Mobilidade elétrica no Brasil

A indústria automobilística convencional, ou seja, com motores a combustão, vem, aos poucos, dedicando mais tempo e investimentos ao desenvolvimento de veículos eletrificados (VE’s). Esse movimento, em parte, se dá em resposta à crescente procura pelos elétricos, mas também por conta de algumas restrições. A União Europeia (UE), por exemplo, havia colocado um prazo limite (2035) para a produção de motores que usam combustíveis fósseis. Entretanto, alguns países da UE já divergem sobre o prazo, como Portugal, Bulgária, Itália, Romênia e Eslováquia. A ideia desse grupo é reduzir as emissões de gases em 90% até 2035 e alcançar os 100% até 2040.

Para Junior Miranda, CEO da GreenV, mobilitytech que desenvolve tecnologias inteligentes em mobilidade elétrica, enquanto os carros convencionais patinam nas vendas, os carros 100% elétricos e híbridos continuam ganhando mercado. “Nos cinco primeiros meses do ano, foram vendidos cerca de 16 mil VE’s, segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). Pode até parecer pouco, frente aos motores a combustão, mas hoje, o consumidor brasileiro já dispõe de 70 modelos à venda, entre 100% elétricos, híbridos e híbridos plug-in. Na última semana de julho, o Brasil superou a marca histórica de 100 mil veículos eletrificados em circulação no país desde o início da série histórica, em 2012. Com o aquecimento no setor no primeiro semestre, a GreenV instalou mais de 250 pontos de recarga e fechou parcerias com a Indigo Brasil, para instalação de mais de 350 pontos de recarga para carros elétricos em espaços com gestão da empresa e com a Volkswagen Caminhões e Ônibus (VWCO,) para atender a clientes do VW e-Delivery, primeiro caminhão elétrico 100% desenvolvido, testado e produzido no país, fornecendo a infraestrutura para instalação de carregadores”, afirma o executivo.

Os dados da ABVE ratificam o crescimento do setor. Até 26 de julho, às vendas de eletrificados em 2022 já somavam 23.033 veículos leves, 31% a mais do que os 17.524 dos sete primeiros meses de 2021. Somente no dia 26, por exemplo, houve 20 emplacamentos de veículos 100% elétricos, como Tan (BYD), XC40 (Volvo), E-Tron (Audi) e Fiat 500e (Stellantis), entre outros.

“No Brasil e nos Estados Unidos, por exemplo, a participação dos VE’s nas vendas gerais do mercado automobilístico ainda deve crescer nos próximos anos. Em 2021, os VE’s tiveram uma participação de 4,5% nas vendas totais dos americanos. Na Europa, esse percentual já é bem mais elevado, vide a Alemanha, onde os modelos eletrificados já respondem por 26% do mercado”, destaca Miranda.

Como ampliar a rede de recargas?

Com o surgimento dos primeiros carros elétricos no país, as montadoras atrelaram os lançamentos eletrificados aos carregadores gratuitos. Para que essa estratégia funcionasse, foi instalada uma infraestrutura básica, com carregadores, em shoppings, hotéis, hospitais, restaurantes, entre outros. Desde então, as recargas desses veículos elétricos (VE’s) têm sido gratuitas. No entanto, esse benefício deve chegar ao fim e será positivo para todos.

Miranda ressalta que a cobrança pela recarga de elétricos trará benefícios. “Todos ganham. Não só o provedor do ponto de recarga ou eletroposto, mas também o proprietário de VE’s, que terá um serviço de melhor qualidade, mais suporte, maior abrangência territorial e segurança. A partir do momento em que as redes de recarga passam a dar lucro, o reflexo imediato é a expansão desses pontos”.

Mesmo com a normativa 1.000, que contempla a resolução 819 de 2018 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), e estabelece em seu Art. 9, a permissão da cobrança de serviços de recarga por empresas que oferecem carregadores, houve pouco avanço no Brasil.

Mercado preparado

Para atender essa alta na demanda, empresas como a GreenV e outras startups que atuam no setor da mobilidade elétrica, já estão formatando alguns modelos para suprir a necessidade dos consumidores, dentre eles: ofertas como serviço de recarga, aluguel diferenciado da vaga, cobrança pelo tempo utilizado, administração do ponto, dentre outros.

Hoje, já existem aplicativos que facilitam a vida do usuário. A GreenV desenvolveu o seu próprio app, o GVgo. Através dele, os motoristas podem pesquisar carregadores na região desejada. Em breve, também será possível realizar pagamentos e reserva dos pontos de recarga. Tudo isso, na palma da mão. Conforme a frota de veículos elétricos aumente nas ruas do Brasil, será necessário ampliar os pontos de recarga do país, principalmente em nossas rodovias.

O CEO da GreenV destaca dois desafios que limitam a ampliação dos eletropostos. “O primeiro seria uma legislação mais ampla e eficiente sobre as regras de recarga – que ofereça maior segurança jurídica para as empresas que operam no segmento, incluindo a incidência dos impostos. O segundo ponto, poderia ser a redução tributária na compra dos carregadores rápidos e ultrarrápidos, que impede, de certa forma, a ampliação desse serviço”, comenta Miranda.

Como acelerar a mobilidade elétrica no Brasil?

A transição da frota de veículos movidos por motor a combustão para modelos elétricos é uma tendência sem volta. Na opinião do empresário, a elaboração de uma agenda de incentivos ao setor pelo governo federal também tem potencial de transformar o mercado. “Por um lado, os carros elétricos podem representar uma alternativa para reduzir as emissões de carbono no ambiente e contribuir para uma agenda global de contenção do aquecimento do planeta. Isso porque o setor de transportes é responsável por 13% dessas emissões. Os novos players do mercado estão de olho nessa corrida para oferecer produtos e serviços aos consumidores dos elétricos”, enfatiza Miranda.

E finaliza: “O setor de mobilidade elétrica no Brasil ainda dá seus primeiros passos quando comparado a outros países do mundo. Entretanto, é um mercado com potencial de crescimento gigantesco para os próximos anos’, conclui.

One thought on “Mobilidade elétrica no Brasil

  • 16/09/2022 em 11:12
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    Ouso a afirmar que é um movimento sem retorno a expansão do automotivos elétricos. Os obstáculos para sua expansão, a maioria foi apontada no artigo. Mais um que ganha destaque que, permita-me, fora omitida, é ainda absurdo custo das baterias que oscila em orno de 30% e é um grande entrave. Para sua superá-lo há intensas perspectivas sendo desenvolvidas no mundo inteiro, sobretudo as feitas pelos fabricantes desse de automotivo e também nos centros e pesquisas e nas universidades. Com realce aparecem as de íon de lítio, de alumínio e enxofre, a de zinco, e a grande novidade em termos de inovação tecnológica a baterias quânticas que as pesquisas apontam como a possibilidade de recarga em alguns minutos. Outro dado importante é as mudanças nas normas técnicas como protagonista a 5410 que abrange a baixa tensão. Enfim, para o bem da diminuição dos impactos no meio ambiente com a formidável redução de Co2 jogado na atmosfera, como já citei, não haverá retorno no que tange a essa tecnologia do BEM. A mãe natureza e as gerações futuras ficarão sumamente agradecidas.

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