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ENERGIA EÓLICA ALCANÇA O PATAMAR DE SEGUNDA FONTE MAIS PRESENTE NA MATRIZ ELÉTRICA BRASILEIRA, FICANDO ATRÁS APENAS DA HIDROELETRICIDADE.

REPORTAGEM: PAULO MARTINS

Favorecido pela natureza, o Brasil possui excelente condições de vento para a geração de energia. Após um bom período dedicado ao planejamento e muitas dificuldades iniciais, os frutos dessa indústria começam a ser colhidos. Hoje a energia eólica é a segunda fonte mais importante na composição da matriz elétrica nacional.

O mercado passou por um crescimento exponencial nos últimos 15 anos e mantém boas perspectivas de crescimento futuro, por conta do potencial de geração do País e de sua demanda crescente de energia.

A indústria especializada em equipamentos, componentes e serviços enxerga o Brasil como um mercado estratégico, e, por conta disso, vem reforçando sua atuação nessa área, inclusive com presença física no País. Entretanto, para que o processo de desenvolvimento tenha sequência, especialistas apontam para a necessidade de modernização do setor de energia e de continuação dos leilões, entre outras providências.

Apesar de ser uma indústria relativamente nova no Brasil, os patamares atingidos em pouco tempo pela área eólica no país impressionam – os números usados neste capítulo da reportagem constam no boletim InfoVento nº 11, atualizado em 16 de maio e publicado pela Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica).

Atualmente o País concentra 7.500 aerogeradores em operação em 602 parques eólicos, distribuídos por 12 estados. A capacidade instalada é superior a 15,1 GW. Em 2018 foram gerados 48,4 TWh de energia eólica, ou seja, o suficiente para abastecer 25,5 milhões de residências/mês (cerca de 80 milhões de habitantes).

Toda essa estrutura construída faz com que a energia eólica tenha alcançado a marca de segunda fonte mais presente na matriz elétrica brasileira, representando 9,2%, tendo ultrapassado a biomassa (9%) e ficando atrás apenas da hidrelétrica (60,3%).

Conforme destaca a ABEEólica, o bom vento para energia eólica precisa atender três critérios: deve ser unidirecional, constante e estável (velocidade). Tais ventos, prossegue a associação, são abundantes no Nordeste e no Sul brasileiro.

De fato, a lista de estados com maior capacidade instalada em energia eólica é encabeçada por essas regiões. Em primeiro lugar está o Rio Grande do Norte, com 4.066,1 MW, seguido por Bahia (3.951,0 MW), Ceará (2.045,4 MW) e Rio Grande do Sul (1.831,8 MW). Depois aparecem Piauí, Pernambuco, Maranhão, Santa Catarina, Paraíba, Sergipe, Rio de Janeiro e Paraná.

No mundo, o Brasil ocupa no momento o oitavo lugar no ranking de capacidade instalada de energia eólica. O País vem galgando posições, pois em 2012 era apenas o 15º colocado nessa lista.

As perspectivas para o futuro da energia eólica no Brasil são positivas. A evolução da capacidade instalada corrobora esta previsão. Em 2005 o País tinha capacidade instalada de 22,1 MW. Esse número vem crescendo substancialmente, ano a ano: 928,0 MW em 2010; 8.722,7 MW em 2015; 15.876,0 MW em 2019 e previsão de 19.918,4 MW em 2023. A ABEEólica observa que os dados futuros referem-se a contratos viabilizados em leilões já realizados e no mercado livre, e que novos leilões deverão adicionar mais capacidade instalada nos próximos anos.

A ABEEólica destaca ainda as contribuições que a energia eólica proporciona para o País. De 2011 a 2018, os investimentos no setor totalizaram US$ 31,2 bilhões. Somente no ano passado, esse montante esteve na casa dos US$ 1,3 bilhão. E mais: cada MW instalado representa a abertura de 15 postos de trabalho. Atualmente essa indústria emprega mais de 200 mil pessoas.

Fabricantes de equipamentos eólicos analisam momento do mercado brasileiro

A cadeia da indústria eólica está muito bem estruturada no Brasil, contando inclusive com a presença de players renomados, com destacada atuação no cenário internacional. Muitos deles mantêm importante estrutura local, seja através de fábricas ou unidades de vendas e de serviços. Apesar de alguns percalços, as empresas ouvidas pela reportagem fazem uma leitura positiva do mercado brasileiro neste momento.

