Retrofit de instalações industriais

Por Laus Henrique Sabino dos Santos*

Nos diversos setores da indústria, a prática de retrofit de equipamentos, linhas de produção ou processos vem ganhando força por conta dos vários benefícios percebidos ao substituir, adicionar ou adequar máquinas antigas, instalando dispositivos de automação que acompanhem as novas tecnologias do mercado.

Entre os benefícios da adoção do retrofit em instalações industriais, estão: novas formas de monitoramento do processo, redução de tempo de paradas de equipamentos e linhas de produção, fácil alteração de layout ou produto, redução de espaço, economia de energia, além da redução de custos de equipamentos descontinuados. Tudo isso resulta em um aumento geral da produtividade, que varia de acordo com o segmento e tipo de instalação, e principalmente, idade do equipamento ou da linha.

Além do aumento de produtividade, também podemos estimar reduções de custo, espaço, vida útil, entre outras análises, quando temos o histórico do processo e um bom planejamento das alterações futuras. Desde o final de 2010, tivemos um grande aumento no retrofit de equipamentos visando a adequação à NR12, norma que regula a segurança no trabalho em máquinas e equipamentos com o objetivo de reduzir os acidentes de trabalho.

As adequações de equipamentos às exigências da NR12 colaboraram para a modernização das fábricas com a implantação de dispositivos que, além de oferecer mais segurança, também permitiram o aumento de produtividade. Assim, o modelo ganhou cada vez mais destaque no mercado. Ou seja, através do retrofit, é possível conectar novos equipamentos a sistemas antigos que vão permitir o acesso remoto, monitoramento e coleta de dados para uso em melhorias e identificação de desvios, ao encontro do que se espera das fábricas inteligentes e Indústria 4.0.

Retrofit, modernização ou reforma? Na verdade, “retrofitar” é a união entre a modernização e a reforma. Quando se vai fazer um retrofit em uma máquina, podemos fazer a modernização, ou seja, analisar o que pode ser melhorado e aumentar a sua performance, focando muito nos processos e produtividade.

Já quando a máquina se torna obsoleta, é hora de reformar, que funciona como uma manutenção preventiva, evitando problemas futuros causados pela quebra de um componente ou produto desatualizado.
Quando devo investir no retrofit? Em primeiro lugar, o investimento no retrofit ganha especial importância quando um equipamento ou produto entra na fase de descontinuidade. Não adianta a empresa fazer um estoque de peças de um produto descontinuado quando pensamos no longo prazo. Em uma determinada hora a produção será afetada por conta de falhas ou quebras no equipamento.

Outro exemplo vem do setor automobilístico, que geralmente retrofita a sua linha de montagem regularmente, quando do lançamento de novos modelos. Os projetos dos veículos são constantemente reformulados para atender aos cada vez mais exigentes consumidores, aplicando novas tecnologias e, especialmente, para se manterem competitivos no mercado. Se as montadoras não realizassem os retrofits de suas linhas de produção, a cada novo modelo seria inviável manter a planta em funcionamento. A adaptação e implementação de dispositivos e equipamentos auxiliam na rápida troca de modelos em produção a um custo viável, muito menor do que uma eventual nova linha de montagem a cada modelo lançado.

O processo de retrofit geralmente é realizado em períodos mais ociosos como final do ano, quando geralmente as empresas entram em recesso, ou durante o 3º turno ou finais de semana, reduzindo o tempo de parada das máquinas. Mas essa estratégia depende do planejamento de cada empresa.
Como garantir o sucesso do retrofit dos equipamentos? É preciso investir em equipamentos que, mesmo quando descontinuados ou que já sejam considerados antigos, possam se comunicar facilmente com os mais novos.

É preciso ter a capacidade de adaptar conectores de equipamentos antigos nos mais novos, migrar informações e dados facilmente para novos programas, contar com softwares que aceitam conversões de programas antigos, uma rede industrial mais antiga que continue em funcionamento mesmo com a instalação de uma nova tecnologia, garantindo a compatibilidade entre as gerações.

Cada produto deve obedecer a uma linha de tempo em que cada equipamento converse com a sua nova versão. Mas, para que essa linha do tempo realmente seja válida, os produtos já precisam ser desenvolvidos pensando nessa continuidade e, a cada mudança, o fabricante precisa informar claramente sobre como e quando serão realizadas as alterações, além de indicar com precisão qual equipamento, dispositivo ou programa entra para substituir a versão anterior.

Essa continuidade é uma das bases de uma verdadeira parceria entre o fabricante e a empresa usuária do seu produto, mantendo um relacionamento longo e produtivo, ao lado dos distribuidores e integradores, permitindo adotar estratégias como o retrofit, que vão aumentar a produtividade de instalações industriais de todos os portes, com um custo mais acessível que a simples troca de equipamentos.

*Laus Henrique Sabino dos Santos é especialista de Produtos de Automação Industrial da Mitsubishi Electric

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