamentos de iluminação de emergência.

➤ Que cuidados o usuário e/ou eletricista deve ter no momento da escolha/compra da melhor solução para atender as necessidades (tanto do ponto de vista técnico quanto da qualidade)?

Procurar os produtos de fabricantes que prezam pela qualidade, cumpram as normas, ofereçam bons prazos de garantia e tenham respeito ao consumidor.

➤ Quais os principais tipos/modelos de luminárias de emergência disponíveis no mercado?

Hoje a predominância é das Unidades Autônomas para Iluminação/ Sinalização de Emergência, chamados blocos/luminárias autônomas.

➤ Quais as últimas novidades em termos de desenvolvimento tecnológico dos produtos (matérias-primas, funcionalidades agregadas, etc.)?

A revolução da tecnologia LED, naturalmente, atinge os dispositivos de emergência, trazendo inúmeros benefícios. Esses produtos oferecem maior eficácia luminosa, utilizando baterias de menor capacidade, além de melhorias no design e possibilidades de agregar inteligência aos produtos. Como no mercado de lâmpadas esta transição tem gerado muitos problemas – com materiais de baixa qualidade, propaganda enganosa –, isso só será corrigido com a exigência do cumprimento das normas, certificação do Inmetro e rígida fiscalização.

➤ Que tipos de providências são necessárias para manter um sistema de iluminação de emergência funcionando e em ordem?

Tratando-se de um bom produto, que tem uma média de vida ao redor de quatro anos, basta mantê-lo conectado à rede elétrica.

➤ Quais os tipos de manutenção ou checagem são necessários fazer nesses produtos e com que periodicidade?

A recomendação é um teste funcional, que deve ser realizado trimestralmente.

ATENÇÃO
Com o passar do tempo, a realização de testes e eventuais manutenções é essencial para o bom funcionamento dos equipamentos.

➤ Quais os riscos e problemas decorrentes da falta desses cuidados?

O principal risco ou problema é o equipamento não funcionar nas horas necessárias, ou seja, quando se mais precisa.

➤ Independentemente de prazos, quais os sinais que indicam que o equipamento precisa de manutenção ou substituição?

Quando o tempo de funcionamento estiver abaixo da norma (duas horas), com consequente diminuição da luminosidade oferecida.

➤ Em tese, o eletricista de um edifício ou empresa é um profissional apto a exercer atividades como especificação, aquisição, instalação e manutenção dos sistemas de iluminação de emergência? Caso contrário, quem estaria mais habilitado para cada uma dessas funções? E quais dessas funções o eletricista pode executar sem problemas?

Em tese, sim. Porém, por pressões econômicas, falta de conhecimento específico do eletricista ou do contratante, propagandas enganosas de produtos e outros fatores induzem o profissional a utilizar produtos de baixa qualidade, cujo principal atrativo é o preço baixo. O profissional eletricista, em sua maioria, está apto a efetuar a instalação e a manutenção dos sistemas de iluminação de emergência. Muitos detêm conhecimento e experiência que podem auxiliar na especificação e também na compra.

Já nas edificações empresariais, como nos exemplos citados, quando as premissas de segurança são cumpridas à risca, as especificações técnicas são feitas por projetistas (engenheiros, arquitetos, bombeiros) com conhecimento em leis, normas de segurança, luminotécnica, etc. E é assim que deve ser. Qualquer tipo de instalação elétrica deve sempre ser feita por profissionais qualificados e a manutenção por pessoas habilitadas.

One thought on “Iluminação de emergência

  • janeiro 28, 2021 em 8:07 pm
    Permalink

    Sim. Comercializo iluminação de emergência sob encomenda, mas é difícil difundir produtos de boa qualidade no mercado, em razão das luminárias da China. Luminárias da China tem vida útil de 6 meses em média, descartáveis e poluidoras do meio ambiente, devido as baterias que seguem para o lixo com elas.

    Resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.