A Siemens Gamesa atende a maioria dos clientes eólicos tradicionais globais e locais no Brasil, que são produtores independentes de energia, concessionárias de serviços públicos e outros players especializados em energia renovável.

A atuação no Brasil divide-se em duas Unidades de Negócios: Onshore e Serviços. A companhia destaca que o negócio ‘Onshore’ oferece turbinas eólicas inovadoras, fabricadas com base em um histórico comprovado e excelência tecnológica, além de desempenho otimizado, através da configuração personalizada do produto, que cobre as necessidades do cliente, permitindo controle e flexibilidade completos.

A unidade de negócios ‘Serviços’ oferece um portfólio de produtos abrangente e flexível para manutenção e otimização da frota de turbinas eólicas, além de oferecer serviços para outras frotas OEM/multitecnologia.

No Brasil, a Siemens Gamesa alcançou 3,1 GW de capacidade instalada, com mais de 1.550 turbinas eólicas. Em relação à Unidade de Negócios de Serviços, a companhia é responsável pela O&M (Operação e Manutenção) de 3,7 GW (frota própria e de terceiros).

Por tudo isso, a companhia considera o Brasil um mercado-chave e estratégico, tanto nas áreas onshore e serviços relacionados, em curto e médio prazos, como também para os futuros aplicativos offshore.

Eduardo Angelo, diretor de desenvolvimento de negócios da Siemens Gamesa no Brasil destaca que o País concentra um grande potencial para gerar energia eólica, além de uma demanda crescente por energia, conforme sinalizado pelo governo federal. Ele observa que em 2018 foram realizados três leilões para ampliar a oferta e pelo menos outros dois já estão programados.

SIEMENS GAMESA – Parque eólico com turbinas Siemens Gamesa. No Brasil, a companhia alcançou 3,1 GW de capacidade instalada, com mais de 1.550 turbinas eólicas.

“O País possui um dos recursos eólicos onshore de melhor qualidade do mundo, o que permite a geração de energia em um nível competitivo e com sazonalidade complementar à energia hidrelétrica. É exatamente por isso que a energia eólica, juntamente com outras fontes renováveis, serão os principais protagonistas na expansão da matriz energética brasileira nos próximos anos”, analisa Eduardo.

Atenta aos passos do mercado, após vendas e instalações bem-sucedidas de suas plataformas Siemens Gamesa 2.X e 3.X, a companhia anuncia para o mercado brasileiro o lançamento da próxima geração da plataforma Siemens Gamesa 5.X. A empresa acredita que a solução será o benchmarking da indústria eólica para Produção Anual de Energia (AEP), combinando a maior potência nominal do portfólio onshore da empresa com o maior rotor do segmento, com o objetivo de reduzir o LCoE (Custo Nivelado de Energia).

Energia eólica, juntamente com outras fontes renováveis, serão os principais protagonistas na expansão da matriz energética brasileira nos próximos anos. EDUARDO ANGELO | SIEMENS GAMESA

Eduardo revela que as características de cada localidade são levadas em conta nos estudos que precedem o desenvolvimento de soluções. Naturalmente, o Brasil está inserido nesse processo. “A Siemens Gamesa possui 7 centros tecnológicos em todo o mundo, contabilizando mais de 1.200 especialistas em Pesquisa & Desenvolvimento e engenheiros dedicados. Antes de lançar qualquer nova plataforma de produtos, todas as regiões devem contribuir com as particularidades e requisitos específicos do país que irão compor as Especificações de Design do Produto. O Brasil é um dos principais países nos negócios onshore e tem dado importante contribuição na definição do produto certo que precisamos para as condições brasileiras”, garante Eduardo.

A Siemens Gamesa conta com aproximadamente 650 colaboradores diretos no Brasil. Desses, cerca de 130 ficam em São Paulo, que concentra toda a equipe de gestão, suporte e funções administrativas, vendas, engenharia, compras e gerenciamento de projetos para onshore e serviços, além de áreas operacionais. Em Camaçari (BA), cerca de 160 funcionários trabalham na planta de hubs e nacelles e no Centro de Distribuição de peças de reposição e componentes menores e uma oficina de reparos. Além disso, a Unidade de Serviços tem mais de 330 funcionários localizados nos parques eólicos onde a Siemens Gamesa presta serviços de campo O&M.

A ABB destaca que está presente em mais de 60% dos projetos de energias renováveis no Brasil, considerando a diversidade do portfólio da companhia para este segmento. “Atualmente estamos participando de mais de 200 oportunidades e estamos executando mais de 50 projetos no País”, comemora Glauco Freitas, vice-presidente de Marketing e Vendas de Power Grid da ABB.

