Dicas da COBRECOM para a escolha de cabos elétricos para instalações subterrâneas

Fazer a instalação elétrica subterrânea é uma tarefa bastante comum atualmente. Entre as suas vantagens está o fato de os componentes ganharem maior proteção contra quedas de árvores e fenômenos meteorológicos, como fortes chuvas, ventos e raios.

Além disso, os condutores elétricos ao serem instalados embaixo do solo contam com maior vida útil e ainda há a questão estética, pois é possível diminuir a poluição visual.

Porém, para que a instalação elétrica subterrânea funcione corretamente e com segurança, é fundamental planejar impecavelmente toda a instalação e escolher de maneira adequada os fios e cabos que serão utilizados.

O professor e engenheiro eletricista Hilton Moreno, que também é consultor técnico da COBRECOM, que fabrica condutores elétricos de baixa tensão, explica que pela natureza da instalação, os cabos que serão especificados, devem ser resistentes aos esforços mecânicos, como impactos, perfurações e esmagamentos. Também devem ter boa resistência a água e agentes químicos em geral.

“A utilização de condutores isolados sem cobertura diretamente enterrados no solo, a falta de identificação da localização dos cabos enterrados e algumas pessoas que tiram a isolação de cabos rígidos para instalar como se fossem cabos de cobre Nu TMD são alguns dos principais erros cometidos quando o assunto é instalação elétrica subterrânea”, alerta Paulo Sandrini Pozetti, que é instrutor técnico da COBRECOM.

De acordo com Hilton Moreno, o uso de condutores dotados apenas de isolação, conhecidos como cabos 450/750 V, somente é admitido em uma situação muito específica, quando em eletroduto enterrado se, no trecho enterrado, não houver nenhuma caixa de passagem e/ou derivação enterrada e for garantida a estanqueidade do eletroduto.

Outros erros comuns são: enterrar os cabos em profundidades menores do que as permitidas e a existência de agentes químicos agressivos no solo, que podem danificar severamente os condutores.

Para a escolha correta dos fios e cabos elétricos para instalações subterrâneas, Hilton Moreno e Paulo Sandrini Pozetti fornecem dicas fundamentais que estão a seguir.

1- As linhas elétricas subterrâneas devem utilizar cabos unipolares ou multipolares, ou seja, aqueles que têm condutor metálico, isolação e cobertura. Em baixa tensão, são os cabos mais conhecidos como 0,6/1 kV e possuem isolação em PVC, HEPR ou XLPE.

2- Em instalações elétricas subterrâneas podem ser especificados tanto o fio sólido como também o cabo flexível.

“A escolha por condutor sólido ou flexível é independente da instalação ser subterrânea ou não. Trata-se de uma decisão do projetista ou instalador, que tem por base a facilidade de manuseio em obra. As propriedades elétricas dos dois tipos de condutores são iguais”, revela o consultor técnico da COBRECOM.

3- Em alguns casos, os condutores podem ser aplicados diretamente no solo. A norma ABNT NBR 5410 (Instalações elétricas de baixa tensão) permite a instalação de cabos diretamente enterrados, desde que sejam dotados de proteção mecânica.

“Essa proteção pode ser intrínseca ao cabo com o uso de armações metálicas compostas por fios ou fitas. Em alternativa ao uso de cabos armados, a norma permite que seja colocada uma proteção mecânica externa sobre o cabo, como uma placa de concreto ou metálica, por exemplo”, esclarece Hilton Moreno.

4- Segundo Paulo Sandrini Pozetti, em instalações elétricas subterrâneas podem ser utilizados tanto os fios e cabos elétricos de cobre, como também os de alumínio, desde que sejam seguidas as recomendações das normas regulamentadoras.

