A luz embeleza e empodera as cidades

O avanço tecnológico e a evolução do design de postes e luminárias favorecem projetos de iluminação pública que, além de iluminar, deixam as cidades mais bonitas, seguras e agradáveis.

Foto: Shutterstock

A Iluminação Pública (IP) vem se adaptando à realidade encontrada atualmente. Antes era vista apenas como iluminação funcional ou um mero meio de aclaramento de vias. Hoje em dia, um projeto de IP implica um conceito bem mais amplo, pois diz respeito à segurança, ao bem-estar do cidadão, à eficiência e otimização da manutenção, além, é claro, do embelezamento das cidades durante o período noturno.

“A luz, dentro do contexto estético de embelezamento das cidades, é notada como um fenômeno visual, uma ferramenta utilizada para sensibilizar a atmosfera dos lugares. É a iluminação o elemento que unifica ou diferencia os espaços noturnos, cria foco e hierarquia, proporciona movimento, padrão e ritmo na cidade”, explica Lanna Caram, gerente de Especificação da Signify, nova denominação da empresa Philips Lighting. “Provocar todos esses efeitos pode ser tão rápido quanto atenuá-los, afinal, plataformas de gestão remota de sistemas de iluminação pública já estão disponíveis e atendem com eficiência à demanda”.

O convite à reflexão sobre a função que a luz exerce na identificação e valorização dos ambientes urbanos é uma iniciativa constante e muito atual. Toda cidade tem sua vocação e particularidades; conhecer sua identidade, sua estrutura e seu significado é saber planejar, de forma valorizada, a sua imagem e estimular o desenvolvimento econômico e social em áreas que antes nunca foram pensadas e/ou cogitadas.

Levando em conta o desenvolvimento e a forma como é projetada e aplicada a Iluminação Pública, as cidades podem sugerir diferentes sensações visuais e hierarquias, que são percebidas pelos usuários e frequentadores de um determinado ambiente urbano.

“Tenho participado de projetos executivos e processos de Parcerias Público-Privadas (PPPs) que consideram os sistemas de iluminação, além do viário, percebendo, assim, a conscientização do mercado para a importância da valorização da paisagem urbana através da luz. No entanto, este potencial ainda é pouco explorado pelas cidades, pois os sistemas viários consomem grande parte dos recursos e investimentos, uma vez que, em boa parte do País, ainda permanecem antigos e desatualizados”, declara Plinio Godoy, proprietário do escritório CityLights Urban Solutions.

Foto: Divulgação Philips

De acordo com Lanna Caram, a IP no Brasil ainda não é tratada com tanta sofisticação. As cidades têm se preocupado, essencialmente, com a eficientização energética – redução de consumo com ganhos de manutenção. “E isso acaba mascarando um conjunto de benefícios que a adoção de produtos LED de alta qualidade, por exemplo, pode trazer sob a perspectiva do embelezamento, que também traz eficiência, além, é claro, da adoção de tecnologias de Cidades Inteligentes (Smart Cities), até então bastante discutida em fóruns nacionais, mas pouquíssimo aplicadas em casos reais”.

Já para Godoy, a percepção de que a luz pode e é uma ferramenta de desenvolvimento social é a base fundamental do crescimento dos projetos. “A preocupação existe, a intenção existe, os recursos, porém, são escassos, e permitem pouca participação efetiva nos investimentos. Mesmo assim, acredito que temos uma perspectiva positiva para os próximos anos com a implementação dos processos de PPPs”.

 

Contexto e Tendências

Sem dúvida, a IP contribui, e muito, para o embelezamento das cidades, segundo a avaliação dos especialistas ou lighting designers. No período diurno, o design da luminária aliado ao desenho dos postes e braços podem agregar beleza ao conjunto visual da cidade e à perspectiva do skyline do usuário que caminha, dirige ou pedala pelas vias. Além disso, uma instalação limpa, com cabeamento subterrâneo, traz ainda mais beleza ao conjunto urbano.

À noite, o valor da iluminação percebido é muito maior e um projeto com boa qualidade da temperatura de luz, com excelente controle óptico e de ofuscamento, além do trabalho para reduzir a poluição luminosa, traz grande embelezamento ao ambiente urbano, favorecendo a percepção de segurança e o bem-estar geral do usuário.

“Desenvolvemos projetos que consideram as resultantes da interação da luz com a cenografia urbana, tanto no período diurno, quando os elementos técnicos utilizados interferem na paisagem, quanto no período noturno, quando esta presença se potencializa pela menor concorrência dos elementos urbanos pouco iluminados e a cidade desaparece quando a luz natural se finda”, complementa Plinio Godoy.

São quatro os pilares de desenvolvimento dos projetos em iluminação urbana: a luz social, a valorização da paisagem noturna, a economia de energia e a segurança pessoal e patrimonial. A luz social, por sua vez, baseia-se no entendimento dos usos e costumes da população da cidade, identificando a hierarquia de investimentos voltados para as pessoas, para o uso da cidade e para o desenvolvimento das relações sociais.

Segundo alguns estudos, até 2020, a população mundial vivendo em grandes centros urbanos chegará a 60%, o que mostra uma grande necessidade de aprimoramento das áreas de uso público, com melhorias profundas na infraestrutura e equipamentos urbanos, que transformem a cidade em um ambiente convidativo e inspirador para seus habitantes, a ponto de gerar orgulho e criar uma identidade única que seja capaz de alavancar a economia e o turismo em pontos estratégicos da malha urbana.

Foto: Divulgação Philips

Esse processo de urbanização sem precedentes tem incentivado as municipalidades a investirem em projetos de embelezamento urbano, onde a iluminação é protagonista e assume o papel de criar experiências visuais inesquecíveis, transformando monumentos, estruturas viárias, fachadas e áreas de praças e parques em verdadeiros marcos urbanos, que trazem identidade e unicidade para aquela localidade.

