Cabos PP 500 volts não podem ser utilizados em instalações elétricas fixas

Levantamento feito pela Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel) em seu Anuário Estatístico de Acidentes de Origem Elétrica 2023, ano-base 2022, revela números alarmantes.

O estudo mostra que 592 pessoas morreram o ano passado por conta de choques elétricos. Além disso, revela um total de 1.828 acidentes com energia elétrica, uma média de cinco por dia.

De acordo com a Abracopel, os números são superiores ao de 2021, que teve um total de 1.579 de acidentes com energia elétrica.

Em 2022, aconteceram 853 acidentes por causa de choques elétricos, seguidos por 874 ocorrências envolvendo incêndios por sobrecarga de energia (curto-circuito) e 55 mortes, bem como 101 acidentes por descargas atmosféricas (raios), com 39 óbitos.

Segundo o Anuário Estatístico da Abracopel, a região com maior número de óbitos por conta do choque elétrico foi a Nordeste (206), seguida da Sudeste (118). O Sul do país registrou 96 mortes; enquanto o Norte 88; e o Centro-Oeste, em último lugar da lista, 84.

O professor e engenheiro eletricista Hilton Moreno (foto), que também é consultor técnico da COBRECOM, explica que diversos erros podem comprometer a segurança da instalação elétrica e, com isso, ocasionar sérios acidentes com a energia elétrica.

Hilton Moreno
Consultor técnico da COBRECOM

“Um desses erros é a utilização dos Cabos PP 500 volts em instalações elétricas fixas de canteiros de obras, hospitais, casas, prédios comerciais ou residenciais, indústrias, estande de feiras, entre outros”, afirma Moreno.

Segundo Hilton Moreno, uma instalação elétrica fixa é aquela constituída pelos quadros de luz, eletrodutos (ou canaletas, perfilados, leitos etc.) que contêm os cabos elétricos, caixas, tomadas, interruptores, luminárias e demais componentes elétricos de uma edificação.

O profissional ainda esclarece que os Cabos PP 500 volts são indicados apenas para uso como cabo de ligação de aparelhos eletrodomésticos (geladeiras, aspiradores de pó, lavadora de roupas, entre outros), extensões, máquinas e ferramentas elétricas portáteis, que requerem um cabo de alta flexibilidade e resistência à abrasão.

“A utilização dos Cabos PP 500 volts está restrita aos casos citados acima, na qual o condutor, que está incorporado ao equipamento ou extensão, liga exclusivamente o aparelho à tomada. O Cabo PP 500 volts não foi desenvolvido para ser utilizado dentro de eletrodutos, bandejas, perfilados, entre outros condutos, alerta Hilton Moreno.

Isso porque as características e propriedades físicas, químicas e mecânicas dos cabos PP 500 volts são diferentes dos requisitos dos cabos recomendados para as instalações fixas, como são os casos dos cabos 450/750 isolados em PVC e dos cabos 0,6/1 kV isolados em HEPR ou XLPE.

Outro ponto importante, é que por conta de sua norma técnica, o Cabo PP 500 V não possui propriedades antichama, que é uma característica exigida nos cabos mais comuns para uso geral nas instalações elétricas fixas.

De acordo com Moreno, os Cabos PP 500 V devem ser produzidos de acordo com a Norma ABNT NBR NM 247-5:2009 – Cabos isolados com policloreto de vinila (PVC) para tensões nominais até 450/750 V.

E a NBR 5410, que rege as Instalações Elétricas de Baixa Tensão, proíbe a utilização dos Cabos PP e de qualquer outro condutor elétrico produzido de acordo com NBR NM 247-5 em qualquer instalação elétrica fixa.

“Para quem não está acostumado a lidar com materiais elétricos diariamente é muito fácil confundir os cabos PP isolados para 500 V com os cabos multipolares isolados para 1 kV indicados para a instalação fixa, pois eles são visualmente parecidos. Porém, os cabos utilizados para ligação de equipamentos são mais frágeis por terem resistência mecânica menor que os demais, o que pode resultar em danos mais frequentes na cobertura e isolação, aumentando assim as possibilidades de fugas de correntes, choques elétricos e incêndios”, conclui Moreno.

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