Eletricista deve estar atento à segurança do trabalho
O Dia do Eletricista é comemorado todo dia 17 de outubro. A data celebra o trabalho deste profissional que é o responsável por executar toda a instalação e fazer a manutenção da rede elétrica nos mais diversos tipos de imóveis como casas, indústrias, edifícios comerciais, entre outros.
Mas, a profissão do eletricista vai mais além de puxar fios, instalar disjuntores e outros dispositivos de segurança e realizar outras tarefas comuns de instalação elétrica, iluminação e automação. Além de ter sólidos conhecimentos técnicos de todos os serviços de seu dia a dia, é essencial que este trabalhador também esteja preocupado com a sua segurança pessoal.
“A dica mais importante para um eletricista é sempre trabalhar focado no serviço, esquecendo seus problemas particulares e o celular. Qualquer erro cometido por ele durante o serviço pode comprometer a sua própria segurança e a das pessoas que vão utilizar aquela instalação elétrica e o patrimônio na qual ela está inserida. E, quando este trabalho é com a instalação energizada, é necessário ter dez vezes mais atenção e foco”, ressalta o professor e engenheiro eletricista Hilton Moreno, que também é consultor técnico da COBRECOM, que fabrica fios e cabos elétricos de baixa tensão.
Segundo o consultor técnico da COBRECOM, faltam estatísticas precisas sobre a quantidade de acidentes de trabalho que envolve eletricistas, porém o choque elétrico é a principal causa de acidentes com esses profissionais, sendo que este problema ainda pode resultar em queimaduras e quedas de lugares altos.
Para evitar quaisquer riscos no desenvolvimento de suas atividades, é fundamental que o eletricista utilize equipamentos de proteção individual e também trabalhe de acordo com as regulamentações com a NR-10 – Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade, que está em vigor desde dezembro de 2004 e que trata de todos os serviços que envolvam eletricidade e seus riscos.
Entre as exigências que essa norma regulamentadora trouxe para diminuir os riscos de acidentes com os trabalhos em eletricidade estão itens como a obrigatoriedade do uso de técnicas de análise de risco para cada tarefa e projeto e a utilização de vestimentas e equipamentos de proteção individual (EPIs) de acordo com cada tipo de serviço em eletricidade.
“Outro ponto importante proposto pela NR-10, que está em processo de revisão e que deve ser publicada uma nova edição em 2024, é que um eletricista só pode trabalhar sob a supervisão de um profissional que seja qualificado e habilitado como um engenheiro, um técnico ou um tecnólogo, que além de terem um diploma reconhecido pelo MEC, possuem registro no Crea (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia)”, explica Hilton Moreno.
Além disso, de acordo com a NR-10, o eletricista só pode exercer a sua atividade se for capacitado, ou seja, antes de qualquer tarefa com eletricidade precisa ter sido treinado por um profissional capacitado, autorizado e habilitado (engenheiro, técnico ou tecnólogo).
Desta forma, caso o eletricista sofra um acidente numa situação em que ele não está sob a supervisão de outro profissional capacitado e habilitado, o próprio eletricista será responsável integralmente pelo acidente.
A NR-10 também determina que é obrigatório que os profissionais que lidam com eletricidade passem por treinamentos como o Curso Básico de Segurança em Instalações e Serviços com Eletricidade e o Curso Complementar em Segurança no Sistema Elétrico de Potência (SEP).
“Caso o acidente aconteça em uma condição na qual o eletricista trabalha sob supervisão, como previsto na NR-10, deverão ser realizadas perícias adequadas para apontar os responsáveis pelo ocorrido. Os resultados das perícias podem ou não apontar outras pessoas além do próprio eletricista como responsáveis pelo acidente, variando de caso para caso”, completa o consultor técnico da COBRECOM.
Mercado de trabalho
Segundo Moreno, até mesmo nas obras residenciais, que possuem menor porte se comparadas às grandes obras, é obrigatório que haja um responsável técnico pelo projeto e instalação elétrica e os profissionais que lidam com a instalação devem seguir as prescrições da norma NR-10.
“No caso das construtoras e empreiteiras que lidam com grandes obras como hospitais, indústrias, supermercados e shopping centers, por exemplo, o trabalho funciona conforme o previsto, já que, em geral, essas empresas contam com profissionais habilitados e qualificados que supervisionam as tarefas dos eletricistas. Porém, nas obras de pequeno porte, na qual a contratação dos profissionais fica por conta do proprietário do imóvel, muito raramente os serviços de eletricidade são realizados de acordo com a NR-10”, afirma Hilton Moreno.
O consultor técnico da COBRECOM alerta que, de acordo com a NR-10, até mesmo o eletricista autônomo precisa passar por treinamentos de capacitação e trabalhar de acordo com a NR-10 de forma a aumentar a sua própria segurança e a dos usuários da instalação.
Equipamentos de proteção individual do eletricista
Os principais EPIs para eletricistas que trabalham com baixa tensão são:
Capacete de segurança: é um dos itens de segurança mais conhecidos e fundamentais para eletricista de baixa tensão, que tem a função de proteger o crânio contra quedas de objetos e também contra choques elétricos.
Óculos de proteção: devem ser fabricados com materiais resistentes a chamas e arcos elétricos, isolando a região dos olhos. É um EPI indispensável, sendo de responsabilidade do eletricista a verificação periódica e diária de sua conservação.
Ferramentas isoladas: são muitas as ferramentas isoladas que devem ser utilizadas no dia a dia, como alicates, chave de boca, chave de teste e outras com cabos de materiais isolantes, etc.
Calçado de segurança: não deve apresentar qualquer material metálico em sua composição. O calçado de segurança ideal é o calçado dielétrico, ou seja, que consegue isolar 100% da eletricidade.
Luva de segurança: protege as mãos do eletricista durante a execução dos mais variados tipos de trabalhos, da instalação à manutenção de equipamentos e estruturas. O ideal é a utilização de luva de borracha, justamente para garantir a isolação elétrica.
Manga isolante de borracha: tem como função resguardar os braços do trabalhador, garantindo simultaneamente também mais segurança onde há maiores riscos de contato com eletricidade.
Cinto de segurança: é um EPI indicado para trabalhos em altura.
Protetor Facial: tem como função proteger a face do trabalhador, olhos, boca, nariz, etc.
Vestimentas: o ideal é que o eletricista de baixa tensão trabalhe com camisas e calças especiais, fabricadas com matérias-primas selecionadas que atuam contra agentes térmicos gerados por arcos elétricos.
“Além das medidas de proteção individual, a NR-10 também traz prescrições para garantir a segurança dos eletricistas com relação à chamada proteção coletiva. Entre elas estão o aterramento temporário de partes vivas desenergizadas, uso de cadeados para impedir a religação indevida de chaves e disjuntores, utilização de sinalização específica com indicação de realização de serviços, entre outras”, esclarece Hilton Moreno.