Atualmente estamos participando de mais de 200 oportunidades e estamos executando mais de 50 projetos no País. GLAUCO FREITAS | ABB

Segundo Glauco, como líder desse segmento, a ABB tem consolidado sua participação efetiva nos projetos de BoP (Balance of Plant) elétrico em diversos clientes em todas as regiões do Brasil. “Vale a pena ressaltar a repetitividade da ABB no fornecimento de projetos em um mesmo cliente, demonstrando nosso compromisso no cumprimento dos contratos, o que traz como recompensa a fidelização de alguns dos principais players do mercado”, observa o executivo.

A perspectiva da companhia quanto ao desempenho do mercado eólico brasileiro nos próximos anos é positiva. Existe grande expectativa, por exemplo, em relação aos resultados dos próximos leilões de energia nova. “Esperamos ter projetos maiores (em capacidade de geração) e que necessitarão de níveis de conexão cada vez mais elevados (500kV). Entretanto, comparado com os últimos anos, notamos uma certa estabilização no volume de projetos eólicos e o crescimento acelerado nos projetos solares”, contrapõe Glauco.

ABB – A ABB destaca que está presente em mais de 60% dos projetos de energias renováveis no Brasil, considerando a diversidade do portfólio da companhia para este segmento.

No Brasil, no segmento de energia eólica, a ABB atende clientes como concessionárias de geração de energia, investidores e EPCistas.  A companhia possui um amplo portfólio de produtos, sistemas e serviços voltados para essa área. A ABB atua na consultoria e na elaboração de estudos; para geração, fornece motores, geradores e transformadores; para a conexão dos aerogeradores, fornece subestações unitárias e redes coletoras de média tensão; também fornece subestações coletoras até a conexão com o grid, além de oferecer controle e supervisão de todo o parque, incluindo o sistema elétrico; possui ainda equipe de service para realizar serviços de operação e manutenção das subestações.

A ABB mantém no Brasil fábricas e times de engenharia locais para desenvolvimento e suporte técnico de equipamentos, serviços e sistemas. “Possuímos fábricas de motores, transformadores, equipamentos de alta e média tensão com time de suporte técnico e engenharia local, bem como uma equipe de serviços de manutenção e operação especializada em subestações”, enumera Glauco.   

Globalmente, a ABB investe cerca de US$ 1,5 bilhão/ano em pesquisa e desenvolvimento. A companhia está preparada para atender às necessidades específicas dos clientes, uma vez que cada parque eólico exige uma solução particular. “A ABB tem projetos desenvolvidos em áreas alagadas, em regiões rochosas e outros com proximidade do litoral. As diversas possibilidades e aplicações são desenvolvidas localmente com uma equipe própria de engenharia e são customizadas para cada cliente/ projeto”, assegura Glauco.

Avanço tecnológico contribui para manter serviços em alta

No segmento de energia eólica, a Baur do Brasil atende clientes como empreendedores proprietários dos parques eólicos; construtoras de parques e empresas responsáveis pela O&M dos parques.

A companhia oferece soluções para realizar a gestão da rede coletora subterrânea dos parques eólicos, destacando que a rede coletora é responsável por conduzir toda a energia elétrica produzida, dos aerogeradores até uma subestação centralizada.

A Baur disponibiliza todo o serviço de diagnóstico e gestão dessa rede, mas também pode apenas fornecer os equipamentos necessários, para o caso de empresas que preferem realizar o trabalho com pessoal próprio. Esse trabalho de gestão consiste em realizar medições periódicas da condição de conservação do cabo e realizar análises dos resultados para avaliar o seu estado de conservação. Daniel Bento, diretor-executivo da Baur do Brasil, conta que as áreas de engenharia das empresas vêm optando pela realização de testes de tensão aplicada com uma nova tecnologia, que é o VLF (Very Low Frequency), em detrimento dos testes em Hipot DC, que são destrutivos aos cabos isolados. “A Baur é líder mundial na fabricação deste tipo de equipamento (VLF). Com essa decisão das engenharias, e o aumento dos parques em operação, houve aumento tanto nas vendas de equipamentos quanto também dos serviços que oferecemos”, revela Daniel.

BAUR – A Baur disponibiliza todo o serviço de diagnóstico e gestão da rede coletora subterrânea dos parques eólicos ou pode apenas fornecer os equipamentos necessários.