“A paisagem noturna bem elaborada se enriquece e transforma o cenário urbano em um ambiente mais atraente, convidando habitantes e visitantes a saírem durante a noite. O projeto de embelezamento traz junto o apelo de sustentabilidade e conectividade, através da implantação de sistemas LED com controles dinâmicos e gestão remota, que permitem a economia de até 70% no consumo de energia”, sublinha a executiva da Signify.

Em resumo, a adoção de sistemas de Iluminação Pública corretos e com um bom desenvolvimento do projeto luminotécnico ajuda a criar uma identidade única para a cidade, a despertar o orgulho do usuário e a atrair turistas, ou seja, é capaz de desenvolver econômica e socialmente uma região, que recebeu atenção especial por meio do uso de produtos LED e controles para gestão e programação remota de cada ponto de luz. Por isso, a luz pode, de fato, embelezar e empoderar as cidades.

 

Tecnologias

Hoje, a tecnologia LED é o carro-chefe no setor de iluminação urbana, trazendo novas possibilidades e permitindo uma integração fantástica com o mundo digital. Os custos podem ser comparados entre ‘o antes’ e o ‘depois’ do projeto, mas para os sistemas viários, essa opção é cada vez mais vantajosa, com um tempo de retorno de investimento menor. Para os demais sistemas, as possibilidades tecnológicas devem ser analisadas como formas de valorização urbana, muitas vezes, com retornos intangíveis, além da economia de energia.

“Para o embelezamento das vias públicas, devemos considerar o design e a estética do sistema, eliminando a fiação externa, que em si é um grande problema de qualidade técnica e visual”, aponta Plinio Godoy, que completa: “Eu indico a utilização de elementos balizadores, como forma de marcação urbana através da luz, projetores de imagens e texturas, além do uso das calçadas, como bases da instalação das soluções”.

Para Lanna Caram, todo e qualquer projeto atual de IP que busque eficiência e embelezamento considera a adoção de produtos 100% LED. “Isso já virou premissa básica para o desenvolvimento de um projeto sustentável e eficiente. A gama de produtos é incalculável e escolher aqueles que agregam eficiência, controle óptico, baixa poluição luminosa (bom cut-off), boa consistência de cor e depreciação adequada, aliado a um bom design de luminária, acaba trazendo custos adicionais para o produto final”.

No caso do embelezamento das cidades, o conjunto todo é importante (postes + luminárias). Os equipamentos estão cada vez menores e leves, formando um conjunto harmonioso com o design do mobiliário urbano. Além disso, plataformas de controle e gestão remota do sistema de iluminação pública ou de monumentos, via Internet das Coisas (IoT), já existem e podem agregar ainda mais eficiência, além de fornecer resposta e detecção imediata de falhas no sistema, em tempo real e a distância.

“Um exemplo de solução tecnológica inovadora é a plataforma Interact City, da Signify (Philips Lighting), que permite a gestão da iluminação através de um centro operacional simples, conectado à Internet, permitindo a mudança de cenários simultaneamente através de programação centralizada. Algo impensável sem o mundo digital atual”, cita Plinio Godoy. Os painéis e aplicativos do software Interact permitem o planejamento, gestão e monitoramento, comissionamento e dimerização de cada ponto de luz na rede, além da programação de shows de luzes específicos em monumentos ou pontos de destaque na cidade que tenham produtos RGB instalados.

Incorporar um sistema de iluminação conectado à nuvem controlado pelo software Interact permite também que o gerenciamento remoto do sistema de iluminação LED, seja IP ou arquitetural, inclua diagnósticos, relatórios de desempenho em tempo real, análise de dados e controles, reduzindo o tempo de inatividade e os custos de manutenção.

A relação custo-benefício vai depender muito das metas de redução/eficientização e da necessidade ou não de se atingir um retorno do investimento determinado. Esses são os quesitos que direcionarão a tomada de decisão para um projeto de iluminação pública de baixo custo ou um projeto mais sofisticado.

Foto: Divulgação Light+Building

Tecnologias antigas e convencionais, que não permitem agregar nenhuma inteligência ao sistema, devem ser totalmente descartadas, juntamente com os produtos de curta vida útil e altos níveis de poluição luminosa por conta da falta de controle óptico e baixo IRC. “Logo, fazer retrofit sem um estudo luminotécnico para adequação dos pontos existentes para LED pode trazer mais prejuízos do que benefícios, além da aplicação, muitas vezes, de luminárias com maior potência do que o necessário”, adverte a gerente da Signify. Portanto, pontos focais e edifícios de valor arquitetônico ou cultural, grandes vias de acesso e/ou de alto tráfego, monumentos e praças importantes… todos esses pontos merecem ser considerados na hora de apostar em um projeto de iluminação mais requintado ou de embelezamento.

Godoy afirma que ainda há muitos equipamentos disponíveis, vindos de várias partes do mundo, que não apresentam preocupação estética e com a qualidade e espectro da luz produzidos, além de gerar componentes azuis que são perigosos para a visão. Segundo ele, alguns sistemas de IP mal equipados podem ainda causar ofuscamentos terríveis e intermitências por problemas de drivers e instalação.

“Mais uma vez, a base de tudo chama-se ‘projeto luminotécnico’, que não se resume a um cálculo realizado em software específico e gratuito, mas consiste de um estudo completo com análise do problema, desenvolvimento de soluções luminotécnicas, estéticas, urbanísticas e sistêmicas. Este sim é, em resumo, o caminho para boas soluções”, finaliza o especialista.

Reportagem: Clarice Bombana

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