“A norma ABNT NBR 5410 permite a instalação de cabos em linhas subterrâneas com condutor de cobre ou alumínio. Não há nenhuma restrição ao emprego de condutores de cobre, porém os condutores de alumínio são proibidos em instalações residenciais e em locais de afluência de público, como shopping centers, hotéis, escolas, hospitais, aeroportos, entre outros. Além disso, em locais comerciais, a seção mínima do condutor de alumínio deve ser de 50 mm2 e industriais é de16 mm²”, completa Moreno.

De acordo com ele, como explicado na própria norma, as restrições ao uso do alumínio não se referem ao condutor em si, mas às conexões realizadas com esse tipo de metal, que devem ser feitas por pessoal treinado, que utilize conectores e ferramentas especiais.

5- A norma ABNT NBR 5410 – Instalações elétricas de baixa tensão é a que deve ser aplicada nas linhas elétricas subterrâneas do consumidor.

6- Existem duas formas genéricas para instalação de linhas subterrâneas: com cabos diretamente enterrados ou com cabos instalados no interior de dutos (eletrodutos ou canaletas) enterrados.

“Nos dois casos, é necessária a abertura de uma valeta no solo e a colocação dos cabos ou dos dutos. No caso dos cabos diretamente enterrados, caso não possuam armação, é necessária a instalação de uma proteção mecânica. Já as linhas elétricas enterradas devem ser sinalizadas, ao longo de toda a sua extensão, por um elemento de advertência (por exemplo, fita colorida) não sujeito a deterioração, situado, no mínimo, a 0,10 m acima da linha”, explica Moreno.

Além disso, os condutores elétricos ou dutos devem estar perfeitamente alinhados e apoiados e o solo devidamente compactado.

7- Os cabos também devem ser protegidos contra as deteriorações causadas por movimentação de terra, contato com corpos rígidos, choque de ferramentas em caso de escavações, bem como contra umidade e ações químicas causadas pelos elementos do solo.

8- As regras para o dimensionamento de uma linha elétrica subterrânea são as mesmas das outras maneiras de instalar e estão contidas na NBR 5410, como: dimensionamento por seção mínima, capacidade de corrente, queda de tensão, sobrecarga e curto-circuito.

9- Conforme a NBR 5410, como prevenção contra os efeitos de movimentação de terra, os cabos devem ser instalados, em terreno normal, pelo menos a 0,70 m da superfície do solo.

Essa profundidade deve ser aumentada para 1 m na travessia de vias acessíveis a veículos, incluindo uma faixa adicional de 0,50 m de largura de um lado e de outro dessas vias.

Além disso, essas profundidades podem ser reduzidas em terreno rochoso ou quando os cabos estiverem protegidos, por exemplo, por eletrodutos que suportem sem danos as influências externas presentes.

“Também deve ser observado um afastamento mínimo de 0,20 m entre duas linhas elétricas enterradas que venham a se cruzar ou entre uma linha elétrica enterrada e qualquer linha não elétrica cujo percurso se avizinhe ou cruze com o da linha elétrica. Esse afastamento, medido entre os pontos mais próximos das duas linhas, pode ser reduzido se as linhas elétricas e as não elétricas forem separadas por meios que proporcionem uma segurança equivalente”, ressalta Paulo Sandrini Pozetti.

10- Com relação à proximidade das linhas elétricas subterrâneas com árvores ou grandes estruturas, Hilton Moreno explica que não há na NBR 5410 nenhuma advertência específica sobre estes casos, porém a norma menciona que os cabos subterrâneos devem ser protegidos contra o contato com corpos rígidos, o que inclui raízes de árvores e estruturas enterradas.

“As raízes merecem particular atenção, porque elas podem não só afetar os cabos no começo da instalação, como também danificam toda a instalação com o passar do tempo devido ao seu crescimento”, completa o consultor técnico da COBRECOM.

11- Com relação aos eletrodutos que podem ser especificados em instalações subterrâneas, o mais comum utilizado em linhas enterradas é o do tipo corrugado fabricado em polietileno de alta densidade, conforme NBR 15715.

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