A Baur mantém boas perspectivas quanto ao desempenho do mercado eólico nos próximos anos. “Temos a expectativa de que a projeção estabelecida no Plano Decenal de Energia da EPE (Empresa de Pesquisa Energética) se concretize, tendo em vista o grande potencial eólico que o Brasil dispõe, associado a toda a cadeia produtiva instalada”, diz Daniel. Além do segmento de geração de energia – no qual a eólica é a principal fonte para os negócios da Baur, a companhia atua em outros dois segmentos: nas grandes indústrias e nas empresas de distribuição de energia elétrica. “O segmento de geração é muito representativo em nosso portfólio, e, principalmente com o crescimento dos últimos anos, temos apresentado grande dedicação a esse segmento”, comenta Daniel.

Temos a expectativa de que a projeção estabelecida no Plano Decenal de Energia se concretize, tendo em vista o grande potencial eólico que o Brasil dispõe. DANIEL BENTO | BAUR DO BRASIL

Presente em 80 países, a Baur possui infraestrutura completa em somente 6 (Alemanha, França, Hong Kong, Reino Unido, Espanha e Brasil). Com sede na cidade de São Paulo, a Baur do Brasil mantém no País um centro de treinamento; estoque de equipamentos para pronto-atendimento dos clientes e um laboratório estruturado para realizar calibração dos equipamentos nos clientes e, se necessário, a manutenção. Os equipamentos são desenvolvidos e fabricados na Áustria, porém, toda a parte de serviços possui tecnologia nacional. “A análise dos resultados das medições requer muitos estudos, pois não é simples interpretar os resultados das medições, e, nesse aspecto, a empresa investe no conhecimento nacional. Inclusive a Baur possui dois doutores em física que possuem a função de analisar o comportamento dos sinais físicos e elétricos extraídos das medições para avaliar o real estado de conservação dos cabos”, conta Daniel.

Por conta das características próprias do País, os parques eólicos brasileiros exigem soluções com algum tipo de análise específica. “O Brasil possui muitos parques eólicos localizados em regiões de dunas. Nessas condições há características particulares na deterioração da condição de conservação dos cabos. É justamente por esse motivo que investimos em profissionais com larga experiência teórica e prática para realizar análises precisas e assertivas”, exemplifica Daniel.

Obstáculos a serem vencidos para favorecer o crescimento

Apesar dos excelentes índices de crescimento atingidos pelo setor de energia eólica no Brasil, esse mercado não está completamente livre de problemas. Entre os gargalos mais óbvios, merecem reflexão a questão da carência de mão de obra especializada e a necessidade de a economia do País atingir maior estabilidade.

Na opinião de Daniel Bento, diretor-executivo da Baur do Brasil, o País possui hoje um ambiente positivo para investimentos na área eólica. “Há uma estrutura nacional, o marco regulatório está bem consolidado e é possível encontrar financiamento para construção. Portanto, há um conjunto de fatores bem favoráveis”, sintetiza.

Um ponto de atenção, prossegue o executivo, fica por conta do (baixo) crescimento do País. Ele observa que o ano de 2019 começou com projeções de um Produto Interno Bruto superior a 2% e que essa previsão inicial já declinou – o que pode esfriar os ânimos do mercado. “Um PIB reduzido significa baixo crescimento no consumo de energia, e isso faz com que não seja necessário contratar nova geração de energia. Nós já vivenciamos esse cenário em 2016, quando não foi contratada nenhuma nova usina eólica, justamente em uma sequência de dois anos com PIBs negativos ultrapassando o limite dos -3%”, lembra Daniel.

No segmento de atuação da Baur do Brasil, existem ainda questões mais específicas que precisam ser equacionadas. Um grande desafio é compor a equipe com qualificação que associe uma sólida base teórica e experiência prática para realizar as análises das medições, considerando as particularidades dos parques eólicos brasileiros e realizando uma avaliação assertiva. “Esse é um conhecimento que não se aprende na faculdade. Precisamos formar profissionais com esse conhecimento. Inclusive, enviamos profissionais para serem treinados e desenvolvidos na Europa, com o objetivo de qualificá- -los de forma a entregar um serviço de excelente qualidade”, conta Daniel. Para que o mercado eólico continue se desenvolvendo de maneira consistente, o executivo da Baur destaca que primeiramente é preciso haver crescimento econômico do País para que seja possível viabilizar a construção de novas usinas. Em seguida, prossegue ele, não pode haver interferência política nas decisões e marcos regulatórios. “As intervenções políticas desestabilizam a regulação e causam desconfiança no mercado”, complementa Daniel. Como problema que afeta a área eólica, Glauco Freitas, vice-presidente de Marketing e Vendas de Power Grid da ABB destaca uma situação particular desse mercado. De acordo com ele, existem empresas que migraram de outros segmentos, tais como indústria e óleo e gás, e que no momento encontram dificuldades, passando a ser concorrentes sem o mesmo nível de conhecimento técnico dos competidores tradicionais. 

