Período das férias de verão requer atenção redobrada para evitar acidentes com energia elétrica

Estudo realizado pela Abracopel (Associação Brasileira de Conscientização para os perigos da Eletricidade) aponta que os acidentes de origem elétrica aumentaram no 1º semestre de 2023. De acordo com a entidade, nos primeiros seis meses do ano aconteceram 992 ocorrências, contra 949 no mesmo período do ano passado.

Os números de mortes também subiram no 1º semestre de 2023 e totalizam 399 acidentes fatais. No mesmo período do ano passado as estatísticas apontam para 384 óbitos. Os choques elétricos são os principais causadores desses incidentes: 458 acidentes com 330 mortes em 2022, e 521 ocorrências com 350 mortes nos primeiros 6 meses de 2023.

Com relação às descargas atmosféricas (raios que geraram alguma consequência, seja de vítimas ou alguma perda de patrimônio), o levantamento da Abracopel revela que aconteceram 28 no 1º semestre de 2022 contra 50 em 2023. As mortes, porém, caíram. Em 2022 foram 21 e em 2023, 14.

Como as férias de verão estão logo aí e como muitas pessoas tiram férias no período e, principalmente, as crianças e pré-adolescentes ganham mais tempo livre para brincar e se divertir, é hora de todos redobrarem a atenção e os cuidados para evitar acidentes com a energia elétrica.

Segundo a COBRECOM, fabricante de fios e cabos elétricos, alguns cuidados podem garantir a segurança contra a queda de raios e ainda prevenir acidentes elétricos com as pessoas que estão de férias em casa.

De acordo com o professor e engenheiro eletricista Hilton Moreno, que também é consultor técnico da COBRECOM, durante o verão o uso mais frequente, com maior duração e máxima intensidade de aparelhos de ar-condicionado, ventiladores, circuladores de ar, freezers, refrigeradores e outros, pode fazer com que mais acidentes elétricos aconteçam.

“Como uma maior quantidade de aparelhos eletroeletrônicos podem ser utilizados e nem sempre as instalações elétricas têm tomadas em quantidades suficientes e localizadas perto dos aparelhos, isto implica no uso de adaptadores tipo benjamin (T) e extensões, que, se não adequadamente empregadas, podem ser fontes de sobrecargas e curtos-circuitos, que podem resultar em princípios de incêndios”, alerta Hilton Moreno.

O profissional ainda explica que como os aparelhos tendem a ser ligados em potência máxima e por longos períodos, caso a instalação não esteja bem dimensionada, os cabos elétricos e demais componentes podem ser vítimas de aquecimentos excessivos que resultam igualmente em princípios de incêndios se não houver dispositivos de proteção adequadamente dimensionados para essas situações.

Atenção especial com crianças e adolescentes

Dentro da casa o principal cuidado é com relação às tomadas, enquanto na parte externa o maior perigo está em empinar pipas em locais que possuem rede elétrica aérea.

“Os responsáveis pelas crianças devem manter as instalações elétricas e os aparelhos bem cuidados e conservados. Qualquer sinal de defeito ou mau funcionamento deve ser corrigido imediatamente por um profissional qualificado. Além disso, a retirada de equipamento eletrônico da tomada deve ser feita sempre por um adulto”, ressalta Moreno.

Ainda segundo o profissional, os procedimentos de conscientização são sempre importantes, mas, dependendo da idade da criança, ela pode não ser capaz de assimilar os ensinamentos.

“Por isso, atenção muito especial deve ser dada à existência de um sistema de aterramento adequado na casa, e deve ser garantida a presença do DR, que é um dispositivo de proteção automática contra choques elétricos. E, com essas duas medidas, é possível diminuir drasticamente a quantidade de acidentes por choques elétricos com crianças e também com os adultos”, orienta o consultor técnico da COBRECOM.

Tomadas

Devem ser instaladas de forma que fiquem posicionadas fora do alcance das crianças, inclusive as tomadas de uso específico, que são aquelas na qual ficam ligados os equipamentos de alta potência, como ar-condicionado, torneira elétrica, forno elétrico, geladeira, entre outros.

“O modelo ideal de tomadas para usar em locais com crianças é o que possui o chamado “obturador”, que mantém o contato elétrico da tomada fechado na ausência de um aparelho ligado nela. No entanto, embora tal modelo de tomada não seja facilmente encontrado em todas as lojas no Brasil, vale a pena pesquisar, pois os riscos de choques nas tomadas são drasticamente reduzidos”, recomenda Moreno.

Réguas, extensões e benjamins

Assim como as tomadas, esses produtos estão entre as principais causas de acidentes, seja por choque elétrico, por queimadura ou por quedas ao tropeçar nos cabos elétricos das extensões.

Por isso, os pais ou responsáveis devem estar atentos para que as crianças não toquem diretamente nesses componentes, nem devem deixar os cabos elétricos das extensões jogados de qualquer forma no meio dos locais de circulação das pessoas.

Uma dica para evitar o uso excessivo de extensões e benjamins é especificar uma tomada para cada aparelho elétrico. Numa sala de TV, por exemplo, onde são ligados diversos equipamentos, uma boa solução é prever quatro tomadas em uma única caixa.

