Fios e cabos: momento de expectativa
Pandemia do coronavírus leva apreensão ao mercado de fios e cabos, que comemorava discretamente a retomada da construção civil.
Os condutores elétricos de baixa tensão constituem um material obrigatório em qualquer tipo de edificação, seja residencial, comercial ou industrial. Assim, praticamente todo movimento de expansão do mercado que envolva construção ou reforma acaba impulsionando as vendas de fios e cabos.
Vale lembrar que a indústria da construção engloba tanto as grandes obras, feitas pelas construtoras (construção formal), quanto a chamada autoconstrução – quando os próprios donos encabeçam pequenas edificações e reformas, normalmente fazendo suas compras no comércio varejista.
Após anos de estagnação, em 2019 foi possível notar sinais de retomada na atividade da construção civil. Segundo estudo da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Nacional), o País registrou crescimento de 15,45% nos lançamentos de imóveis residenciais novos, na comparação com 2018.
De fato as vendas de algumas indústrias de fios e cabos subiram no ano passado. Para este ano, no entanto, o clima é de grande expectativa, tanto por conta do baixo índice de confiança dos investidores brasileiros quanto pela pandemia de coronavírus, que certamente impactará a economia de todo o mundo.
Como reflexo imediato, vários eventos de negócios estão sendo adiados por conta da pandemia, como a maior feira brasileira de materiais para construção, a Feicon, que aconteceria entre 31 de março e 3 de abril. Normalmente esse tipo de evento produz um grande volume de negócios para as empresas, tanto imediatos quanto futuros. A mostra foi reagendada para setembro.
De forma geral, o momento é de incerteza, pois as consequências de todas as crises somadas é imprevisível. Resta aos empresários alimentar a confiança de que tudo irá passar, mais cedo ou mais tarde, e seguir trabalhando.
João Carro Aderaldo, CCO Brasil da fabricante de fios e cabos elétricos Prysmian Group destaca que a retomada da construção civil verificada nos últimos meses ainda não reflete nos negócios neste momento devido ao fato de que os fios e cabos não são utilizados na fase inicial das obras: “Apesar de não serem diretamente um acabamento, eles entram nessa fase. E o acabamento sempre está deslocado pelo menos uns dois anos do início da obra. Então, do lançamento até que haja impacto na indústria de fios e cabos leva um certo tempo”, explica.
O executivo da Prysmian observa que a atividade da construção civil normalmente é dividida igualmente entre a construção formal e a autoconstrução. Entretanto, devido à crise que afetou os grandes lançamentos, as vendas no varejo, para as pequenas obras, chegaram a representar 70% dos negócios do mercado. “A tendência é de que esse quadro volte a se equilibrar, mas o que segurou e ainda segura o mercado de fios e cabos é o varejo”, atesta. De acordo com o executivo, têm surgido algumas oportunidades de negócios com a construção de hospitais e data centers. Por outro lado, são poucos os projetos nos segmentos de infraestrutura, prédios comerciais, shoppings e galpões logísticos.
No dia em que concedeu esta entrevista, 18 de março, João Carro destacou que o momento era de incerteza em relação a como ficaria o andamento das obras pelo País, por conta da pandemia do coronavírus. O tamanho do impacto que esse problema irá produzir nos negócios era e certamente ainda é desconhecido. Vale lembrar que algo entre 25% e 30% do mercado de fios e cabos depende da movimentação da construção civil, ou seja, esse setor é bastante importante para os fabricantes.
Presente em todo o universo de fios e cabos, o Grupo Prysmian fornece soluções para mercados como power grids (GTD), telecom (fibra ótica, submarino), mobilidade e transportes (ferroviário, naval, automotivo) e indústrias (mineração, renováveis, óleo e gás), entre outros segmentos. No caso específico de infraestrutura e construção, a companhia fabrica cabos de potência e controle, multimídia e cabos especiais.
Para este ano está previsto o lançamento de um novo cabo em 750 V, para aplicação no mercado da construção residencial. Segundo João Carro, será um produto diferenciado e que agregará uma série de melhorias. A companhia também está colocando no mercado uma oferta de cabos para comunicação do tipo LAN, igualmente dedicado ao segmento da construção civil. “Seguimos trabalhando e buscando inovações nesse segmento”, informa o CCO.
A fabricante SIL destaca que a área da construção civil exerce um papel fundamental em seus negócios. “Como os fios e cabos são materiais básicos para o setor, nosso desempenho está intrinsicamente ligado à cadeia da construção como um todo”, diz Pedro Morelli, gerente Comercial e de Marketing da companhia.
A SIL disponibiliza ao mercado soluções que possuem aplicação desde a energização dos equipamentos na obra até a instalação elétrica da edificação, incluindo desde o ponto de entrada da concessionária de energia até os pontos de iluminação, tomadas ou qualquer outro ponto de consumo elétrico. A empresa oferece também cabeamento para rede de computadores e monitoramento por câmeras IP. “Se a obra possuir sistema de geração de energia solar, entramos com os cabos utilizados na ligação das placas das células fotovoltaicas”, avisa Pedro.