Ele diz ainda que os incentivos no setor estão sendo reduzidos, e a necessidade de capital dos investidores, sem a mesma porção de contrapartida dos bancos de fomentos, faz com que alguns projetos estejam congelados.

Sobre o tipo de planejamento que o Brasil precisa adotar para que o mercado eólico continue crescendo de maneira consistente, Glauco acredita que a confirmação dos leilões de energia pelo governo, a facilitação dos licenciamentos para projetos renováveis e facilidade de crédito para estes projetos levará o País à posição de grande produtor de energia limpa e fará com que os equipamentos sejam cada vez mais baratos.

Eduardo Angelo, diretor de desenvolvimento de negócios da Siemens Gamesa no Brasil destaca que o ambiente de negócios do País tem desafios específicos que exigem uma estratégia local e de longo prazo para qualquer empresa que queira ter sucesso. “No entanto, uma vez que a maioria desses desafios seja superada, há uma tremenda oportunidade de ser explorada quando o Brasil retomar seu caminho de crescimento e atrair investimentos estrangeiros”, pondera. 

Eduardo destaca que a energia eólica é a fonte que mais cresce na matriz energética brasileira, saindo do zero, há alguns anos, para uma participação de 9,2%, atualmente. Prosseguindo, o porta-voz da Siemens Gamesa observa que novas tecnologias de turbinas eólicas e serviços relacionados, combinadas com uma das melhores condições de vento em terra do mundo, contribuíram para posicionar a eólica como a fonte de energia mais competitiva dentre todas as disponíveis no País. Assim, a energia eólica tem tudo para continuar liderando um crescimento consistente no Brasil.

Entretanto, Eduardo destaca que a modernização do setor de energia é uma prioridade para torná-lo mais ágil, criando um equilíbrio justo entre a precificação e a regulamentação de energias antigas e novas e incentivando a liberdade de expandir as PPAs de energia bilaterais (mercado livre). “Enquanto tivermos um ambiente de negócios estável e confiável, que honre todos os seus contratos e não mude a regra, estaremos atraindo mais empresas e investimentos estrangeiros”, finaliza.  

Soluções personalizadas

A empresa brasileira Echoenergia fez um pedido de 97 MW para fornecimento e instalação de 23 turbinas V150- 4.2 MW no parque eólico de Serra do Mel, localizado no estado do Rio Grande do Norte. O pedido é uma extensão do projeto de 101 MW, primeira encomenda da Vestas no Brasil para a turbina V150-4.2 MW.

O projeto eleva o número de pedidos da Vestas para a V150-4.2 MW no Brasil para 1.063 MW apenas sete meses após a empresa ter anunciado planos para produzir o modelo da turbina no Ceará. As turbinas V150-4.2 MW se encaixam perfeitamente às condições de vento do Brasil, incluindo o custo de energia nivelado (LCoE) muito competitivo e a capacidade da Vestas de personalizar soluções de energia eólica para atender a necessidades específicas do local de cada projeto.

ROGÉRIO ZAMPRONHA | PRESIDENTE DA VESTAS NO BRASIL E LATAM SUL

“Com este pedido, a Vestas ultrapassa o importante marco de 1 GW de pedidos para a V150-4.2 MW no Brasil em apenas sete meses, o que mostra o impacto que esta turbina tem no mercado. Também estamos muito satisfeitos em alcançar esse marco com a Echoenergia, que foi o primeiro cliente brasileiro a fazer um pedido para a turbina V150-4.2 MW”, afirma Rogério S. Zampronha (foto), presidente da Vestas no Brasil e LATAM Sul.

As naceles serão fabricadas na fábrica da Vestas no Ceará, enquanto que as pás e torres também serão produzidas localmente de acordo com as regras do Finame II do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A entrega de turbinas está prevista para o segundo trimestre de 2020, enquanto que o comissionamento está previsto para junho de 2020.

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