Além disso, os fios e cabos da própria instalação elétrica não devem ficar soltos ao alcance das mãos e pés das pessoas. Por isso, nas residências, os fios e cabos elétricos devem obrigatoriamente ser instalados dentro de eletrodutos, canaletas ou outros componentes específicos para essa finalidade.

Atenção ao empinar pipa

Neste caso, os cuidados devem ser redobrados, sendo que a prática de soltar pipa deve ser realizada em lugares longe da rede elétrica aérea.

“As linhas utilizadas para empinar pipas não são totalmente isolantes e, mesmo quando possuem elevada resistência elétrica, a energia proveniente da rede aérea que foi tocada pela linha da pipa pode circular pela periferia da linha, que está úmida ou molhada, suja, com salinidade ou outros aspectos que a tornam condutiva. Desta forma, quando a linha da pipa toca no condutor da rede aérea que está energizado, a criança acaba sendo energizada também, sofrendo as consequências de um choque elétrico, que podem até levar a criança ao óbito”, alerta Hilton Moreno.

Também é fundamental que essa brincadeira não seja realizada em dias e horários com possibilidade de chuvas fortes, como as de verão, que possuem grande incidência de raios.

“Os raios em geral procuram os caminhos mais altos para percorrerem até chegarem ao solo e, eventualmente, um dos caminhos pode incluir a linha da pipa, que por vezes atinge até algumas dezenas de metros, praticamente funcionando como se fosse um captor de raios (para-raios), atingindo a criança ou adolescente, causando sérios problemas”, adverte o consultor técnico da COBRECOM.

Alerta com os temporais e descargas elétricas

Com relação a esse ponto, Hilton Moreno indica que as pessoas nunca fiquem expostas em áreas externas quando o céu começa a ficar nublado, pois, mesmo sem chuva, podem acontecer descargas atmosféricas (raios).

“Mesmo raios que aconteçam a quilômetros de distância, podem atingir pessoas, pois eles possuem muitas ‘ramificações’ que podem se propagar por enormes distâncias. Assim, ao menor sinal de nuvens carregadas, as pessoas devem procurar imediatamente locais abrigados, preferencialmente construídos com tijolos, concreto, pedras ou estruturas metálicas. Jamais se abrigar sob árvores e estruturas de madeira, plástico, acrílico, vidros, entre outros, pois os raios destroem facilmente esses materiais”, destaca Moreno.

De acordo com o profissional, também nas situações com presença de raios, as pessoas devem evitar ficar próximas de janelas e portas que dão vista para o exterior e não utilizar telefones com fio.

“Aparelhos celulares que não estão sendo carregados na tomada podem ser utilizados normalmente. Se possível, devem ser retirados da tomada todos os aparelhos eletroeletrônicos, para evitar que queimem se uma parte do raio penetrar na instalação elétrica por meio dos cabos elétricos que existem nas ruas e que atuam como ‘antenas’ capturando as descargas”, afirma o consultor técnico da COBRECOM.

Para evitar acidentes elétricos com relação aos raios em residências é preciso utilizar o dispositivo elétrico chamado DPS (Dispositivo Protetor de Surtos), que é instalado no quadro elétrico e que pode ser instalado adicionalmente junto às tomadas e tem por finalidade reduzir os riscos de queimas de aparelhos e acidentes com pessoas na ocorrência de raios que se propagam pelo interior da fiação elétrica.

“O uso deste DPS no quadro geral é praticamente obrigatório em todas as instalações elétricas no Brasil, incluindo as residências. O uso de DPS junto às tomadas é opcional, sendo recomendado quando o aparelho tem um valor elevado”, diz Hilton Moreno.

Instalação luzes natalinas também merecem cautela

Neste caso uma dica é sempre dar preferência para cordões de luz de alta qualidade, fabricados com materiais resistentes.

“Evite a aquisição de produtos excessivamente baratos, que podem apresentar diversos problemas e riscos de acidentes elétricos. Além disso, a iluminação natalina não deve ser ligada às extensões e aos benjamins, pois podem ocorrer sobrecargas”, orienta Hilton Moreno.

Segundo ele, no caso de reaproveitar a iluminação natalina utilizada em outros anos é fundamental checar se os cordões estão em bom estado, sem trincas, rachaduras e ressecamentos. Quando mal conservados, os cordões das luzes podem comprometer não só o seu funcionamento, como também a segurança da instalação elétrica.

“Atualmente, os cordões de luz com lâmpadas LED são boas opções, pois possuem maior segurança, principalmente em relação ao calor gerado pelas lâmpadas, que, em modelos mais antigos, pode ser excessivo e provocar sobrecargas e até mesmo princípios de incêndios”, revela Moreno.

Em áreas externas devem ser escolhidos somente os produtos para essa finalidade, pois os mesmos são fabricados com compostos especiais que resistem à ação do tempo.

“Caso contrário, terão seus materiais deteriorados rapidamente, podendo resultar em choques elétricos e até mesmo incêndios. Sempre procure na embalagem do produto a indicação de que podem ser utilizados em áreas abertas sujeitas a sol e chuva”, aconselha Hilton Moreno.

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