Para atender a todo o País, a SIL conta com um vasto contingente de representantes comerciais. A empresa mantém equipes especializadas em todo o território nacional, atendendo desde pequenos varejistas aos grandes home centers. “Também atuamos pontualmente em vendas diretas para construtoras e ao governo nas esferas municipal, estadual e federal”, relata o gerente.
Devido à sua relação muito próxima com o varejo, a SIL tem seu produto vinculado aos mais distintos submercados dentro da construção civil. “Dada a capilaridade da nossa distribuição, obras de pequeno e médio porte, quando estimuladas por condições economicamente favoráveis, geram um impacto relevante na nossa atividade”, observa Pedro.
Após alguns anos prejudicada pela crise que assola praticamente todos os setores da economia brasileira, a empresa informa que teve um resultado “positivo e relevante” em 2019, com crescimento em relação aos anos anteriores. “Foi perceptível, sim, um movimento de retomada em 2019. Quanto à dimensão dessa movimentação, há uma série de fatores – muitos dos quais fogem do controle da indústria – que determinaram o momento positivo. Internamente, a ideia foi aproveitar o crescimento recente para nos estruturarmos de forma a estar preparados para o futuro, ficando cada vez menos sujeitos às externalidades”, comenta Pedro Morelli.
Apesar do bom resultado obtido recentemente, o momento não é ideal para previsões. “O resultado em 2019 e o começo de 2020 traziam sinalização positiva ao setor. No entanto, com o decorrer dos fatos recentes, é necessário esperar para conseguirmos, sem sub ou supervalorizar, medir os impactos da pandemia global do coronavírus na economia como um todo e mais especificamente em nosso segmento”, finaliza o gerente Comercial e de Marketing da SIL.
O segmento da construção civil é de suma importância também para a IFC/ COBRECOM, que atende desde lojas de materiais elétricos e de construção até as construtoras. “O setor tem grande peso para os nossos negócios. Por isso, trabalhamos para estar presentes nas principais redes de distribuição de materiais elétricos e de construção, assim como nos principais varejistas de todas as regiões do País”, comenta o diretor Gustavo Verrone Ruas.
Em 2019, as vendas da empresa, de maneira geral, superaram as expectativas. “No ano passado atingimos 20% a mais de vendas, em relação ao ano de 2018”, comenta o executivo. Gustavo informa que o mercado vem apresentando sinais de melhora nos últimos meses e indica que as perspectivas para o futuro são de otimismo: “Esperamos que os próximos meses sejam marcados pela retomada da construção civil. Com isso, temos a expectativa de aumentar a nossa participação no mercado nacional”.
O diretor da IFC/COBRECOM aponta que tanto as novas construções quanto as reformas e projetos de ampliação apresentam excelentes perspectivas de bons negócios. “Os produtos da IFC/ COBRECOM estão presentes nas principais revendas de materiais elétricos e de construção, assim como em importantes obras pelo País, como aeroportos, hospitais, estações de metrô e em projetos de grandes indústrias”, enumera.
As boas perspectivas da IFC/COBRECOM para 2020 e anos futuros se devem a fatores como o posicionamento conquistado pela companhia no cenário nacional. “Estamos cada vez mais consolidados no mercado. Isso se dá principalmente pelo fato de a IFC/COBRECOM estar sempre comprometida com a alta qualidade e a segurança de seus produtos. Projetamos para os próximos anos expandir ainda mais a nossa marca e os nossos produtos, ampliar o nosso parque fabril e prestar excelentes serviços para o mercado, além de fazer excelentes negócios e fortalecer ainda mais a parceria com nossos clientes”, detalha Gustavo.
Especializada na fabricação de fios e cabos elétricos de baixa tensão (para tensões até 1 kV), a IFC/COBRECOM produz cabos antichama (para instalações internas fixas, industriais, comerciais e residenciais de luz e força); cabos para circuitos de alimentação e distribuição de energia em instalações industriais, subestações de transformação, ao ar livre ou subterrâneas em locais de excessiva umidade ou diretamente enterradas no chão, em eletrodutos, bandejas e canaletas; cabos para instalações fotovoltaicas e cabos não halogenados (para locais de grande afluência de público, como shoppings, torres comerciais, hotéis, teatros, cinemas, arenas esportivas, hospitais, entre outros).
Problemas do setor
Além de enfrentar as dificuldades impostas pela crise do País, em um setor que já é naturalmente competitivo, os fabricantes de fios e cabos que trabalham corretamente precisam lidar com outro desafio: a existência de produtos de qualidade duvidosa no mercado.
João Carro Aderaldo informa que os cabos desbitolados e fora de norma representam algo entre 15% e 20% do mercado de fios e cabos de aplicação residencial – segmento esse que, de forma geral, costuma considerar principalmente o preço dos produtos.
O índice citado é significativo e o problema atrapalha bastante os negócios dos fabricantes sérios. “Para as empresas que trabalham direito, ter acesso a 100% do mercado ou ter acesso a 80% do mercado faz diferença”, analisa o CCO Brasil da Prysmian.
