Veículos eletrificados têm melhor quadrimestre da história

O mercado de veículos eletrificados no Brasil teve o melhor quadrimestre da série histórica da ABVE (iniciada em 2012) com 7.290 veículos novos emplacados de janeiro a abril de 2021. O aumento foi de 29,4% sobre o primeiro quadrimestre de 2020 (5.633 unidades).

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Os números reforçam a previsão da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) de que o mercado nacional deve ultrapassar a marca de 28 mil eletrificados só em 2021.

Confirmada essa previsão, ela representará crescimento em torno de 42% sobre os 19.745 emplacamentos de 2020 – que já tinha sido o melhor ano da eletromobilidade no Brasil, com aumento de 66% sobre as vendas de 2019.

Os veículos eletrificados incluem automóveis e comerciais leves híbridos (HEV), híbridos plug-in (PHEV) e elétricos a bateria (BEV). Não incluem ônibus, caminhões e veículos levíssimos elétricos.

Recorde em abril

Abril de 2021 foi também o melhor mês da história da eletromobilidade no país, com 2.708 veículos emplacados. O mês bateu ainda novo recorde de participação dos eletrificados nas vendas totais de autos e comerciais leves para o mercado interno, com 1,6% de market share. De janeiro de 2012 a abril de 2021, a frota elétrica em circulação no Brasil chegou a 49.559 veículos.

O primeiro quadrimestre de 2021 confirma a liderança dos elétricos híbridos no mercado de eletromobilidade e, entre esses, dos veículos fabricados no Brasil.

Por tecnologia de motorização elétrica, os 7.290 veículos emplacados de janeiro a abril estão assim distribuídos:

  • Híbridos (HEV): 3.869 veículos – 53% do total;
  • Híbridos plug-in (PHEV): 2.993 – 41%;
  • Elétricos 100% a bateria (BEV): 428 – 6%.

Muito a fazer

Segundo o presidente da ABVE, Adalberto Maluf, os números mostram que o mercado de eletrificados segue em crescimento no Brasil, porém num ritmo ainda inferior ao dos demais mercados. “Ainda há muito a fazer”.

“Em 2020, os elétricos e híbridos chegaram pela primeira vez a 1% das vendas totais no Brasil e em abril de 2021 atingiram 1,6%, mas seguimos distantes dos principais mercados globais”.

Segundo o último relatório Global EV Outlook 2021, da Agência Internacional de Energia (IEA), as vendas mundiais de veículos elétricos em 2020 (autos e comerciais leves) alcançaram 4,6% das vendas totais.

Há hoje 10 milhões de veículos elétricos em circulação no mundo.

Mas os números da IEA referem-se à soma de veículos totalmente elétricos (BEV) e de híbridos plug-in (PHEV), sem incluir os HEV (elétricos não plug-in).

“Se considerarmos somente os veículos totalmente elétricos (BEV), esse segmento participa com apenas 0,2% do mercado brasileiro”, disse o presidente da ABVE.

Segundo Adalberto Maluf, o Brasil ainda tem de avançar em políticas tributárias de apoio à eletromobilidade (a exemplo dos principais mercados globais) e nos incentivos não tributários à mobilidade sustentável.

Entre as ações que a ABVE considera prioritárias, estão:

  1. Acelerar a segunda fase do programa automotivo Rota 2030, de 2018, pondo em prática os incentivos previstos para veículos de maior eficiência energética.
  2. Equiparar as alíquotas de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) dos veículos eletrificados às dos veículos a combustão.
  3. Manter as atuais alíquotas de Imposto de Importação para veículos elétricos e híbridos, levando em conta que o momento ainda é de formação do mercado nacional.
  4. O governo federal adotar um Plano Nacional de Eletromobilidade, com metas claras de conversão das frotas de veículos a combustível fóssil para veículos de baixa emissão, a exemplo das que já existem na Europa, China e Estados Unidos.

Previsibilidade e isonomia

Segundo Thiago Sugahara, vice-presidente de Veículos Leves da ABVE e executivo da Toyota, a indústria brasileira está fazendo a sua parte para apoiar a eletromobilidade.

Dos 7.290 eletrificados vendidos no primeiro quadrimestre de 2021, nada menos do que 3.360, ou 46% do total, foram fabricados pela Toyota em Indaiatuba e Sorocaba (SP), participação que deve alcançar a maioria do mercado nos próximos meses.

Para o diretor da ABVE, duas palavras são fundamentais para o futuro próximo do transporte sustentável no Brasil: previsibilidade e isonomia.

“Previsibilidade nas regras do jogo sobre a eletromobilidade. A ABVE defende a manutenção das atuais alíquotas de Imposto de Importação de elétricos e híbridos. O mercado ainda está em construção, e o poder público não deveria emitir sinais negativos neste momento”.

Outro ponto importante é equiparar as alíquotas de IPI dos veículos a combustão às dos veículos eletrificados.

“Por que quase a metade dos veículos a combustão paga 7% de IPI, enquanto a maioria dos eletrificados paga em média 11%, ou mais, mesmo sendo muito mais eficientes e menos poluentes?”, pergunta Thiago Sugahara. “A ABVE compreende a atual situação fiscal do país e não pede isenção de impostos, mas defende a isonomia tributária, em benefício das tecnologias de transporte de baixa emissão de carbono”.

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