O executivo destaca que o risco envolvido é grande, pois instalações elétricas de baixa qualidade são capazes de gerar incêndios. “As pessoas estão comprando cabos que não têm capacidade de conduzir a corrente para a qual eles foram projetados”, alerta João Carro.
Se na autoconstrução a atenção dada à questão da qualidade ainda é pequena, pelo menos essa preocupação cresce na esfera predial comercial e, principalmente, em mercados de operação crítica, como hospitais e data centers.
Pedro Morelli concorda que o maior problema do mercado de fios e cabos elétricos é o alto número de empresas que comercializam produtos fora de norma. Ele conta que uma operação do IPEM-SP (Instituto de Pesos e Medidas do Estado de São Paulo), no ano passado, identificou na capital 22 marcas de produtos fora de norma, com selo Inmetro válido ou falsificado, num universo de 36 marcas inspecionadas. “A falta de qualidade decorre, sobretudo, da não conformidade técnica dos produtos. Nesses casos, há menos cobre que o especificado nas normas do produto, ou seja, vai haver uma redução de capacidade de corrente. O resultado é o sobreaquecimento do produto com a transmissão da corrente elétrica, o que pode gerar acidentes e, num caso mais extremo, incêndio”, analisa o executivo.
Pedro entende que a maior organização do setor depende da atuação dos órgãos de fiscalização e também da conscientização do consumidor. Segundo ele, a partir da compreensão dos riscos e desvantagens financeiras da utilização de produtos fora de norma, haverá cada vez menos espaço para fabricantes que não atuam dentro da conformidade. “O que o consumidor muitas vezes não leva em consideração é que mesmo com o custo menor, os produtos fora de norma acabam gerando gastos mais elevados mês a mês, sendo uma escolha ruim em todos os sentidos”, completa o executivo da SIL.
Gustavo Verrone Ruas, da IFC/COBRECOM, confirma que ainda existem no mercado fios e cabos elétricos irregulares, que são fabricados sem respeitar as normas técnicas e que possuem menos cobre que o recomendado. Conforme observa o executivo, a utilização de fios e cabos elétricos irregulares produz uma série de riscos para qualquer construção. Esses produtos, prossegue ele, aumentam o consumo de energia elétrica e podem causar sobrecargas e curtos-circuitos na instalação elétrica que podem gerar incêndios e a consequente perda do patrimônio e também colocar em risco a vida humana. “A economia conseguida em um primeiro momento irá gerar gastos com a reforma de toda a instalação elétrica, o que no final das contas custará muito mais dinheiro”, alerta.
Ações recomendadas
Diante de toda essa problemática, quanto às precauções que cabem aos distribuidores e revendedores que comercializam fios e cabos, Pedro Morelli diz que os cuidados começam quando se vende um produto de marca reconhecida, pois, como contraponto, existem muitos artigos ruins no mercado.
Quando se tratam dos cuidados que o consumidor final precisa ter, ao adquirir fios e cabos, o assunto é ainda mais delicado. O mundo ideal seria que o consumidor final tivesse um bom conhecimento sobre os diferentes usos e aplicações dos fios e cabos, para assim poder adquirir o produto mais adequado às suas necessidades.
Ao adquirir fios e cabos seria conveniente saber qual família de produto é a mais indicada e qual a seção nominal necessária, além de estar ciente de que existem condutores em cores padronizadas para o neutro e terra da instalação. Outro cuidado básico é verificar se a marca comprada é de fato a que foi entregue.
Para ajudar nesse processo de orientação do consumidor, Pedro destaca a importância da capacitação da equipe de vendas do lojista, de forma que a indicação de qual tipo de produto é ideal para cada situação seja feita com precisão. Por fim o executivo da SIL destaca que a empresa acredita e investe muito na difusão do conhecimento técnico como um vetor para o desenvolvimento do setor.
De acordo com Gustavo Verrone Ruas, da IFC/COBRECOM, os revendedores, distribuidores, lojistas, consumidores finais, eletricistas, engenheiros, entre outros, devem se preocupar em adquirir apenas fios e cabos elétricos de fabricantes reconhecidos e consolidados no mercado.
Ele diz que um dos principais diferenciais da IFC/COBRECOM é a responsabilidade em fabricar e fornecer fios e cabos elétricos com qualidade garantida e aprovada. “Nosso objetivo é proporcionar aos nossos consumidores produtos com grande qualidade, durabilidade e que possuem muita segurança e confiabilidade para qualquer tipo de projeto, sejam prédios comerciais ou residenciais, casas, indústrias e grandes obras, como estádios, shopping centers, entre outros”, garante.
Gustavo destaca que a empresa reúne estrutura e conhecimento e adota as melhores práticas para oferecer produtos de altíssima qualidade e que atendam aos padrões nacionais e internacionais de qualidade e segurança. “Além disso, a IFC/COBRECOM é especializada na fabricação de fios e cabos elétricos de baixa tensão, sendo que todas as linhas são produzidas de acordo com as normas técnicas da ABNT específicas para cada linha”, conclui.